Portugal é um país com uma longa e rica história, marcada por muitas batalhas que moldaram o seu destino e o seu papel no mundo. Algumas dessas batalhas foram decisivas para a independência, a expansão, a defesa ou a afirmação de Portugal como nação. Neste artigo, vamos recordar as 8 maiores (ou melhores) batalhas da história de Portugal, que demonstram a coragem, a determinação e a capacidade dos portugueses de enfrentar adversidades e superar desafios.
As batalhas que vamos apresentar neste artigo foram escolhidas com base em critérios como a importância histórica, o contexto político, o desfecho militar, o impacto cultural e a relevância simbólica.
Não pretendemos fazer uma lista definitiva ou hierárquica, mas sim destacar alguns dos momentos mais marcantes da história militar portuguesa. As batalhas estão ordenadas cronologicamente, desde o século XII até ao século XIX.
1. São Mamede (1128)
A primeira batalha da nossa lista é também uma das mais antigas e fundamentais para a formação de Portugal como reino independente. Foi travada em 24 de junho de 1128, perto de Guimarães, entre as forças do infante D. Afonso Henriques e as do conde Fernão Peres de Trava, apoiado pela rainha D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques. A rainha era viúva do conde D. Henrique de Borgonha, que tinha recebido do rei Afonso VI de Leão e Castela o governo do Condado Portucalense, uma região autónoma dentro do reino leonês.
D. Afonso Henriques pretendia afirmar a sua autoridade sobre o condado e libertar-se da influência leonesa, enquanto a rainha D. Teresa procurava manter a fidelidade ao rei de Leão e Castela e casar-se com o conde Fernão Peres de Trava, um nobre galego que exercia grande poder na região.
A batalha foi vencida pelo infante D. Afonso Henriques, que derrotou o exército inimigo e capturou a sua mãe e o seu padrasto. A vitória permitiu-lhe consolidar o seu domínio sobre o condado e iniciar o processo de independência de Portugal.
2. Ourique (1139)
A segunda batalha da nossa lista é também uma das mais lendárias e controversas da história de Portugal. Foi travada em 25 de julho de 1139, no campo de Ourique, no Alentejo, entre as forças do rei D. Afonso Henriques e as de cinco reis mouros que governavam os territórios do sul da Península Ibérica. O rei português tinha iniciado uma campanha militar para conquistar terras aos muçulmanos e expandir o seu reino para sul.
A batalha foi vencida pelo rei D. Afonso Henriques, que derrotou os exércitos mouros com uma inferioridade numérica considerável. Segundo a tradição, antes da batalha, o rei teve uma visão de Cristo na cruz, que lhe prometeu a vitória e lhe conferiu o título de rei de Portugal.
Esta visão teria sido testemunhada pelos seus soldados, que aclamaram D. Afonso Henriques como rei no campo de batalha. A vitória permitiu-lhe afirmar a sua independência face ao reino de Leão e Castela e iniciar a formação da identidade nacional portuguesa.
3. Atoleiros (1384)
Foi travada em 6 de abril de 1384, nos Atoleiros, perto de Fronteira, no Alentejo, entre as forças do mestre de Avis D. João I e as do rei João I de Castela. O mestre de Avis era o regente do reino desde a morte do rei D. Fernando I em 1383, que não deixou herdeiros legítimos. O rei de Castela era casado com a filha de D. Fernando I, D. Beatriz, e reclamava o trono de Portugal.
A batalha foi vencida pelo mestre de Avis D. João I, que derrotou o exército castelhano com uma força muito inferior, graças à sua estratégia e à sua disciplina. O mestre de Avis usou uma formação defensiva chamada quadrado, composta por homens de armas e besteiros, que resistiu aos ataques da cavalaria inimiga.
A batalha não teve baixas do lado português, enquanto o lado castelhano sofreu milhares de mortos e feridos. A vitória permitiu-lhe consolidar a sua posição como regente e preparar o caminho para a sua aclamação como rei de Portugal.
4. Aljubarrota (1385)
A quarta batalha da nossa lista é também uma das mais importantes e famosas da história de Portugal. Foi travada em 14 de agosto de 1385, na povoação de Aljubarrota, perto de Leiria, entre as forças do rei D. João I de Portugal e as do rei João I de Castela.
O rei português tinha sido aclamado em 1385, após a crise de 1383-1385, que opôs os partidários da independência aos partidários da união com Castela. O rei castelhano não reconhecia a legitimidade do rei português e invadiu o país com um grande exército.
A batalha foi vencida pelo rei D. João I de Portugal, que derrotou o exército castelhano com uma força muito inferior, graças à sua tática e à sua coragem. O rei português contou com o apoio do seu condestável D. Nuno Álvares Pereira, que comandou as tropas no campo de batalha.
O rei português usou uma formação ofensiva chamada sistema defensivo-ofensivo, composta por lanças, bestas, arcos e peças de artilharia, que aniquilou a cavalaria inimiga e provocou a fuga dos infantes castelhanos. A batalha teve cerca de mil baixas do lado português e cerca de dez mil do lado castelhano. A vitória permitiu-lhe assegurar a independência de Portugal e iniciar a dinastia de Avis.
5. Linhas de Elvas (1659)
Foi travada em 14 de janeiro de 1659, na cidade de Elvas, no Alentejo, entre as forças do rei D. João IV de Portugal e as do rei Filipe IV de Espanha. O rei português tinha restaurado a independência em 1640, após sessenta anos de domínio espanhol sob a dinastia dos Filipes. O rei espanhol não aceitava a separação e tentava reconquistar o país com sucessivas invasões.
A batalha foi vencida pelo rei D. João IV de Portugal, que derrotou o exército espanhol com uma força muito inferior, graças à sua defesa e à sua astúcia. O rei português contou com o apoio do seu general André de Albuquerque Ribafria, que comandou as tropas na cidade sitiada.
D. António Luís de Menezes, o comandante das tropas lusas, usou uma rede de fortificações chamada linhas de Elvas, composta por baluartes, fossos, trincheiras e minas, que resistiu aos ataques da artilharia inimiga e surpreendeu os assaltantes com explosões e contra-ataques.
A batalha teve cerca de duzentas baixas do lado português e cerca de treze mil do lado espanhol. A vitória permitiu-lhe consolidar a restauração da independência e fortalecer a dinastia de Bragança.
6. Ameixial (1663)
Foi travada em 8 de junho de 1663, na localidade de Ameixial, no Algarve, entre as forças do rei D. Afonso VI de Portugal e as do rei Filipe IV de Espanha. O rei português era filho e sucessor do rei D. João IV, que tinha falecido em 1656. O rei espanhol continuava a não reconhecer a independência de Portugal e mantinha uma guerra constante contra o país.
A batalha foi vencida pelo rei D. Afonso VI de Portugal, que derrotou o exército espanhol com uma força muito inferior, graças à sua ofensiva e à sua bravura. O rei português contou com o apoio do seu general António Luís de Meneses, que comandou as tropas no campo de batalha.
Os portugueses usaram uma manobra envolvente chamada contramarcha, composta por cavalaria, infantaria e artilharia, que cercou o inimigo e provocou a sua debandada. A batalha teve cerca de quinhentas baixas do lado português e cerca de dez mil do lado espanhol. A vitória permitiu-lhe recuperar o Algarve e garantir a soberania de Portugal.
7. Montes Claros (1665)
Foi travada em 17 de junho de 1665, na herdade de Montes Claros, perto de Vila Viçosa, no Alentejo, entre as forças do rei D. Afonso VI de Portugal e as do rei Filipe IV de Espanha. O rei português tinha consolidado a sua posição como rei legítimo após a morte do seu irmão D. Teodósio em 1653. O rei espanhol tinha enviado um novo exército para tentar uma última ofensiva contra Portugal.
O rei português contou com o apoio do seu general António Luís de Meneses, que voltou a comandar as tropas no campo de batalha. Os portugueses usaram uma formação defensiva chamada cunha, composta por cavalaria, infantaria e artilharia, que repeliu os ataques da cavalaria inimiga e desbaratou os infantes espanhóis.
A batalha teve cerca de mil baixas do lado português e cerca de quinze mil do lado espanhol. A vitória permitiu-lhe pôr fim à guerra da restauração e assegurar a paz com Espanha.
8. Buçaco (1810)
A oitava e última batalha da nossa lista é uma das mais recentes e admiráveis da história de Portugal. Foi travada em 27 de setembro de 1810, na serra do Buçaco, perto da Mealhada, na Beira Litoral, entre as forças do marechal Beresford, comandante das tropas anglo-lusas, e as do marechal Massena, comandante das tropas francesas.
O marechal Beresford era um oficial britânico que tinha sido nomeado pelo regente D. João VI para liderar o exército português na guerra peninsular contra as invasões francesas. O marechal Massena era um dos generais mais prestigiados de Napoleão Bonaparte, que tinha sido enviado para conquistar Portugal.
O marechal Beresford contou com o apoio do duque de Wellington, que supervisionou as operações no terreno. O marechal Beresford usou uma linha defensiva chamada linha do Buçaco, composta por trincheiras, abatises e redutos, que aproveitava o terreno acidentado da serra para impedir o avanço inimigo.
A batalha teve cerca de mil e duzentas baixas do lado anglo-luso e cerca de quatro mil e quinhentas do lado francês. A vitória permitiu-lhe retardar a invasão francesa e preparar a retirada para as linhas de Torres Vedras.