Sim, leu bem o título: árvores! Portugal é um país rico em património, e nele se inclui o património natural, como as árvores seculares e que sobreviveram aos mais diversos desastres e guerras. Muitas dessas árvores são hoje “árvores de interesse público”, como forma de garantir que são protegidas e bem cuidadas.
Estes espécimes foram plantados há centenas de anos, e assistiram a revoluções, invasões ou aos diversos acontecimentos do dia-a-dia, entre pedidos de namoro, casamentos ou até funerais. Algumas delas tornaram-se famosas nos últimos anos por concorrerem ao título de “árvore europeia do ano”, tendo registado excelentes resultados e até algumas vitórias.
Uma árvore pode ser muito mais do que isso: pode ser também um símbolo, uma guardadora de histórias e até motivo de orgulho nacional. Descubra algumas das árvores mais especiais e fascinantes de Portugal.
1. Sobreira Grande (Arraiolos)
Encontra-se numa propriedade privada em Vale do Pereiro, e destaca-se da paisagem tipicamente alentejana. Tem 250 anos, 12 metros de altura e cerca de 6,06 metros de perímetro de tronco. O que mais impressiona, para além da sua longevidade e porte, é o diâmetro do tronco e a sua surpreendente copa, sendo precisos 4 homens adultos para abraçar o tronco desta árvore, que é muito acarinhada pela comunidade.
Apesar da sua idade, ainda é descortiçada regularmente. O sobreiro é uma espécie nativa portuguesa que vive em média 150 a 200 anos, o que significa que lhe pode ser retirada cortiça cerca de 15 vezes. No entanto, neste caso, já lá vão 26 extrações, que acontecem a cada 9 anos.
2. Plátano do Rossio (Portalegre)
Foi mandado plantar em 1838 pelo médico e botânico José Maria Grande, e é hoje o maior plátano da Península Ibérica. Tem 7 metros de perímetro de tronco e 37 metros de diâmetro de copa, e é uma das mais conhecidas árvores do nosso país. Em 2021, foi vencedor do concurso Árvore Portuguesa do Ano e ficou em quarto lugar no concurso de Árvore Europeia do Ano.
Ao longo dos seus 184 anos de existência, viu a cidade a crescer à sua volta, com os seus ramos a crescerem para os lados e a transformarem-se em troncos horizontais, suportados por ferro graças ao seu peso. O seu porte grande explica-se em parte pelo facto de se encontrar sobre um curso de água, que ajuda a alimentar as suas raízes.
3. Castanheiro de Vales (Vila Pouca de Aguiar)
Esta árvore majestosa encontra-se em Tresminas, em Vila Pouca de Aguiar, e é uma das mais grossas do nosso país, tendo 14 metros de perímetro de tronco, em cujas cavidades se guardam muitas histórias dos tempos em que a árvore era ponto de referência das brincadeiras de muitas crianças, tendo-se tornado memória de diversas gerações de adultos.
Tem 21 metros de altura e pensa-se que o castanheiro tenha mais de mil anos e que foi cultivado pelos romanos, no tempo em que eles aqui exploravam as minas de ouro. Foi a Árvore Portuguesa do Ano 2020 e representou Portugal no concurso Árvore Europeia do Ano, nesse mesmo ano. Apesar de se encontrar numa propriedade privada, encontra sempre o portão aberto para conhecer este castanheiro.
4. Azinheira Secular do Monte Barbeiro (Mértola)
Encontra-se a uns 7 km de Alcaria Ruiva e permanece na ponta de um montado há já cerca de 150 anos. Foi vencedora do concurso Árvore Portuguesa de 2019 e representou Portugal no concurso Árvore Europeia do Ano, tendo ficado em terceiro lugar. Tem uma copa de 23,28 metros de diâmetro e ocupa uma área de cerca de 487 metros quadrados, ajudando os visitantes a tornar mais suportável o calor abrasador do Baixo Alentejo.
Esta árvore encontra-se na Herdade do Monte Barbeiro e pode ser visitada por qualquer um, embora o caminho de terra batida para lá chegar não seja fácil. O melhor é pedir indicações do caminho nas povoações vizinhas, ou diretamente na Junta de Freguesia de Alcaria Ruiva ou na Câmara Municipal de Mértola.
5. Sobreiro Assobiador (Palmela)
Tem mais de 200 anos é reconhecido como o sobreiro mais velho de Portugal, e encontra-se inscrito no Livro de Recordes do Guinness como o maior sobreiro do mundo. Classificado pelo ICNF como “árvore de interesse público” desde 1988, encontra-se na aldeia de Águas de Moura e foi eleita, em 2018, Árvore Europeia do Ano.
Tem cerca de 30 metros de diâmetro de copa e 17 metros de altura, e o seu nome vem do facto de os pássaros pousarem na sua copa e chilrearem imenso. Ficou também conhecido por ser o sobreiro mais produtivo do mundo, tendo sido descortiçado mais de 20 vezes desde 1820, e tendo sido obtida na extração de 1991 1200 quilos, o que resultou em cortiça suficiente para o fabrico de mais de cem mil rolhas.
6. Carvalho negral de Rio de Onor (Bragança)
Este centenário carvalho negral tem 23 metros de altura, diâmetro de copa de 20 metros e 6,05 metros de diâmetro na base, tendo sido classificado como “árvore de interesse público” em 2012. Localiza-se em Rio de Onor e não se sabe ao certo a sua idade, mas pensa-se que tenha cerca de 500 anos. Para aqui chegar, basta seguir uma placa e atravessar o caminho que desce à margem do rio. Siga depois mais uns metros para a direita e é impossível não reconhecer este carvalho, que se destaca no meio do bosque.
Na placa informativa, colocada pelo Parque Natural de Montesinho, encontra mais explicações sobre este “exemplar centenário, de porte notável para a espécie, de fuste grosso e copa ampla, que dá abrigo e sombra ao gado, pastores e a viandantes”.
7. Oliveira do Mouchão (Abrantes)
Encontra-se no lugar de Cascalhos, freguesia de Mouriscas, tem 3350 anos (segundo uma determinação da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro), e é por isso a mais antiga de Portugal e uma das mais antigas do mundo. Apesar da sua idade, continua a produzir azeitonas.
Foi classificada como “árvore de interesse público” em 2007, tem 11 metros de altura e 7,5 metros de perímetro de tronco, que é oco e que tem mais de 3 metros de altura até às primeiras pernadas, tendo servido de abrigo e esconderijo e feito parte das brincadeiras de muitas gerações. Encontra-se a menos de um quilómetro do Tejo, e por isso algumas pessoas aqui se reuniam antes de irem à pesca do mouchão, sendo daí que lhe vem o nome.
8. Carvalho de Calvos (Póvoa de Lanhoso)
Este carvalho-alvarinho tem 23 metros de altura, 40 metros de diâmetro médio de copa 7,4 metros de diâmetro médio do tronco e um perímetro à altura do peito de 10 metros. A idade do Carvalho de Calvos encontra-se calculada em mais de 500 anos, e é “árvore de interesse público” desde 1997, classificação conseguida devido às suas características únicas e singulares. Está estimado que seja o carvalho mais antigo da Península Ibérica, e o segundo mais antigo da Europa.
Em julho de 2005, o Município de Póvoa de Lanhoso criou um Centro de Interpretação do Carvalho de Calvos, que serve como um espaço de apoio à interpretação e descoberta tanto da árvore em si, como de todos os ecossistemas que esta envolve.
9. Metrosídero do Campo de São Francisco (Ponta Delgada)
Encontra-se na belíssima cidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores, tem 125 anos de idade, 18 metros de altura e 8 metros de perímetro do tronco, sendo uma das mais antigas árvores da região. Devido à sua idade avançada e à sua copa densa e pesada, os seus ramos encontram-se amparados por cabos de suporte, ajudando assim a árvore a suportar o peso dos seus ramos e garantindo ao mesmo tempo a sua preservação e conservação.
Durante os anos 60, foi classificada como “árvore de interesse público” pelos Serviços Florestais de Ponta Delgada, para assim garantir a sua defesa e a resguardar de um possível abate.