Barca d’Alva é um autêntico tesouro escondido na região do rio Douro, tamanha é a sua beleza. A aldeia está inserida no belíssimo Parque Natural do Douro Internacional, e determina os limites deste rio no nosso território, até porque dali já se avista Espanha.
A aldeia foi refúgio predileto do escritor Guerra Junqueiro, e foi em tempos um ponto estratégico internacional, integrada na margem esquerda do Douro. Hoje ali permanece, serena, a convidar-nos para um sublime passeio, não importa em que altura do ano.
Quem hoje vê esta pacata aldeia, não imagina que em tempos esta foi uma localidade dinâmica e um importante centro de passagem. Barca d’Alva era um local dinâmico, graças à construção da ligação ferroviária a Espanha.
Feita a ligação à estação de Boadilla, através de La Fregeneda, em Espanha, a linha do Douro acabou por se tornar numa linha internacional e na ligação mais direta entre o Porto e o resto da Europa, na época.
Mas o tempo e a política ditaram o encerramento deste troço a Espanha em 1985, e assim, Barca d’Alva perdia a sua ligação internacional. Foi em 1988 que por aqui passou o último comboio, encerrando-se em definitivo o último troço desta linha, entre o Pocinho e a fronteira com Espanha.
Ainda hoje pode visitar a estação de Barca d’Alva, que resistiu ao tempo. Ainda lhe restam algumas estruturas, como o velho depósito de água, o gabinete do Chefe e a plataforma giratória, testemunhos de um passado áureo.
Se é um amante de caminhadas, saiba que o troço encerrado da linha do Douro é muito popular para essa atividade e promete um esplêndido passeio à beira-rio. Leve as suas botas de sola dura e desbrave os cerca de 29 km de caminhos incríveis, passando por pontes e pequenos túneis, com as águas do rio Douro sempre como companhia.
Barca d’Alva encontra-se também muito ligada à agricultura, e por aqui encontra diversos olivais, vinhas, laranjais e amendoais. Na Primavera, esta aldeia ganha um encanto ainda maior, com as flores brancas, rosas e lilás das amendoeiras a formar um quadro que não vai certamente querer perder.
É nos finais de fevereiro, inícios de março, que a paisagem se transforma num cenário que parece saído de um conto de fadas. Mas em qualquer altura do ano poderá apreciar paisagens magníficas.
Se quiser vir visitar esta bela aldeia, aconselhamos que venha de carro, de modo a atravessar as incríveis paisagens das terras de xisto moldadas em socalcos pelo Homem. Como os caminhos são longos e sinuosos, vale a pena fazer a viagem de forma sossegada, de modo a aproveitar e apreciar devidamente a paisagem.
Outra boa forma de conhecer Barca d’Alva é embarcando num dos vários cruzeiros que aqui vêm parar, e que trazem muitos turistas nacionais e internacionais a esta pacata aldeia, onde poderá conhecer uma faceta diferente, mas não menos apelativa, do Douro.
Para além dos típicos cruzeiros no rio Douro, também pode conhecer a região caminhando ou conduzindo até outros locais de interesse. Se gosta de caminhar, uma das melhores opções é a Calçada de Alpajares, uma antigo caminho medieval que fazia a ligação entre as Terras de Miranda e as Terras de Ribacôa.
A poucas horas de carro fica a aldeia histórica de Castelo Rodrigo, uma das mais bonitas de Portugal e um tesouro quase desconhecido pela maioria das pessoas. As suas ruas e casas bem conservadas convidam ao passeio e o seu vasto património leva-nos a fazer uma autêntica viagem no tempo.
Outro local de destaque é a belíssima (e quase esquecida) vila histórica de Almendra, em Vila Nova de Foz Côa. O seu vasto património arquitetónico atesta bem o seu passado glorioso. Hoje, Almendra é apenas uma memória daquilo que já foi, mas dá gosto passear pelas suas ruas e apreciar os seus edifícios históricos.
E no fim da sua visita a Barca d’Alva, não vá embora sem antes comprar uma pequena lembrança ou um produto regional. Além de ajudar o comércio local, irá também contribuir para que os seus habitantes possam continuar a viver aqui e a recebê-lo sempre de braços abertos.
Boa tarde. Só para salientar que a foto ilustrada com a ponte do caminho de ferro, não pertence a Barca D’Alva. Essa imagem pertence ao lado espanhol e cerca de 7 klm de linha Espanha dentro. Hoje em dia é uma linha de comboio com vastos túneis e pontes onde qualquer pessoa mediante inscrição com pagamento, pode circular nos seus 17 klm de extensão. Deixo aqui a minha opinião, na qual por vezes leio na Vortex as maravilhas que existem no nosso país, mas certos pormenores que induzem ao erro os leitores. Neste caso pode levar alguém a procurar uma ponte no lado português que não existe, pondo em risco a saúde física de alguém que não tem a vontade de procurar nos pontos turísticos locais, fazendo com que se aventurem sem consciência por zonas perigosas ( e esse tipo de pessoas são as que mais existem, e digo por experiência de as tirar de zonas de risco ). Leio os vossos artigos e gosto de uma certa forma, só não gosto quando induzem ao erro, por isso, peço que se dêem mais ao aprofundar do que querem divulgar para desta forma minimizar certos enganos.
Ass: jotahiking