A língua portuguesa é cheia de expressões curiosas, divertidas e por vezes até estranhas. Elas fazem parte do nosso vocabulário e são usadas para transmitir ideias, sentimentos ou situações de forma mais criativa e colorida. Mas sabe de onde elas vêm e o que elas significam? Neste artigo, vamos apresentar as 20 expressões mais caricatas da língua portuguesa, explicar a sua origem e o seu uso. Vamos a isso?
Expressões caricatas são aquelas que usam palavras ou imagens exageradas, irónicas ou cómicas para se referir a algo ou alguém. Elas podem ser usadas para elogiar, criticar, brincar ou ironizar alguma situação ou pessoa. Por exemplo, quando dizemos que alguém é “mais lento que uma tartaruga”, estamos a usar uma expressão caricata para dizer que essa pessoa é muito devagar.
As expressões caricatas podem ter origem em factos históricos, lendas, mitos, costumes, provérbios ou simplesmente na imaginação popular. Elas podem variar de acordo com a região, o país ou o contexto em que são usadas. Algumas são muito antigas e outras mais recentes. Algumas são muito conhecidas e outras mais raras. O importante é saber usá-las com bom senso e humor.
Andar à toa
Significa andar sem rumo, sem destino ou sem objetivo. A expressão vem do latim “tollere”, que significa “tirar” ou “levar”. Assim, andar à toa seria andar levado pelo vento ou pela sorte. Exemplo: “Depois de perder o emprego, ele ficou a andar à toa pela cidade.”
Bater as botas
Significa morrer. A expressão vem da época das guerras, quando os soldados morriam no campo de batalha e ficavam com as botas viradas para cima. Exemplo: “O velho Joaquim bateu as botas ontem à noite.”
Pentear macacos
Significa não fazer nada de útil, perder tempo ou estar aborrecido. A expressão vem da ideia de que pentear macacos seria uma actividade inútil e sem sentido, pois os macacos não precisam de pentear o pelo. Exemplo: “Em vez de ficar a pentear macacos, vai estudar para o teste.”
Dar com os burros n’água
Significa fracassar, não conseguir o que queria ou ser enganado. A expressão vem de uma antiga lenda portuguesa, em que um lavrador tentou atravessar um rio com os seus burros carregados de mercadorias, mas acabou por perder tudo na correnteza. Exemplo: “Ele tentou ganhar na lotaria, mas deu com os burros n’água.”
Engolir sapos
Significa aceitar algo desagradável, humilhante ou injusto sem reclamar. A expressão vem da ideia de que engolir um sapo seria algo muito difícil e repugnante de fazer. Exemplo: “Ela engoliu muitos sapos para manter o seu emprego.”
Fazer das tripas coração
Significa fazer um grande esforço, sacrifício ou superação para conseguir algo. A expressão vem da ideia de que as tripas são as partes mais baixas e menos nobres do corpo humano, enquanto o coração é a parte mais alta e mais nobre. Assim, fazer das tripas coração seria elevar-se acima das dificuldades. Exemplo: “Ele fez das tripas coração para passar no exame.”
Ir com os porcos
Significa morrer ou desaparecer. A expressão vem do costume de se deitar os restos de comida aos porcos, que comiam de tudo, inclusive ossos e carcaças. Assim, ir com os porcos seria ser devorado por eles. Exemplo: “O bandido foi com os porcos depois de trocar tiros com a polícia.”
Lágrimas de crocodilo
Significa fingir tristeza, arrependimento ou emoção. A expressão vem do facto de que o crocodilo, ao devorar a sua presa, produz um ruído semelhante a um choro, mas que na verdade é causado pela passagem do ar pelos seus ductos lacrimais. Assim, lágrimas de crocodilo seriam falsas e hipócritas. Exemplo: “Não acredite nas lágrimas de crocodilo dele, ele não está nem aí para si.”
Pulga atrás da orelha
Significa ter uma suspeita, uma dúvida ou uma desconfiança sobre algo ou alguém. A expressão vem da ideia de que ter uma pulga atrás da orelha seria algo muito incómodo e irritante, que não nos deixaria sossegados. Exemplo: “Ele ficou com uma pulga atrás da orelha quando viu a namorada a falar com outro rapaz.”
Não entender patavina
Significa não entender nada, estar confuso ou ignorante. A expressão vem do latim “patavinus”, que era o nome dado aos habitantes de Pádua, na Itália, cujo dialecto era considerado incompreensível pelos outros povos. Exemplo: “Eu não entendo patavina de física quântica.”
Onde Judas perdeu as botas
Significa um lugar muito distante, escondido ou desconhecido. A expressão vem da tradição cristã, que diz que Judas Iscariotes, o apóstolo que traiu Jesus, se enforcou num campo e que as suas botas foram roubadas por alguém que passou por lá. Assim, o lugar onde Judas perdeu as botas seria um mistério. Exemplo: “Ele mora onde Judas perdeu as botas, demora horas para chegar lá.”
Muitos anos a virar frangos
Significa ter muita experiência, sabedoria ou vivência sobre algo ou alguém. A expressão vem da ideia de que virar frangos seria uma tarefa que requer muita habilidade e prática, e que só quem tem muitos anos de experiência saberia fazer bem. Exemplo: “Ele sabe tudo sobre futebol, tem muitos anos a virar frangos.”
Fazer de vela
Significa acompanhar um casal de namorados ou amigos, sem participar da conversa ou da diversão. A expressão vem da ideia de que fazer de vela seria iluminar o ambiente para os outros, sem ter nenhum benefício próprio. Exemplo: “Ela foi ao cinema com eles, mas só fez de vela.”
Nem que a vaca tussa
Significa de forma nenhuma, jamais ou de jeito nenhum. A expressão vem da ideia de que uma vaca tossir seria algo muito improvável e impossível de acontecer. Exemplo: “Eu não vou emprestar-te dinheiro, nem que a vaca tussa.”
Tirar o cavalinho da chuva
Significa desistir de algo, perder as esperanças ou mudar de ideia. A expressão vem da época em que as visitas chegavam a cavalo nas casas das pessoas e deixavam os animais amarrados do lado de fora. Se a visita fosse bem-vinda e pudesse ficar à vontade, ela podia tirar o cavalinho da chuva e levá-lo para um lugar seco e abrigado. Se a visita não fosse bem-vinda ou tivesse que ir embora depressa, ela tinha que tirar o cavalinho da chuva e montar nele novamente. Exemplo: “Queres que eu te perdoe? Podes tirar o cavalinho da chuva, isso nunca vai acontecer.”
Muito obrigado. Sou moçambicano e sempre que se me deparavam expressões iguais, fico preocupado, uma vez que sou professor, tendo assim a obrigação de falar com propriedades aos alunos.