Pode parecer difícil imaginar, mas algumas cidades europeias têm milhares de anos de idade. Apesar disso, existem algumas dificuldades em ordená-las pela sua idade, por diversos fatores. Primeiro, importa definir o que é uma cidade, até porque muitas destas localidades começaram como um simples povoado ancestral.
Será que já se podem considerar esses primeiros anos, ou só se pode contar como cidade a partir do momento em que existe uma maior organização? Esta mesma questão dificulta a tarefa de decidir qual é a cidade mais antiga de Portugal, porque se, por um lado, sabemos que Braga foi o local onde se estabeleceram os primeiros povoados no nosso país, por outro, Lisboa foi o primeiro local com alguma organização, estruturas e comércio.
E, curiosamente, se atendermos à data oficial de declaração, a cidade mais antiga é Évora, que foi declarada cidade pelos romanos antes de Braga e Lisboa. Mesmo assim, propusemo-nos à tarefa de lhe mostrar quais são as 16 cidades mais antigas da Europa, algumas delas com mais de 6 mil anos de história e ainda continuam habitadas.
16. Yerevan, Arménia
Foi fundada pouco antes de Roma, em 782 a.C., e foi um importante ponto mercantil entre a Ásia e a Europa, com a cidade a ganhar importância graças à sua localização estratégica no meio das rotas de caravanas entre a Europa e a Índia.
Ao longo do tempo, foi tomada por Assírios, Romanos, Bizantinos, Persas, Árabes, Seljúcidas, Mongóis e Turcos. O fim da União Soviética, em 1991, abriu as portas desta antiga cidade ao turismo. A sua atual designação perdura desde pelo menos o século VII, altura em que era capital da Arménia sob domínio persa.
15. Zadar, Croácia
A cidade foi fundada por Liburnianos em 900 a.C., tendo mais tarde sido ocupada por Romanos (cuja herança ainda permanece) e Bizantinos. Nos séculos XVII e XVII, foi alvo de disputas entre Venezianos, Turcos e Franceses, tendo mais tarde sido palco de conflitos armados durante a guerra pela independência, na década de 90.
Zadar foi muito atingida pelos bombardeios aéreos na Segunda Guerra Mundial e, após o Tratado de Paris, em fevereiro de 1947, foi anexada à Jugoslávia. Até 1947, era a língua e cultura italiana que predominavam na região, mas hoje, esta presença apenas se limita à gastronomia e a uma pequena comunidade italófona.
14. Mtskheta, Geórgia
Encontra-se a norte da capital e foi fundada há 3 mil anos, sendo o berço do Cristianismo no país. Foi considerada “Cidade Sagrada” pela Igreja Ortodoxa Georgiana em 2014 e é Património Mundial da UNESCO desde 1994. Existem na cidade vestígios de vilarejos datados anteriormente ao século X a.C., e foi capital do antigo Reino da Ibéria, no tempo dos romanos.
Foi dos primeiros locais a converter-se ao Cristianismo. O rei Dachi I Ujarmeli, em inícios do século VI, transferiu a capital para Tbilisi, já que esta tinha melhor defesa. Mesmo assim, Mtskheta manteve a sua importância, servindo para a coroação dos reis da Geórgia até ao século XIX.
13. Mitilene, Grécia
Esta antiga cidade é atualmente capital da ilha de Lesbos. Homero escreveu sobre a cidade, referindo-se aos ataques dos Aqueus durante a Guerra de Tróia, entre 1300 e 1200 a.C. Aqui viveu e ensinou Aristóteles. A ilha mudou de mãos várias vezes ao longo dos anos, mas, em 1916, a cidade e a ilha reuniram-se ao Reino Independente da Grécia.
No entanto, em 1941, a ilha foi ocupada por infantaria alemã. Hoje, esta cidade, situada na ponta sul da ilha, perto da costa turca, é muito visitada, tanto pelos edifícios neoclássicos, como a Câmara Municipal, pelo seu porto, pelos seus museus e mosteiros e pela gastronomia, com destaque para a sardinha.
12. Cádis, Espanha
Foi fundada em aproximadamente 1.100 a.C. pelos fenícios de Tiro, do Líbano, que a chamaram de Gadir. Estes usaram a cidade como base para negociar âmbar, e, mais tarde, os romanos conquistaram-na e ali mantiveram um porto estratégico.
A sua localização privilegiada serviu-lhe para entrar na história, já que foi a partir de Cádiz que Cristóvão Colombo partiu na segunda e quarta viagem rumo ao continente americano. Não pode deixar de conhecer a catedral, o castelo de São Sebastião, as ruínas do teatro romano, e caminhar pelo centro, bem como experimentar as diversas iguarias gastronómicas.
11. Lisboa, Portugal
Os primeiros assentamentos em Lisboa e seus arredores datam de cerca de 2.500 a.C., mas os detalhes sobre estes primeiros habitantes são muitos escassos. Sabemos que os fenícios aqui chegaram por volta de 1.200 a.C., já que parte do seu legado foi encontrado em escavações próximas do Castelo de São Jorge e da catedral.
Um dos factos marcantes da história desta cidade foi o terremoto que aconteceu a 1 de novembro de 1755, que destruiu dois terços da povoação e que matou entre 30.000 e 60.000 pessoas, de uma população total de 180.000. Hoje, Lisboa é uma capital vibrante, com excelente culinária, pontos de interesse, cultura e muita história.
10. Cálcis, Grécia
Os primeiros habitantes chegaram no mínimo no ano de 1300 a.C. Homero referiu-se a Cálcis na sua Ilíada, em que escreveu que, supostamente, no ano 762 a.C. cidade teria no mínimo 2800 anos. Mas os registos académicos mostram que a cidade foi fundada como uma colónia de Atenas antes da guerra de Tróia, que se acredita ter ocorrido entre os séculos XII e XIII a.C.
É a principal povoação da ilha de Eubeia, onde passa o estreito Europis, canal que separa a ilha da Grécia da parte continental do país. Apesar de ter uma importância significativa durante a época romana, não resta nada da cidade velha. Hoje, para os gregos, Cálcis é mais conhecida como balneário de férias, pela sua agricultura, e pela fábrica de cimento.
9. Larnaca, Chipre
Começou a ser habitada no mínimo no ano de 1300 a.C. e fica no que um dia foi a Kition/Citiumm colonizada por fenícios. Foi sempre considerada um ponto importante, graças à sua localização estratégica no Mediterrâneo oriental, e ficou também conhecida por ser o berço de Zeno, fundador da filosofia estóica.
Tem hoje a reputação de ser um destino de férias barato, tendo atrações serenas e tranquilas, como um lago de sal que atrai bandos de flamingos, e a mesquita Hala Sultan Tekke.
8. Kutaisi, Georgia
Os primeiros habitantes chegaram no segundo milénio a.C., e mais tarde esta cidade do oeste da Geórgia foi capital do Reino da Cólquida, uma antiga região do Cáucaso do Sul. A cidade foi também palco de vários conflitos entre os reis georgianos e russos e governantes otomanos, e tornou-se um centro industrial na época em que a Geórgia fazia parte da União Soviética.
O seu museu histórico contém 16 mil artefatos relacionados à história e cultura da Geórgia, mas a cidade é também lar do museu de artes marciais. A catedral Bagrati entrou nas bocas do mundo em 2012, já que foi restaurada contra a vontade da UNESCO, que depois colocou o edifício na sua lista de Património Mundial em Perigo, dizendo que o projeto iria comprometer a integridade e autenticidade do local.
7. Tebas, Grécia
Começou a ser ocupada por volta de 3.000 a.C, e as evidências nos edifícios com fundações escavadas na rocha, nas fossas e nas paredes em tijolo de lama mostram que a cidade foi habitada por cerca de 5000 anos.
Encontra-se na Grécia central e é importante para a mitologia grega, tendo sido supostamente o local de nascimento de Hércules e onde vivia a Esfinge, antes de o enigma ter sido resolvido. É hoje uma cidade comercial e, apesar das suas ruínas atraírem alguns turistas, o número de visitantes é relativamente baixo, já que se encontra próxima de atrações mais famosas de Atenas.
6. Trikala, Grécia
Os primeiros habitantes chegaram por volta de 3000 a.C, com a antiga cidade de Trikka a ser fundada por essa altura. As ruínas encontram-se hoje encobertas por prédios e estruturas mais modernas.
A sua localização próxima ao rio levou à prosperidade, mas também à sua desgraça, tendo caído nas mãos dos Persas em 480 a.C. e depois nas dos Romanos. Uma das mais antigas ruínas da cidade é o Asklepieion, um templo de cura.
5. Patras, Grécia
Algumas escavações mostram que a área que hoje é a cidade de Patras começou a ser habitada no meio do terceiro milénio a.C. Tal como muitas outras cidades gregas, foi ocupada por turcos.
Depois de um terramoto no século VI, um castelo foi construído ao lado do Monte Panachaico. Patras foi também incendiada por albaneses muçulmanos em 1779. A cidade atual, na costa da Grécia ocidental, tem cerca de 200 mil habitantes.
4. Chania, Creta
As escavações da antiga cidade de Kydonia ocorrem na colina de Kastelli, acima do porto de Chania, em Creta, na Grécia. Estas ruínas datam de 2.100 a 1.100 a.C., tendo a antiga cidade sido criada provavelmente por volta dessa altura, embora hajam vestígios de habitações do período neolítico.
Homero diz-nos que a cidade foi das mais importantes da época, tendo muitos objetos e cerâmicas sido desenterradas de vários locais da cidade, estando agora expostos em museus. Pensa-se que Chania foi destruída pelos sarracenos por volta de 828 d.C., e que mais tarde os venezianos teriam reconstruído a cidade, que é hoje considerada uma das mais atraentes de Creta.
3. Plovdiv, Bulgária
Os vestígios de um povoado neolítico sugerem uma história de 6000 anos, numa cidade que foi dominada por trácios, gregos, macedónios e romanos, que construíram diversas estruturas significativas e cujas ruínas hoje são muito visitadas, como o antigo teatro de Philippopolis (antigo nome de Plovdiv), bem como um estádio do século II que foi construído para acomodar 30 mil espetadores. A cidade foi apreendida pelo Império Otomano no século XIV e só foi libertada em 1878, depois da batalha de Philippopolis.
2. Atenas, Grécia
Foi habitada desde pelo menos 5000 a.C., e diz a lenda que a cidade ganhou o seu nome após a deusa Atena plantar uma semente de oliveira numa competição com Poseidon. Como a árvore que cresceu foi vista como um bem mais valioso que água que o deus tinha libertado com o seu tridente, a deusa da sabedoria, da guerra e dos ofícios acabou por ser nomeada padroeira da cidade.
Atenas foi ganhando fama de ser o berço da democracia, a tal ponto que os invasores se recusaram a saquear a cidade ou a escravizar os seus cidadãos. Aqui viveram Sócrates, Hipócrates, Sófocles, bem como Aristóteles e Platão. Os visitantes podem admirar a Acrópole, Plaka(o mais antigo bairro residencial da cidade) e o seu ponto mais alto, o Monte Lycabettus.
1. Argos, Grécia
Encontra-se a nordeste do Peloponeso e era uma pequena aldeia há pelo menos 7 mil anos, tendo depois sido um centro cultural significativo na civilização micénica (1600 1100 a.C.). Segundo os mitos gregos, a cidade recebeu o nome do filho de Zeus com Níobe.
A Ilíada de Homero descreve a cidade como um renomeado centro de criação de cavalos. Hera, a deusa da mulher e do casamento, era aqui particularmente venerada e festejada anualmente. Hoje, ainda se podem visitar túmulos micénicos, o santuário de Afrodite e um teatro com capacidade para 20.000 pessoas.