Alguns bairros em Portugal são considerados muito perigosos, e infelizmente a situação parece não estar a melhorar. A maioria situa-se na periferia das grandes cidades e neles abundam problemas sociais e criminalidade, muitas vezes praticada por gangues de jovens. Muitos destes bairros são os chamados “bairros sociais”, que foram construídos para realojar pessoas que viviam antes em bairros de lata ou barracas.
As autarquias têm apostado nos apoios sociais e na inclusão, mas existe ainda muito para fazer, e por isso existem ainda muitas zonas a evitar em Lisboa, no Porto e nas suas áreas metropolitanas. De ressaltar, no entanto, que aqui vivem também boas pessoas, trabalhadoras e cumpridoras das regras cívicas elementares, que não devem ser confundidas com quem comete crimes e causa problemas.
Feita esta ressalva, importa alertar que as pessoas não nascem más ou criminosas e a tendência para o banditismo não é genético nem cultural. Na grande maioria das vezes é a falta de perspetivas de um futuro melhor ou a falta de oportunidades que conduzem a uma vida fora dos limites daquilo que a sociedade considera correto. Descubra alguns dos bairros mais perigosos de Portugal.
1. Bairro da Bela Vista (Setúbal)
Os primeiros realojamentos datam de 1980, tendo sido realojadas famílias residentes em barracas e de refugiados das ex-colónias. Desde então, o bairro tem sido palco de vários desacatos, sendo que um dos mais conhecidos ocorreu a 7 de maio de 2009, quando os moradores se revoltaram contra a PSP, após o funeral de um amigo que foi morto a tiro pela GNR.
A Câmara de Setúbal disse depois que queria desmantelar o bairro, mas o Sindicato Profissional da Polícia juntou-se ao Centro Cultural Africano e aos Sapadores Bombeiros e criaram um gabinete de gestão de conflitos.
2. Chelas (Lisboa)
Chelas é apresentada nos telejornais e manchetes dos jornais do nosso país através das notícias de tiroteios, perseguições e agressões à polícia e na escola. Estranhamente, este antro de violência encontra-se a menos de 10 estações de metro ou 15 minutos de carro da Praça do Comércio, apesar de para muitos ser só mais um bairro periférico.
Mas esta designação não é mais do que uma decisão política, porque Chelas não está mais longe da Praça do Comércio que locais como as Amoreiras, o Areeiro, Campolide, o Parque das Nações ou Alcântara. Mesmo assim, os taxistas não conduzem para o bairro e as pizzarias recusam-se a levar lá a comida.
3. Bairro da Jamaica (Seixal)
A Urbanização do Vale de Chícharos acolhe na sua maioria imigrantes de países africanos de língua portuguesa, existindo pessoas que viviam no bairro há mais de 20 anos. Os prédios inacabados foram ocupados por pessoas de baixa renda que não tinham condições para comprar casa, e que aguardam ao longo destes anos pela promessa de realojamento por parte da autarquia.
Numa das entradas do bairro, os visitantes são recebidos por murais pintados na parede que serve a instalação de transformadores da EDP, e que expõe os sentimentos de mudança e a visão do mundo pelos artistas que aspiram viver num bairro melhor.
4. Bairro Amarelo (Almada)
É também conhecido pelo Bairro do Picapau Amarelo, e tem sido muitas vezes cenário de reportagens pelos piores motivos, sendo que alguns realojamentos feitos sem planeamento prévio levaram a conflitos entre vizinhas e famílias realojadas.
O próprio convívio em bairros sociais não se torna fácil, especialmente quando as pessoas chegam às casas que lhes são atribuídas sem verem as suas necessidades básicas minimamente satisfeitas e acauteladas.
5. Bairro Portugal Novo (Lisboa)
Foi construída na década de 70 por uma cooperativa de habitação que, entretanto, faliu, e por isso encontra-se hoje numa situação confusa no que diz respeito à propriedade das habitações, que têm atualmente um elevado grau de degradação e abandono.
As ocupações de casas, os arrombamentos seguidos de ocupação de casas de idosos que faleceram recentemente, as vendas e aluguéis ilegais e até os empréstimos com agiotagem são comuns. Desde há 20 anos que tudo se encontra chamuscado de pequenas fogueiras, com janelas e portas entaipadas ou completamente destruídas, e com lixo espalhado pelas ruas.
6. Bairro Pinheiro Torres (Porto)
Teve nos últimos anos um novo protagonismo, graças ao tráfico de droga, o seu principal flagelo. Segundo as autoridades, é um dos principais focos de criminalidade da cidade, tendo já ocorrido aqui alguns homicídios em 2008, motivados por confrontos devido ao tráfico de drogas.
7. Bairro Quinta da Fonte (Loures)
Este bairro de construção clandestina recebeu, depois de 1977, muitas pessoas que viviam em bairros de lata na área de Lisboa e arredores. É um bairro jovem, com cerca de 50% dos seus habitantes a terem menos de 20 anos, e com a grande maioria a ser de origem africana: 75% são cabo-verdianos, mas há também guineenses e angolanos.
Nos últimos anos tornou-se também refúgio de trabalhadores dos países do Leste. Quanto a portugueses, estes são essencialmente oriundos do interior do país. A maioria da população ativa masculina trabalha na construção civil, e as mulheres trabalham essencialmente no serviço doméstico e de limpeza. Este bairro foi palco de vários confrontos violentos entre polícia e traficantes ao longo do tempo.
8. Quinta do Mocho (Loures)
A ocupação do bairro começou na década de 70, com imigrantes vindos das antigas colónias. Hoje, 90% dos habitantes são de origem africana. Um dos conflitos mais noticiado em tempos recentes aconteceu em agosto de 2008, num tiroteio entre dois gangues rivais que originou a morte de um rapaz com cerca de 20 anos.
9. Bairro do Cerco (Porto)
É o segundo maior bairro do Porto e tem diversos problemas de crime e toxicodependência. Recebeu também parte da população desalojada pela demolição do bairro de São João de Deus. Por aqui, roubos e apreensões de armas são habituais, existindo inclusive um Contrato Local de Segurança com espaço no bairro.
10. Quinta da Princesa (Seixal)
Foi inaugurada há cerca de 30 anos e é um bairro social onde várias nacionalidades se cruzam, com a esmagadora maioria dos habitantes a serem de origem africana. O bairro foi notícia a 10 de dezembro de 2008 porque alguns moradores mantiveram presos cinco rivais da Cova da Moura, guardados por cães de raça pitbull. O caso ficou conhecido como “Cárcere Privado” e resultou de um ajuste de contas por alegados negócios de tráfico de droga mal-sucedidos em 2006.
11. Cova da Moura (Amadora)
Este bairro de construção de casas clandestinas teve ocupação maciça em 1977. Hoje, a sua população é jovem, com 75% dos habitantes a terem origem cabo-verdiana. É um bairro conhecido pelas ligações ao tráfico de droga e de armas, e relatórios associam-no a muita da criminalidade verificada em Lisboa.
12. Bairro Branco (Almada)
No aglomerado de habitação social no Monte da Caparica, este bairro é identificado pela população como um local pouco seguro, com os prédios pintados de branco e pouco cuidados a não convidarem à permanência. Os crimes mais frequentes são relacionados ao tráfico de droga, mas há também relatos de furtos de carros e lutas ilegais de cães. A esquadra mais próxima fica no Pragal, embora esteja prevista a construção de um posto da GNR no Monte da Caparica.
13. Bairro Casal de Mira (Amadora)
Quem vive neste bairro, onde foram realojadas mais de 700 famílias que viviam em barracas, sente ainda o preconceito construído por um bairro problemático, mas trabalha já para um bairro melhor. O realojamento aconteceu entre 2004 e 2005, dando casa a milhares de pessoas que viviam em barracas na Azinhaga dos Besouros, na zona envolvente ao que é agora a CRIL.
Aqui vivem cerca de 2500 pessoas. Durante anos, o espaço viveu isolado, no alto de uma colina onde nem um autocarro subia. Casal de Mira foi aparecendo nos jornais e televisões pelas piores razões, entre desacatos, armas e drogas, e foi envergonhando quem ali vive, criando em torno do nome do bairro um preconceito difícil de gerir.
14. Bairro da Cucena (Seixal)
As notícias sobre confrontos no Bairro da Cucena são, infelizmente, bastante frequentes. As condições de vida neste local estão longe de ser as ideais, sendo que aqui vivem famílias que foram realojadas neste local e que eram oriundas de outros bairros problemáticos da região.
Este realojamento originou uma mistura explosiva entre a comunidade cigana, a maioritária, e a comunidade africana (oriunda sobretudo de São Tomé e de Cabo Verde). As fracas condições das habitações e o absentismo escolar são alguns dos motivos que tornam este bairro ainda mais problemático.