Sabe quais são as igrejas mais bonitas de Portugal? Não há pequena ou grande terra, aldeia, vila ou cidade que não tenha a sua igreja. E, na maioria dos casos, possuem bem mais do que apenas uma. A maioria delas é de uma beleza simples e austera. Mas outras há que deslumbram pela sua decoração exuberante, seja em painéis de azulejos ou em frescos pintados nas paredes.
As igrejas construídas em Portugal começaram por ser muito simples e modestas. A igreja mais antiga de Portugal é, aliás, um bom exemplo disso. Construída há 1400 em Lamego, demonstra a simplicidade daquela época no que diz respeito à arquitetura religiosa. Mas os tempos foram evoluindo e as igrejas foram ficando cada vez mais sumptuosas e belas.
Hoje, além de locais de culto, são também verdadeiros monumentos, muitas delas visitadas por milhares de pessoas todos os anos. E não precisa de ser religioso para apreciar a sua beleza. Descubra algumas das igrejas mais bonitas de Portugal!
1. Igreja dos Lóios (Évora)
Também conhecida como Igreja de São João Evangelista, é monumento nacional desde 1910. Pertenceu ao convento dos Lóios, construído no século XV sobre o que restava de um castelo medieval. A Igreja foi erguida a mando do primeiro Conde de Olivença, Dom Rodrigo Afonso de Melo, em 1485, estando destinada a ser o panteão da família Melo. Essa intenção é confirmada através dos vários sepulcros que lá se encontram.
Destacamos entre eles o esplendoroso túmulo de Francisco de Melo, na Capela Santíssimo, obra renascentista de Nicolau de Chanterene. Destacamos também as lajes de mármore branco, de uma beleza extraordinária, nelas se podendo ver as figuras dos seus fundadores em baixo-relevo.
2. Igreja Paroquial de Válega (Ovar)
Se há Igreja que impressiona é esta, verdadeira obra-prima da arte da pintura do azulejo. A fachada da Igreja de Válega, virada para Poente, destaca-se particularmente ao pôr do sol, banhada pela luz, e constitui uma visão única graças aos seus azulejos de múltiplas cores.
Até 1150, o patronato da Igreja pertencia a mãos privadas. A partir daí, e até 1288, foi o Mosteiro de São Pedro de Ferreira. Entre 1583 e 1833, foi propriedade do Bispo e da Sé Catedral do Porto. Esta igreja encontra-se na sua localização atual desde meados do século XVIII.
3. Igreja Matriz de Cortegaça (Ovar)
Com o nome completo de Igreja Matriz de Santa Marinha de Cortegaça, está localizada na vila e freguesia de Cortegaça, no concelho de Ovar. As fontes documentais relativas aos séculos X e XI não referem o templo, a sua padroeira ou o seu abade, sendo que a referência documental mais antiga a esta igreja se encontra em testamento de 1163, onde Garcia Gonçalves lega ao Mosteiro de Grijó o seu direito de padroado sobre a Igreja Matriz de Cortegaça.
É neste mesmo período que o Censual da Sé do Porto, que se acredita ser datado de 1174-1185, registo aos tributos a pagar em cereal e em dinheiro por esta igreja. Assim, acredita-se que este templo seja datado pelo menos desde meados do século XII.
4. Igreja de São Domingos (Lisboa)
Esta igreja é um caso perfeito de persistência histórica, tendo sobrevivido a vários desastres. Está situada mesmo ao lado do Rossio, disfarçada na correnteza de fachadas da rua D. Antão de Almada. Para além de se destacar pela sua beleza e imponência, tem a particularidade de ter o interior conservado com as mazelas de um incêndio violento, que sofreu já no século XX.
O interior da Igreja nunca foi restaurado e constitui hoje uma imagem impressionante. Conta-se que a Igreja teve uma vez um padre negro, e é por isso que a comunidade africana local tem sempre escolhido o largo em frente à Igreja para se reunir.
5. Igreja de São Roque (Lisboa)
Esta lendária Igreja situa-se em pleno Bairro Alto, no Largo Trindade Coelho, também chamado Largo da Santa Casa. A Igreja começou a ser construída em 1506, junto a um cemitério onde eram enterrados os que morriam de peste, já fora das muralhas da cidade, e foi dedicada a São Roque, protetor da peste. Aqui que se instituiu a Irmandade de São Roque, com estatutos próprios.
Em 1553, instala-se no local a Companhia de Jesus, que edifica sobre a construção anterior a estrutura que ainda hoje é visível, embora mantendo a capela de São Roque original no interior. Em 1768, a Companhia de Jesus acaba por ser expulsa do território nacional, sendo que a Igreja de São Roque e os seus bens são entregues à Misericórdia de Lisboa, estando estes hoje expostos no museu de Arte Sacra de São Roque, situado mesmo ao lado da Igreja.
6. Igreja de Santa Engrácia (Lisboa)
Esta igreja foi fundada em 1568 por ordem da Infanta Dona Maria, filha de D. Manuel I, embora do templo dessa época nada reste. Em 1663, fez-se um concurso para o projeto de uma nova igreja, que foi ganho pelo Arquiteto João Antunes, sendo esta uma das primeiras obras de teor barroco do país, e contando com uma localização privilegiada e vista desafogada sobre o Tejo.
Várias vicissitudes, das quais se destacam a morte do arquiteto e o terramoto de 1755, levaram a que as obras já só terminassem em meados do século XX, já como Panteão Nacional, função que lhe foi atribuída em 1916. Foi graças à demora no término da Igreja que nasceu a expressão popular que designa qualquer coisa que demora muito tempo a ser feita: “parecem as obras de Santa Engrácia”.
7. Capela do Senhor da Pedra (Gaia)
Quase a chegar a Gaia, na praia de Miramar, mesmo em frente a uma alameda com o mesmo nome, encontra a capela do Senhor da Pedra. Esta capela não está em plena praia, situando-se em pleno oceano sobre os ombros de vários rochedos, que a levantam acima do Atlântico.
Reza a lenda que a capela foi construída por alguém que sobreviveu a uma tragédia no mar alto e que foi salvo por uma onda que o carregou até estes penedos em segurança. Assim, a capela seria o pagamento de uma promessa feita nesses momentos de desespero.
8. Capela dos Ossos (Évora)
Esta bem conhecida capela foi edificada no século XVII por iniciativa de três frades franciscanos, que pretendiam transmitir a mensagem da fragilidade da vida humana aos fiéis. Esta mensagem é bem transmitida aos visitantes logo à entrada, com um aviso onde se lê “Nós ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos”, mostrando o macabro gosto do homem barroco pela morte.
Todas as paredes da capela e os 8 pilares que a constituem estão revestidas com ossos e crânios humanos, dispostos cuidadosamente e ligados por cimento pardo. A capela foi construída no local onde inicialmente se situava o dormitório e sala de reflexão dos frades.
9. Capela de São Miguel (Coimbra)
A capela da Universidade de Coimbra remonta ao século XVI, tendo sido provavelmente construída sobre uma antiga capela do século XII de estilo Manuelino. O edifício que hoje podemos ver é resultado de trabalhos dirigidos por Marcos Pires e terminados por Diogo de Castilho. A capela passou por pequenas reformas nos séculos XVII e XVIII, quando a universidade adquiriu o Palácio e também a capela, sendo que esta manteve o privilégio real.
O revestimento em azulejo data de 1613, e a pintura do teto foi feita pelo lisboeta Francisco de Araújo em finais do século XVII. Mais tarde, o escudo real foi modernizado e renovado. O púlpito da capela foi usado pelo Padre António Vieira em 1663, para proferir o sermão dedicado a Santa Catarina, cujo altar data já do século XVIII.
10. Igreja de Santo Ildefonso (Porto)
Está situada na Praça da Batalha, no centro da cidade do Porto, e foi reconstruída a partir de 1730, por se encontrar em ruínas a antiga Igreja. As obras ficaram concluídas em 1739, sendo o templo dedicado a Santo Ildefonso Toledo.
A fachada é composta por duas torres sineiras rematadas por esferas e frontões de fantasia, erguendo-se por cima o nicho de Santo Ildefonso. Nas paredes, pode apreciar os azulejos de Jorge Colaço, que retratam cenas da vida de Santo Ildefonso e alegorias da Eucaristia.
A nave é poligonal ao estilo protobarroco, com teto em madeira e estuques ornamentais repetidos. Os altares laterais são obras já neoclássicas, com colaterais de talha rococó. O retábulo de talha barroca e rococó da segunda metade do séc. XVIII. No coro alto, encontra um impressionante órgão de tubos, datado de 1811.
11. Igreja de São Martinho de Soalhães (Marco de Canaveses)
Esta igreja está classificada como Monumento Nacional desde 1977 e integra a Rota do Românico, embora sejam poucos os vestígios românicos deixados à vista pela profunda intervenção que esta igreja sofreu no século XVIII. O seu portal principal, datado do século XIV, mostra uma organização proto gótica, confirmada pela ausência de tímpano e pelo seu cariz naturalista.
O óculo do portal recebeu um arranjo durante a intervenção setecentista, mas o mesmo não aconteceu no interior. Dentro da Igreja de São Martinho de Soalhães, coabita um túmulo do século XIII ou XIV, abrigado por um arcossólio na capela-mor, do lado direito, com a profusão de cores e materiais que testemunham um investimento algo excêntrico em azulejos, painéis de madeira e na ornamentação da talha.
12. Capela da Lapa (Vieira do Minho)
O santuário de Nossa Senhora da Lapa está localizado na freguesia de Soutelo, concelho de Vieira do Minho, num local muito agradável, com zonas de sombra e mesas e bancos para aqui passar momentos agradáveis. Para cá chegar, terá que subir a cumeada do monte de Penamourinha, sendo que, por estar situado num local bastante alto, se formam nevoeiros que dificultam a visão do horizonte em tempos de chuva.
Foi no limite poente da cumeada que João Gonçalves e sua mulher Margarida da Silva mandaram edificar, em 1694, a capela da Senhora da Lapa, a partir de afloramentos graníticos do local.
Assim, o pequeno templo é uma cavidade na rocha, encerrado com paredes de cantaria granítica e formando uma fachada de desenho arquitetónico simples, onde se podem distinguir os vãos moldurados das janelas e das portas. Destaque para o pequeno nicho, onde se abriga a pequena imagem de Nossa Senhora, com uma cartela na base onde se gravou a data 1694. Esta é uma das igrejas mais estranhas de Portugal.
13. Igreja do Convento da Madre de Deus (Lisboa)
O convento da Madre de Deus está situado em Xabregas, na zona oriental de Lisboa, e foi mandado construir pela Rainha Dona Leonor em 1509. Hoje, alberga o Museu Nacional do Azulejo. A construção inicial do século XVI foi bastante destruída no terramoto de 1755, sendo que o edifício atual é o resultado de alguns trabalhos de restauro e conservação feitos ao longo dos séculos.
A Igreja alberga um interessante portal Manuelino, onde se podem ver os brasões do Rei D. João II e de D. Leonor. O corpo da Igreja, contudo, data já do século XVIII e está revestido por azulejos barrocos azuis e brancos e decorados com talha dourada. No convento, pode ainda visitar a bonita Capela Árabe, com um teto mudéjar de grande beleza.
14. Igreja de Santa Catarina (Lisboa)
Está situada na Calçada do Combro, em Lisboa, e é também conhecida por Igreja dos Paulistas, sendo assim chamada porque a Ordem Eremita de São Paulo ali se acolheu no século XIX.
A Igreja pertence à freguesia de Santa Catarina e é como se fosse um pequeno país, com uma área montanhosa dentro do núcleo do Bairro Alto, que se vai espraiando em declive para sul, em direção ao Tejo, e para poente, na direção de São Bento. É nesta zona da cidade que se situa a maior densidade de edifícios apalaçadas, com grande porte e de grande beleza arquitetónica.
15. Basílica da Estrela (Lisboa)
Está situado em frente ao Jardim da Estrela e é composta por uma igreja e um antigo convento de freiras carmelitas. É facilmente identificável pela sua grande cúpula branca, sendo uma versão simplificada do Convento de Mafra, em estilo neoclássico e barroco. A fachada está ladeada por duas torres gémeas, decoradas com estátuas de santos e alegorias. Foi construída em resultado de um voto da Rainha D. Maria I, que no dia do seu casamento com D. Pedro, fez a promessa de erguer um convento se tivesse um filho.
Foi mãe de um rapaz em 1761, mas, como o terramoto de 1755 deu prioridade à reconstrução de Lisboa, o cumprimento da promessa acabou por ficar adiado. Assim, as obras da basílica só começaram em 1779, sob a direção do Arquiteto Mateus Vicente de Oliveira, mais tarde substituído por Reinaldo Manuel dos Santos.
16. Igreja de São Paulo (Lisboa)
Esta bonita igreja está situada no largo de São Paulo, próximo do concorrido Cais do Sodré. O atual templo foi reconstruído por cima da anterior igreja, que ficou muito destruída com o terramoto de 1755. As obras de reconstrução foram iniciadas em 1768, consoante o projeto de Remígio Francisco de Abreu, invertido relativamente à orientação da Igreja antiga e que seguiu o traçado típico do Convento de Mafra.
Esta igreja apresenta duas torres sineiras quadrangulares, capela-mor retangular e oito capelas laterais. As pinturas do seu interior estão atribuídas a João Grossi e a Pedro Alexandrino de Carvalho, e as do teto da nave a Jerónimo de Andrade.