Não há como negar: Portugal está cada vez mais virado para o litoral, onde existem as cidades de maior dimensão, mais emprego e melhores serviços públicos. É uma realidade à qual é difícil fugir e, hoje em dia, quem vive nas pequenas aldeias do interior do país pode muito bem ser considerado um herói, um resistente ou, simplesmente, um teimoso.
Estas são aldeias que guardam as memórias dos nossos antepassados. Continuam a manter vivas algumas das suas tradições mais antigas mas é preciso fazer algo mais para as proteger. Nos últimos anos, algumas delas ganharam uma nova vida graças a alguns projetos de recuperação. Outras, apenas recebem visitas em Agosto, quando chegam os emigrantes.
Mas nada disto parece ser suficiente. Estas aldeias seculares continuam num acelerado processo de desertificação cada vez mais difícil de contrariar. Conheça as aldeias de Portugal com menos habitantes.
1. Aigra Nova (1 habitante)
Aigra Nova é uma das quatro aldeias do concelho de Góis que fazem parte da rede de Aldeias do Xisto. Está dividida em três pequenas ruas, onde encontra as bonitas casas de construção baixa e à base de xisto, num local que alia o passado com o futuro de uma forma singular e muito apelativa.
Caminhar pelas suas ruas é fazer uma autêntica viagem ao passado. A melhor forma de descobrir a aldeia é passeando, sem pressas, pelos seus becos e ruelas e apreciando cada pequeno detalhe. Ao mesmo tempo, vá imaginando como seria a vida de quem vivia nesta pequena aldeia de xisto há apenas uma décadas.
2. Comareira (1 habitante)
Esta é a mais pequena aldeia de xisto, e encontra-se no concelho de Góis. Encontra-se fortemente envolvida na dinâmica do Ecomuseu das Tradições do Xisto, sendo um ponto estratégico para quem procura as praias fluviais ou o Parque Florestal da Oitava.
A aldeia de Comareira é constituída por pequenos edifícios de habitação e pequenos locais para o gado. Aqui vive apenas uma pessoa, tal como nas vizinhas aldeias de Aigra Nova e Aigra Velha.
3. Aigra Velha (1 habitante)
A pacata aldeia de xisto de Aigra Velha é uma aldeia diferente de todas as outras, tanto nas redondezas como talvez mesmo do país. Encontra-se no ponto mais alto da Serra da Lousã, e a sua história encontra-se ligada a lobos, caravanistas e intrusos, embora hoje apenas tenha um habitante permanente.
Aigra Velha tem apenas uma rua e algumas casas, que estão ligadas entre si por muros defensivos de xisto, construídos para defender os habitantes dos 3 maiores perigos que enfrentavam: o mau tempo, os intrusos e os lobos.
4. Cubas (2 habitantes)
Em 2012, esta aldeia tinha apenas quatro habitantes, na forma de dois casais de idosos. Em 2017, apenas um destes casais ainda aqui se encontrava. Situada entre encostas e montanhas, a Aldeia de Cubas caminha rumo ao esquecimento, graças à sua localização de difícil acesso e à distância que a separa do centro urbano. Esta aldeia poderá inclusivamente desaparecer nos próximos anos.
O casal que ainda aqui vive, Francisco Costa e Maria da Liberação Alves, que têm 76 e 68 anos, respetivamente, são os únicos moradores desta terra que tinha mais de 70 pessoas, há cerca de 30 anos. O casal trabalha no campo e cuida dos seus animais como forma de combater a solidão, já que podem passar dias inteiros sem ver outras pessoas. A exceção é o mês de agosto, em que alguns emigrantes aqui voltam.
5. Chiqueiro (2 habitantes)
Na pitoresca aldeia de Chiqueiro, em plena Serra da Lousã, vivem apenas duas pessoas… juntamente com o seu enorme rebanho de cabras. Apesar de ser a mais pequena aldeia de xisto da serra e de ter um tamanho pequeno, consegue cativar os visitantes com facilidade. Afinal de contas, não é todos os dias que se descobre que o paraíso existe mesmo.
Chiqueiro tem apenas duas ruas, ladeadas pelas escuras casas em xisto, que contrastam perfeitamente com a capela, único edifício branco da povoação. A delimitar a aldeia, encontram-se duas ribeiras e uma vegetação frondosa.
6. Cevide (3 habitantes)
Pouco conhecida, mas com grande significado, já que marca o início de Portugal, a aldeia de Cevide encontra-se no concelho de Melgaço e tem menos de meia dúzia de habitantes, hoje em dia. Tem como vizinha a Galiza e a sua paisagem é marcada pelo rio Trancoso, que nasce na Portelinha e se estende por 13,6km, definindo de forma natural a fronteira entre Portugal e Espanha.
A aldeia em si é pequena, tem apenas 3 habitantes, e o mais digno de visitar é a sua pequena capela. Modesta mas bonita e acolhedora, vale a pena entrar nela e apreciar os seus detalhes. E acima de tudo, converse com os moradores locais: terão com certeza muitas histórias para lhe contar, a maioria ligada às aventuras do contrabando.
7. Aldeia da Pena (6 habitantes)
A 325 quilómetros de Lisboa e a 20 quilómetros de São Pedro do Sul, em Viseu, poderá encontrar a Aldeia da Pena, no fundo do vale de São Macário. É uma das aldeias mais pequenas de Portugal mas tem conseguido resistir graças a algum turismo.
Esta pequena aldeia caracteriza-se pelas suas casas de xisto e por estar perfeitamente integrada na natureza envolvente que se estende até à ribeira da Pena. Apenas existem dez casas de habitação, morando no local seis pessoas.
8. Asnela (6 habitantes)
Há apenas 50 anos, a aldeia de Asnela, em Murça, tinha cerca de 250 pessoas. Atualmente são apenas 6. Os motivos: a falta de empregos na região e a emigração para o estrangeiro ou para outras cidades portuguesas.
Uma das atrações desta aldeia transmontana são as casas de granito, típicas desta região. Os seus habitantes são autossuficientes: cultivam tudo aquilo de que precisam e criam os seus próprios animais.
Desconhecia que havias tantas aldeias com menos de 10 habitantes em Portugal.
Vamos visitar todas para aumentarmos a divulgaçao no Brasil, onde já ficam admirados quando lhes digo que a minha tem 640 casas mas apenas 185 habitantes
Obrigado pelo artigo.
Esqueceram de algumas no concelho de Almeida. Onde vivem só 2 ou 3 pessoas.
Só um reparo… Uma das aldeias de que falam no artigo, Aigra Velha, não faz parte do concelho da Lousã, ou serra da Lousã como apelidam, mas sim do concelho de Góis. Fica perto dos limites dos dois concelhos e com vista maior para a serra da Lousã devido a estar situada no declive montanhoso que faz a fronteira. Ao fazerem estes artigos deveriam informar-se correctamente deste tipo de informações porque, tanto leva a erro a quem lê como quem conhece também deixa de acreditar nas informações dadas como sendo fidedignas.