À primeira vista, pode parecer que Arcos de Valdevez não teve um grande papel na história de Portugal, mas a verdade é que esta vila teve um papel fundamental na conquista da independência do país face a Castela. Foi aqui que, em 1140, se deu o torneio de Arcos de Valdevez, disputado entre os portugueses (liderados por Afonso Henriques) e os castelhanos (liderados por Afonso VII de Leão e Castela).
Isto aconteceu numa altura em que Portugal procurava assegurar a sua independência, tendo Afonso Henriques rasgado um tratado de paz que tinha assinado em Tui e invadido a Galiza. Afonso VII não gostou desta desfaçatez e, após retomar as terras galegas, entrou por Portugal adentro com um poderoso exército, descendo rumo a Valdevez. Para evitar um banho de sangue, acordou-se a realização de um torneio, de acordo com as tradições da cavalaria medieval.
Os portugueses acabaram por sair vitoriosos do encontro, tendo dado mais um passo rumo à ambicionada independência. Foi assim que esta vila minhota, que se encontra às portas do Parque Nacional da Peneda-Gerês, se tornou na terra “onde Portugal se fez”. Mas nem só de história se faz esta região, até porque existem muitas razões para visitar Arcos de Valdevez e os seus arredores.
Por exemplo, uma grande atração é a igreja da Lapa, que se encontra no seu centro histórico e que data de meados do século XVIII. O templo tem uma arquitetura simples, mas bastante inovadora, apresentando uma planta centralizada, uma ampla cúpula e um exterior ovalado. O interior é marcado pelos elementos em talha, típicos do estilo rococó.
Caso seja mais aventureiro, não deixe de explorar a Ecovia do Vez, longo percurso de 32 km que segue por entre natureza e as margens do rio Vez. Sugerimos-lhe que comece o percurso na Ponte Medieval de Vilela e siga em direção à aldeia do Sistelo, caminho que tem cerca de 11 km, ricos em cascatas e em paisagens deslumbrantes.
Uma vez chegado a Sistelo, não deixe de conhecer com calma o chamado “Tibete português”, vencedora das “7 Maravilhas de Portugal”, em 2017, na categoria de Aldeia Rural. A sua paisagem, moldada durante séculos pela intervenção humana, é um dos símbolos que melhor caracteriza esta localidade.
Também não pode deixar de conhecer Soajo, localidade caraterística da região, com pavimentos em lajes de granito e arquitetura tradicional. A localidade é conhecida pelos seus inúmeros espigueiros, que se encontram numa enorme laje granítica, e que ainda são usados pela população para a secagem do milho. Não deixe também de visitar o centro histórico de Soajo, onde encontra o Largo de Eiró e o Pelourinho.
Por fim, parta à descoberta do Santuário de Nossa Senhora da Peneda, construído entre os finais do século XVIII e XIX, e que é caraterizado pela sua imponente escadaria.
O escadório das virtudes foi obra de Francisco Luís Barreiro, data de 1854, e tem estátuas que representam a Fé, a Esperança, a Caridade e a Glória. O santuário em si desenvolve-se numa alameda que tem cerca de 300 metros e 20 capelas, que retratam cenas da vida de Cristo.
Arcos de Valdevez é também uma região de excelência para a produção de vinhos verdes, vinhos tintos da casta “vinhão” e vinhos brancos da casta “loureiro”. Portanto, não pode deixar de visitar uma das quintas produtoras da região e de fazer uma prova de vinhos, até porque existem 14 vitivinicultores neste concelho, tendo uma área de produção de 65 hectares.
Para além do vinho, outro ponto de destaque é a gastronomia local, com pratos como a Carne da Cachena com Arroz de Feijão Tarrestre a conquistarem admiradores a cada garfada. Caso seja amante da doçaria, não deixe de provar os “Charutos d’Ovos”, acompanhados com a Laranja de Ermelo, assim como o Bolo de Mel e os “Rebuçados dos Arcos”.
Fazer uma visita a Arcos de Valdevez revela-se uma daquelas experiências que nos fica na memória, pela beleza das paisagens, pelo riquíssimo património da região e pela simpatia das suas gentes. Portanto, não deixe de visitar esta vila, seja numa escapadinha, seja numas férias mais prolongadas.