Portugal é um jardim à beira mar plantado. Disso ninguém tem dúvidas. Por todo o país, graças ao esmero e ao carinho do nosso povo, é possível ver imensas ruas floridas, de uma extrema sensibilidade e bom gosto. Essas ruas são sobretudo obra do trabalho dos seus moradores, que fazem questão de embelezar o local onde habitam, nem que seja com um simples vaso de flores.
A fama das ruas floridas de Portugal começa já a ganhar fama internacional e ganha cada vez mais adeptos. Há ainda a realçar as festas de Tomar, Campo Maior e Redondo onde, geralmente de 4 em 4 anos, o povo decora as suas ruas com milhões de flores de papel, constituindo um espectáculo visual único.
Neste artigo optámos por listar as localidades onde é mais provável encontrar ruas floridas em Portugal. Indicar o nome exacto de cada rua seria uma tarefa quase impossível. E seria também um erro já que, se fosse a um determinado local apenas à procura da rua que aqui lhe indicámos, poderia perder várias outras ruas igualmente belíssimas nesse mesmo local. Descubra as 16 ruas floridas mais bonitas de Portugal.
1. Castelo de Vide
O castelo rodeado pelo casario branco destaca-se na paisagem e é sem dúvida a primeira surpresa para o visitante. Do alto, a paisagem alentejana adquire todo o seu esplendor. Pequenas aldeias no meio dos campos perdem-se de vista. Ali bem perto, a cerca de 20 km, espreita Marvão e um pouco mais além avistam-se terras de Espanha.
Na encosta Norte, entre o Castelo e a Fonte da Vila, uma série de ruas mais estreitas delimitam o núcleo histórico da Judiaria. A Judiaria de Castelo de Vide é um dos exemplos mais importantes da presença dos judeus no nosso país, remontando ao século XIII, tempo de D. Dinis. Aí podemos encontrar uma das melhor preservadas judiarias de Portugal, já há alguns anos incluída num programa de recuperação de edifícios e de revitalização, onde se preserva um dos maiores espólios de arquitectura civil do período gótico. Passeie-se então, ao acaso por essas ruas íngremes e estreitas e deixe-se encantar pelo charme da sua memória medieval.
2. Moura
Moura, cidade típica Alentejana tem, como o próprio nome indica, uma clara influência Mourisca em toda a sua área. Situada próxima da margem esquerda do Rio Guadiana, banhada pela albufeira do Alqueva, Moura está rodeada de oliveiras e sobreiros, e prima pela paz de espírito Alentejana e pelo seu bonito casario branco com pitorescas chaminés.
A região apresenta diversos vestígios de ocupação humana desde longínquos tempos, tendo, durante a ocupação romana, sido apelidada de “Arucci” ou “Civitas Aruccitana Nova”, mudando com as ocupações Muçulmanas para “Al-Manijah”, tendo sido definitivamente conquistada no reinado de D. Dinis em 1295. Bem próxima da fronteira Espanhola, Moura contou desde logo com boas estruturas defensivas que foi mantendo ao longo dos séculos, contudo em 1707, o Duque de Ossuna cercou Moura até 1709, quando finalmente a cidade se viu definitivamente livre do ocupante Espanhol que antes de se retirar destruiu as fortificações.
3. Trancoso
A antiquíssima Vila de Trancoso acolhe os visitantes num cenário medieval que os transporta para um tempo de sonho e maravilha. Pelas suas características únicas e o seu estado de preservação, Trancoso faz parte do restrito programa das “Aldeias Históricas de Portugal”.
Ao acercar-se das muralhas vislumbra-se o maravilhoso cartão de visita da cidade, as Portas d’El Rei. Dentro do centro histórico os interesses dividem-se entre a antiga Judiaria, os Paços do Concelho, o Pelourinho Manuelino, a Igreja da Misericórdia e a Igreja de S. Pedro onde está sepultado o poeta-profeta Bandarra, a casa-quartel do General Beresford, o Palácio Ducal, a Igreja de Santa Maria de Guimarães, a Rua dos Cavaleiros e o Castelo medieval, anterior à nacionalidade.
4. Óbidos
A lindíssima vila de Óbidos, de casas brancas enfeitadas com buganvílias e madressilvas foi conquistada aos mouros pelo primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, em 1148. Mais tarde, D. Dinis doou-a a sua mulher, a rainha Santa Isabel. Desde então e até 1883, a vila de Óbidos e as terras em redor foram sempre pertença das rainhas de Portugal. Envolvida por uma cintura de muralhas medievais e coroada pelo castelo mouro reconstruído por D. Dinis, que hoje é uma pousada, Óbidos é um dos exemplos mais perfeitos da nossa fortaleza medieval.
Como nos tempos antigos, a entrada faz-se pela porta sul, de Santa Maria, embelezada com decoração de azulejos do séc. XVIII. Dentro das muralhas, que sob o sol poente tomam uma coloração dourada, respira-se um alegre ambiente medieval feito de ruas tortuosas, de velhas casas caiadas de branco com esquinas pintadas de azul ou de amarelo, de vãos e janelas manuelinas, lembrando que D. Manuel I (séc. XVI) aqui fez grandes obras, de muitas flores e plantas coloridas.
5. Cascais
Situado entre o Oceano Atlântico e a Serra de Sintra, o concelho de Cascais foi, desde sempre um importante centro turístico, tendo recebido durante e depois da II Guerra Mundial um elevado número de refugiados e exilados, de entre os quais se destacam os Condes de Barcelona, o Rei Humberto II de Itália, Carol II da Roménia e inúmeras figuras do panorama desportivo e cultural.
Na segunda metade do século XII Cascais era uma pequena aldeia de pescadores e lavradores e daí parece derivar o topónimo Cascais, plural de cascal (monte de cascas), o que se deve relacionar com a abundância de moluscos marinhos aí existentes. O centro de Cascais é uma antiga e pitoresca vila de pescadores, com pequenas praias urbanas de onde se avistam os barcos de pescadores. Não deixe de visitar o centro histórico de Cascais e as suas ruelas típicas e pitorescas.
6. Monsanto
Nas planuras da Beira interior, entre o sopé da Serra da Gardunha e o rio Ponsul, que formam na sua geografia, clima e fauna a transição entre o Norte e o Sul de Portugal ergue-se sobre uma alta penedia a aldeia histórica de Monsanto. Conta-se que a povoação terá resistido deste baluarte, durante 7 anos, ao cerco posto pelos romanos no séc. II a. C., feito que está na origem da Festa das Cruzes, que a aldeia comemora todos os anos, no dia 3 de Maio.
No séc. XII D. Afonso Henriques doou a povoação conquistada aos Mouros à Ordem dos Templários, cujo Mestre em Portugal, Gualdim Pais mandou reconstruir o castelo. A aldeia oferece das paisagens humanas mais interessantes que se podem encontrar em Portugal. O aglomerado vai-se desenvolvendo sobre a encosta do cabeço aproveitando pedregulhos de granito para as paredes das habitações e em alguns casos um único bloco de pedra forma o telhado, razão por que aqui se diz que as casas são “de uma só telha”.
7. Braga
Braga é uma cidade, sede de concelho e distrito, das mais antigas e bonitas de Portugal, sendo igualmente uma das cidades cristãs mais antigas de todo o mundo, e um dos mais importantes centros religiosos do País. Baptizada pelos Romanos de Bracara Augusta, sendo na altura a maior cidade em território hoje Português, é igualmente conhecida hoje em dia pela “Cidade dos Arcebispos” ou mesmo pela “Roma Portuguesa”. Património Religioso no virar de cada esquina, nas ruas históricas de Braga testemunha-se o fervor religioso ao longo dos séculos, traduzido em bonitos monumentos que tanto a enriquecem, com destaque para a Sé de Braga, a mais antiga do País.
Braga foi igualmente apelidada de “Cidade Barroca” pela sua riqueza patrimonial, de tantos edifícios decorados no século XVIII, que a transformaram num dos mais importantes pólos artísticos do País na época. A não perder são os Santuários que circundam a cidade e a povoam de fiéis e peregrinos. São eles O Santuário do Bom Jesus, do Sameiro e da Falperra, visitas obrigatórias nesta região Bracarense. Belos e elaborados jardins, elegantes casas senhoriais e palacetes e todo este legado barroco conferem a Braga uma imagem única, característica da região Minhota. O Verde governa a paisagem circundante, com o Parque Nacional da Peneda-Gerês mesmo no seu encalce.
8. Almeida
Vista do ar, a vila de Almeida, classificada como Aldeia histórica, parece uma estrela de 12 pontas, tantas quantos os baluartes e revelins que rodeiam um espaço com um perímetro de 2500 metros. Esta notável praça-forte foi edificada nos sécs. XVII-XVIII, em redor de um castelo medieval, num local importantíssimo como ponto de defesa estratégico da região – um planalto a cerca de 12 kms da linha fronteira com Espanha, definida pelo Tratado de Alcanices em 1297, data em que Almeida passou a ser portuguesa.
Almeida é um dos melhores exemplares de fortificação abaluartada existente em Portugal. No interior da fortificação, vale a pena visitar o conjunto harmonioso do casario, e numerosos edifícios religiosos e civis espalhados por ruas estreitas que conservam a atmosfera de outros tempos.
9. Bragança
Um passeio pelo centro histórico conduz inevitavelmente à tranquila cidadela medieval do Ducado de Bragança. A localidade nasceu no séc. XII, quando se estabeleceu aqui Fernão Mendes, da família dos Braganções, cunhado do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques (1139-85). Em 1187, D. Sancho reconheceu a importância da vila no desenvolvimento da região concedendo-lhe a autonomia jurídica simbolizada pelo foral. O núcleo urbano medieval mantém-se na cidadela dignamente representada pela imponente Torre de Menagem do Castelo, pelo Pelourinho assente num curioso berrão lusitano, pela Igreja de Santa Maria e pela Domus Municipalis, exemplar único da arquitectura civil.
Fora das muralhas, a cidade expandiu-se para Oeste, o que é visível num pequeno percurso até ao seu centro administrativo e comercial onde casas nobres e monumentos contam a evolução de Bragança. Depois de D. Manuel ter dado Foral Novo em 1514, o desenvolvimento da cidade deveu-se à presença dos bispos que aqui residiam durante metade do ano, gerindo um episcopado dividido entre Miranda do Douro e Bragança, e aqui estabelecido definitivamente a partir de 1764.
10. Monsaraz
Vila medieval, a mais antiga do concelho de Reguengos de Monsaraz, Monsaraz regista indícios de povoamento desde tempos pré-históricos, tendo mesmo sido nos primórdios da sua origem um castro fortificado. Em 1157 foi conquistada aos Mouros por Geraldo Geraldes “O Sem Pavor”, em 1167 doada aos Templários e em 1319 à Ordem de Cristo. Durante séculos o castelo de Monsaraz desempenhou importante papel de sentinela do Guadiana, vigiando a fronteira com Espanha. Para além de todo o património histórico, arquitectónico e social, Monsaraz está rodeada de uma paisagem maravilhosa, e do alto do seu Castelo é possível observá-la em todo o seu esplendor.
Vila de cal e xisto onde o tempo agradavelmente parece ter parado, torna-se palco de eventos inseridos no “Monsaraz Museu Aberto”, programa de actividades culturais que se realiza de dois em anos no Verão alentejano, mostrando os hábitos e costumes alentejanos no artesanato, na gastronomia e nos vários espectáculos culturais que aqui têm lugar.
11. Tomar
Tomar é uma lindíssima cidade, sede de concelho, da região Centro do País, situada nas bonitas margens do rio Nabão, bem na lezíria Ribatejana, e uma das cidades históricas de Portugal, com tanto para contar e ver. Tomar era um dos bastiões de defesa do País, e uma localização defensiva privilegiada, que se desenvolveu e ganhou importância ao longo dos séculos.
A tradicional Festa dos Tabuleiros, realizada cada quatro anos em Julho, durante três dias, é um dos chamarizes da cidade, reunindo um grande número de visitantes nacionais e estrangeiros, atraídos pela beleza e simbologia desta festividade. Esta festa popular de origem pagã caracteriza-se pelo desfile de mulheres com tabuleiros ornamentados de pão, espigas e flores sobre a cabeça, envergando bonitos trajes típicos. Paralelamente, realiza-se também o Cortejo dos Rapazes, o Cortejo do Mordomo, os Cortejos Parciais, as ruas ornamentadas pela população, os Arraiais e os Jogos Populares e a Pêza.
12. Campo Maior
Campo Maior é uma bonita e pacata Vila alentejana, sede de concelho, próxima da fronteira com Espanha, terra de história, tradições e costumes, onde impera a paz de espírito. As origens de Campo Maior são bem remotas, existindo mesmo uma curiosa lenda que reza que, por ser uma região muito assediada pelos Mouros, mesmo depois de reconquistada pelos Cristãos, foi escolhido Campo Maior por um grupo de pessoas para ali se abrigarem, num local amplo, com um bonito aspecto natural e paisagístico. Ao avistarem este terreno amplo terá dito o sábio do grupo: “Aqui será o nosso Campo Maior! Nele poderemos caber à vontade e dele faremos um reduto contra os nossos inimigos!”.
Em Campo Maior está localizada a maior zona industrial de torrefacção de cafés da Península Ibérica, tendo-se criado o interessante Museu do Café, testemunho desta bebida tão amada no País. Campo Maior é famosa pelas suas fantásticas Festas do Povo quando toda a vila se veste de coloridas flores de papel feitas por toda a população, que enfeita artisticamente as ruas, transformando-se a vila num bonito Jardim. As festas realizavam-se anualmente em Setembro, mas ultimamente é só “quando o povo decide”.
13. Redondo
A vila alentejana do Redondo tornou-se importante para o património português através de dois produtos regionais: o barro e o vinho. A produção artesanal de peças de barro é conhecida no país inteiro. Aqui pode-se encontrar loiça utilitária e decorativa, de barro simples ou decorada com motivos florais e cenas populares da vida no campo.
O barro desta região tem a propriedade de suportar a variação de temperaturas. Esta actividade é mantida na vila por vários centros oleiros que perpetuam esta actividade na vila. O Redondo é ainda conhecido pela produção de vinho, sendo uma das regiões de Denominação de Origem Controlada (D.O.C.) em Portugal. Produzido em solos graníticos e de xisto, o vinho é equilibrado e de agradável bouquet.
14. Ferragudo
Ferragudo é uma das mais belas silhuetas de vila à beira mar que se podem encontrar em todo o Algarve. A povoação de Ferragudo terá nascido por volta de do séc. XIV. Pescadores que procuravam no mar o sustento para as suas famílias, instalaram-se nestas paragens, erigindo toscos e humildes casebres. No entanto, existem vestígios que nos atestam presença humana em Ferragudo no período da Pré História. A foz do Arade foi, também, alvo de cobiça para os Fenícios e Cartagineses. Os Romanos assentaram arraiais, dedicando-se à pesca e à indústria da salga do peixe.
A comprovar esta estada estão os achados arqueológicos encontrados junto ao Forte de S. João do Arade. Segundo fontes históricas, o topónimo Ferragudo provém da existência de um engenho de ferro, implantado na Praia da Angrinha, cuja finalidade era a de elevar o pescado e as mercadorias das embarcações que ali acostavam. Às maravilhosas praias e às excepcionais condições naturais que aqui se podem encontrar, aliaram-se as villas, os aldeamentos, entre outras unidades de alojamento, tornando Ferragudo, uma região de reconhecida beleza, num lugar aprazível e ideal para umas férias tranquilas.
15. Marvão
Entre Castelo de Vide e Portalegre, a poucos quilómetros de Espanha, encontramos a tranquila vila de Marvão, no ponto mais alto da Serra de São Mamede. O Monte de Ammaia, como era conhecido, deve o seu actual topónimo ao facto de ter servido de refúgio a Ibn Marúan, um guerreiro mouro, durante o séc. IX. O domínio árabe, que durou alguns séculos, terminou quando a campanha militar de 1160/66 da Reconquista Cristã aqui teve mais uma vitória, sob a acção de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal.
Dentro das muralhas, revela-se um bonito conjunto de arquitectura popular alentejana. Nas estreitas ruas de Marvão, descobrem-se facilmente arcos góticos, janelas manuelinas, varandas de ferro forjado embelezando as casas e outros detalhes de interesse em recantos marcados pelo granito local. Do património edificado, para além do castelo e das muralhas que dificilmente se esquecem, destacam-se a Igreja de Santa Maria, transformada em Museu Municipal, a Igreja de Santiago, a Capela renascentista do Espírito Santo e o Convento de Nossa Senhora da Estrela, fora das muralhas. Um dos principais motivos para visitar a vila é a bela vista sobre a região. Elegemos como miradouros a alta Torre de Menagem e a Pousada de Santa Maria, uma adaptação de duas casas da aldeia, onde também poderá descansar e saborear a gastronomia regional.
16. Estradas dos Açores
Como bónus, sugerimos não uma rua, mas várias estradas dos Açores, tipicamente rodeadas por hortênsias. Este arbusto originário do Japão, presente em todas as ilhas dos Açores, forma com as suas sebes floridas de azul e branco um dos elementos típico da paisagem de algumas das ilhas, ao ponto desta espécie ter sido utilizada com imagem turística. Terá sido introduzida provavelmente por meados do séc. XIX.
As flores, muito atractivas e abundantes, conferem a esta espécie grande interesse ornamental. É usada ainda com a tradicional função de sebe viva, na compartimentação de terrenos. Não admira pois que esta infestante tenha tido como um dos principais agentes da sua disseminação o Homem. No entanto, graças à sua habilidade competitiva, reproduzindo-se por semente e vegetativamente, escapa frequentemente colonizando pastagens, ravinas e crateras onde a vegetação natural tenha sido perturbada.