A arte do azulejo em Portugal encontra-se a par das grandes pinturas em tela que outros locais praticavam, tendo os temas semelhantes, mas também algumas das mesmas influências artísticas asiáticas. E apesar de poder ser contemplada um pouco por todo o país, é em Lisboa que ficam localizados alguns dos painéis de azulejos mais emblemáticos de Portugal.
É verdade que a arte do azulejo teve origem na Pérsia e se espalhou depois pelo mundo árabe e pela Península Ibérica, mas foi no nosso país que ela realmente evoluiu e é por isso que se considera a azulejaria a arte nacional por excelência. Em Lisboa, consegue encontrar uma grande variedade de painéis nas ruas, especialmente em Alfama, onde pode observar diversos estilos, que vão desde o barroco à arte nova.
Muitas estações de metro de Lisboa também se encontram maioritariamente decoradas com galerias de azulejos contemporâneos, como no caso da estação do Oriente. Mas se quer apreciar ainda mais esta arte na capital portuguesa, deixamos-lhe aqui algumas sugestões.
1. Museu do Azulejo
O Museu do Azulejo está instalado num magnífico edifício do século XVI, e revela-nos mais a produção e a arte do azulejo desde o século XV até aos nossos dias. Na coleção, encontra diversas obras-primas portuguesas e estrangeiras, o que faz do local uma instituição de referência nesta arte.
Na exposição permanente encontram-se exemplares que ilustram a história do azulejo e as influências das várias culturas ao longo dos tempos, que vão desde a árabe à italo-flamenga, passando pela influência holandesa, espanhola e oriental.
A sua obra mais emblemática é uma composição com 1300 azulejos e 36 metros de comprimento, que ilustra Lisboa antes do grande terremoto de 1755. Destacamos também o retábulo “Nossa Senhora da Vida” de 1580, a “Lição de Dança” de 1707, o “Retrato de Senhora”, do início do século XIX, e ainda “O Casamento da Galinha”, obra de 1665.
2. Palácio Fronteira
Apesar de estar aberto a visitas, o Palácio Fronteira ainda é habitado pelos descendentes dos marqueses que o inauguraram em 1675. Pode escolher fazer uma visita guiada ao interior, mas também pode apenas passear pelo magnífico jardim. Se decidir visitar o interior, irá passar pela biblioteca, pela capela e por salas cobertas com azulejos históricos portugueses e holandeses, dos quais se destacam painéis que reconstituem a Guerra da Restauração.
A maior parte destes conjuntos de azulejo foi colocada entre 1660 e 1670, espalhando-se o conjunto pelo interior e pelo jardim. É considerada uma das obras mais extraordinárias em azulejo do mundo, misturando obras portuguesas e holandesas com diversas esculturas decorativas.
3. Mosteiro de São Vicente de Fora
Este mosteiro é uma das maiores atrações da nossa capital, não só pelo seu magnífico interior, mas também por ter o maior conjunto de azulejos barrocos do mundo (cerca de 100.000). A vista panorâmica no terraço, junto às torres, é também um grande atrativo.
O mosteiro foi fundado em 1147, e foi mais tarde reconstruído em 1582, fora das muralhas da cidade à época. Do vasto conjunto de azulejos, podemos destacar uma série de 38 painéis que representam as fábulas de La Fontaine, e ainda um painel que representa D. Afonso Henriques na conquista de Lisboa.
4. Fábrica Sant’Anna
Esta é uma das principais fábricas de azulejos de Lisboa e do país. Está aberta a visitas, o que lhe permitirá observar os artesãos no processo da pintura manual. A loja que aqui existe apresenta também as suas produções, que são exportadas para todo o mundo.
A Fábrica Sant’Anna produz azulejos artesanais desde 1741, contando com peças originais na sua loja do Chiado e na fábrica em Belém. Aqui se fazem também reproduções de peças dos séculos XVII e XVIII, que podem, inclusive, ser enviadas além-fronteiras.
5. Fábrica Viúva Lamego
Tem sido responsável por diversas obras de azulejo, espalhadas tanto pela capital como pelo nosso país. O edifício onde se encontra a loja, localizado no Largo do Intendente, é um dos mais curiosos da cidade, tendo a fachada completamente coberta com azulejos coloridos.
A Fábrica Viúva Lamego foi fundada neste espaço em 1849, mas encontra-se agora em Sintra. Ainda assim, mantém aqui a loja com a sua fachada emblemática. As suas peças, pintadas à mão, têm decorado espaços como estações de metro em Lisboa e a Casa da Música no Porto, e são também exportadas para o mundo inteiro.
6. Convento dos Cardaes
Este convento barroco do século XVII mistura a talha dourada, a pintura, os azulejos e o mármore. Começou a sua construção em 1677 e concluiu-se em 1703, tendo uma rica decoração joanina e rococó no interior, que contrasta assim com o exterior, mais sóbrio.
Este espaço tem um conjunto importante de onze painéis figurativos de azulejos azuis e brancos, datados de 1692, que são da autoria do holandês Jan van Oort. Aqui se narra a história de Santa Teresa de Ávila, que era venerada no convento. Numa visita guiada pelo edifício, pode encontrar outras obras de produção nacional.
7. Palácio Nacional de Sintra
As origens do edifício remontam ao século IX, quando os mouros construíram um palácio no local. Este é um dos poucos palácios medievais do mundo que chegou até aos nossos dias praticamente intacto, começando por ser a residência oficial de D. João I no século XIV.
Aqui encontra também a maior coleção de azulejos hispano-mouriscos (com origem em Sevilha) da Europa. Encontra também uma importante coleção de azulejos barrocos, na Sala dos Brasões, com autoria de um dos mais destacados pintores do século XVIII, conhecido por Mestre P.M.P.
8. Palácio Pimenta
Esta casa nobre de meados do século XVIII é hoje parte do Museu de Lisboa, e apresenta elementos decorativos da época, nos quais se incluem azulejos azuis e brancos. Muitos são originais do edifício, e outros pertencem à coleção do museu. A grande maioria é dos períodos barroco e rococó.
Destacamos a antiga cozinha, com figuras de pesca e de caça, e com uma africana a arranjar peixe. Noutras salas, e até na escadaria nobre, encontra azulejos polícromos e uns curiosos painéis de chinoiserie.
O palácio foi construído por D. João V para uma freira sua amante, e mantém uma coleção de achados arqueológicos, de escultura e de pintura, bem como uma curiosa maquete de Lisboa antes do terramoto de 1755. Isto sem contar, claro, com a importante coleção de azulejos. Não deixe de visitar os jardins, onde se pode maravilhar com pavões, entre a fauna e a flora em cerâmica que foi criada por Rafael Bordalo Pinheiro.
9. Palácio Nacional de Queluz
Este é considerado um dos mais belos momentos de Portugal, sendo um palácio rococó que foi inspirado no de Versailles, e construído em 1747 com jardins formais. Foi residência oficial da Família Real no final do século XVIII, e ainda hoje se usa em visitas de chefes de Estado, bem como para galas e concertos, devido à excelente acústica da Sala da Música.
Apesar do espaço ser mais conhecido pelos seus belos jardins e pela arquitetura, tem também uma obra notável em azulejos. Falamos especificamente do Canal dos Azulejos de 1756, que tem paredes decoradas com painéis azuis e brancos. No interior do Palácio, encontra-se também o Corredor das Mangas, uma sala revestida de azulejos policromáticos neoclássicos, que representam as estações do ano, os continentes e algumas cenas da mitologia clássica.