A vila de Avis, que se encontra no distrito de Portalegre, em pleno coração alentejano, é um daqueles locais que combina história, tradição, gastronomia, arquitetura e uma beleza natural que não deixa ninguém indiferente. Esta é uma pequena pérola da região e um local perfeito para passar uns dias de descanso, seja sozinho seja acompanhado.
Avis ergue-se no alto de um monte granítico, com 201 metros de altitude, destacando-se da paisagem circundante. Pensa-se que a vila terá surgido no século XII, na época da Reconquista Cristã, por volta das muralhas do castelo. Mas foi no século XIII que Avis ganhou maior importância, por albergar a Ordem Militar de Avis.
Hoje, pode encontrar na vila três das seis torres originais do castelo: a da rainha, de Santo António e de São Roque, assim como partes da muralha medieval, que segura ainda hoje muitas das casas. Pensa-se que a fortificação foi construída por volta de 1214, durante o reinado de D. Afonso II. Anos mais tarde, em 1385, um dos mestres da Ordem passa à história por ter subido ao trono de Portugal, na crise da sucessão de D. Fernando. É D. João I, o antigo Mestre de Avis.
Existe uma lenda associada ao castelo de Avis, que nos conta que alguns frades procuravam o sítio ideal para a sua construção. Quando andavam nessa azáfama, viram num monte, de frente a um território que ainda estava sob domínio muçulmano, duas águas pousadas em cima de um sobreiro.
Isto foi interpretado como sendo um sinal de bom augúrio, tendo então os frades decidido que aquele era o local perfeito para a construção do castelo. Ao local, chamaram Avis, que em latim significa ave. As águias tornaram-se também parte do símbolo da Ordem que ocupou o castelo.
Para além desta fortaleza, pode e deve visitar a igreja da Nossa senhora da Orada, construção erguida no século XV que sofreu diversas obras de reconstrução no século XIX.
O seu exterior tem uma fachada de estilo neoclássico e duas torres sineiras. O interior, por sua vez, tem uma nave com teto revestido a madeira e duas pequenas capelas laterais. Poderá também apreciar os painéis de azulejos e a imagem da Virgem.
Outro ponto de interesse é o convento da Ordem de Avis, complexo monumental que reunia igreja, sacristia, refeitório, sala do capítulo, claustro e torre sineira. O convento mantém a sua traça medieval.
Sendo que a entrada se faz através de um magnífico portal de mármore. No interior, encontra vestígios de belíssimos azulejos amarelos e azuis, assim como detalhes que não nos deixam indiferentes.
Na capela-mor, ainda se podem observar traços dos retábulos em talha barroca e, na sacristia, encontrará uma abóbada com arranques suportados por mísulas feitas em pedra gravada. A igreja alberga o túmulo do último dos mestres de Avis, Fernão Rodrigues de Sequeira.
É no antigo dormitório do convento que vamos encontrar o Museu do Campo Alentejano, que nos dá a conhecer a história da região recorrendo a achados arqueológicos, réplicas de monumentos e peças de artesanato. Todo o conjunto do Convento se encontra classificado como Imóvel de Interesse Público em 1949, tendo aberto as suas portas ao público em 2014.
E, depois de um banho de história, não há nada como um banho de natureza. É por isso que lhe recomendamos a visita à barragem do Maranhão, uma obra dos anos 50 que se destinava à rega, e que hoje é usada para a prática dos mais diversos desportos aquáticos.
No final de um dia de descobertas, Avis tem muito para nos oferecer em termos de gastronomia. Não podemos deixar de destacar as azevias, filhoses e broas artesanais, assim como os licores nos mais variados sabores: framboesa, bolota, canela e mirtilo, só para dar alguns exemplos. O pão, o vinho e o mel são também um ponto alto da culinária em Avis, acompanhando na perfeição os mais variados pratos.
Portanto, como vê, não faltam motivos para partir à descoberta de Avis, terra com um encanto medieval que, no entanto, mantém a sua arquitetura típica alentejana. Basta partir à descoberta e deixar-se encantar!