O azulejo português trata-se de uma placa de cerâmica quadrada, com pouca espessura, geralmente em formato de 15×15 ou menor. Uma das faces está ricamente decorada e vidrada, resultado da cozedura com revestimento em esmalte, que torna a cerâmica impermeável e brilhante. A sua utilização é comum em países como Marrocos, Turquia, Irão, Holanda, Espanha e Itália, mas é em Portugal que se podem encontrar diversos exemplares desta arte, sendo o nosso país considerado a capital mundial do azulejo.
A arte do azulejo propagou-se pela Península Ibérica no séc. XVI, pela mão das cerâmicas de Sevilha. Acabou por chegar ao nosso país em 1498, pelas mãos de D. Manuel I, que se encantou com esta arte numa das suas viagens a Espanha. Portugal acabou assim por aprender o método de fabrico e de pintura, tornando-se o azulejo numa das mais fortes expressões da nossa cultura.
Os motivos decorativos, por sua vez, chegaram do Oriente. Da China, chega o azul da porcelana, que deu, no séc. XVII, novas composições aos azulejos, sem caráter repetitivo e cheias de movimento. Em finais do séc. XVII, Portugal importou grandes quantidades de azulejo da Holanda, absorvendo assim o refinamento e pureza dos materiais e a ideia da especialização dos pintores.
Entre 1706 e 1750, durante o reinado de D. João V, os azulejos sofreriam a influência da Talha, acabando por usar os mesmos motivos e dando origem à tendência de que a superfície inteira de uma parede fosse revestida, criando um impacto típico do estilo barroco. Nesta época, o azulejo é muito usado em igrejas, palácios e casas de burgueses, tanto no interior como nos jardins. As gravuras estrangeiras serviam de inspiração para a composição destes painéis decorativos.
Com o terramoto de 1755, o país entrou numa situação económica frágil, com a necessidade de reconstruir Lisboa, o que levou a que o azulejo fosse usado de forma não só estética, como utilitária e prática, sendo usado como revestimento de fachadas graças à sua durabilidade.
Assim, o azulejo português distingue-se não só pelo seu papel na criação artística, como pela sua longevidade de uso, o seu modo de aplicação em grandes revestimentos e pelo modo como foi percebido e usado ao longo dos séculos. Os azulejos eram concebidos em sintonia com o espaço que iam integrar, podendo-se encontrar nestes cenas religiosas, de guerras, de caças e de outros temas, aplicados em paredes, tetos e pavimentos.
O precursor da pintura de azulejo em Portugal foi o espanhol Gabriel del Barco, ativo em finais do séc. XVII. No séc. XVIII, há um crescente de artistas do aclamado Ciclo dos Mestres, num período áureo da azulejaria portuguesa, onde se destacam nomes como Nicolau de Freitas, Valentim de Almeida e Teotónio dos Santos.
Assim, o azulejo conta com mais de 500 anos de produção nacional, com mais visibilidade a partir do séc. XIX, sendo usado para cobrir milhares de fachadas. Era produzido em fábricas de Lisboa, e nas cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia, como Massarelos e a Fábrica de Cerâmica das Devesas.
No Norte de Portugal, privilegia-se os relevos pronunciados no azulejo, bem como o volume e o contraste entre luz e sombra. Já em Lisboa, a preferência era pelos padrões lisos de memória antiga. Já no séc. XX, no Porto, o pintor Júlio Resende construiu composições figurativas em azulejo e placas de cerâmica.
Foi também nesta época que surgiram artistas como Jorge Barradas e Rafael Bordalo Pinheiro, que impulsionaram a renovação das artes da cerâmica e azulejo no nosso país. Outros nomes importantes da azulejaria e cerâmica foram Maria Keil, Júlio Pomar, Sá Nogueira, Carlos Botelho, Abel Manta e Eduardo Nery.
Onde contemplar o azulejo português?
Hoje, consegue encontrar diversos locais onde pode observar painéis de azulejos portugueses. Entre eles, destacamos: a estação de São Bento, a Igreja dos Congregados e a Capela das Almas, no Porto; a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego; o Convento de Santa Cruz do Buçaco, no Buçaco; o Convento de Cristo, em Tomar; a Igreja de São Quintino, em Sobral de Monte Agraço; o Palácio da Mitra, em Azeitão; e a Quinta da Bacalhoa, a Capela de São Roque, o Convento da Graça, o Convento de São Vicente de Fora, o Palácio dos Marqueses de Fronteira, o Palácio Nacional de Queluz, e a Casa de Ferreira das Tabuletas, todos eles localizados em Lisboa.
Se quiser saber mais sobre a história e evolução do azulejo português, pode também visitar o Museu Nacional do Azulejo, que foi criado em 1980. Aqui se realça não só o repertório nacional, como também se exalta as expressões multiculturais do azulejo e o seu desenvolvimento.