A aldeia vinhateira de Barcos é um dos locais mais bonitos e genuínos da região do Douro, sendo um local repleto de história onde a ligação das suas gentes à produção do vinho do Porto ainda hoje se faz sentir. Aqui ainda se respira as tradições de antigamente e todo o espírito desta belíssima região do vale do rio Douro.
Barcos e as suas gentes foram moldadas pelo Douro ao longo do tempo, e isso nota-se em cada uma das ruas desta que é uma das Aldeias Vinhateiras do Douro, designação oficial para um projeto que nasceu em 2001 e que inclui outras 5 aldeias (Provesende, Trevões, Salzedas, Favaios e Ucanha) onde é possível vivenciar as tradições da região do Douro e da produção daquele que é o mais famoso vinho português.
Como acontece no caso de qualquer aldeia portuguesa, a melhor forma de a conhecer é passeando pelas ruas, apreciando cada detalhe e conversando com as suas gentes. Em cada recanto, irá encontrar pormenores de grande beleza e simplicidade que vão encantar. Nos últimos anos, diversas casas típicas foram recuperadas, e Barcos começou assim a ganhar uma nova cara.
Mas, embora o número de turistas tenha aumentado de forma gradual, ainda se pode passear pelas suas ruas e não ver quase ninguém, a não ser os pouco mais de 600 habitantes. Afinal, Barcos continua a ser um dos segredos mais bem guardados do Douro.
Não podemos deixar de destacar a Igreja Matriz, datada do século XII, com as casas a terem sido construídas em redor desta, criando-se um emaranhado de ruas estreitas e sinuosas que nos transportam para uma localidade medieval, com um toque alegre dado pelas flores que se encontram em varandas e janelas.
Mas, passeando pelos becos e ruelas, conseguirá encontrar facilmente edifícios dignos de nota, como o Cruzeiro dos Centenários, a Fonte Velha, o antigo Forno da Confraria ou o Fontanário do Largo do Adro. Também poderá encontrar uma Via Sacra que termina junto à capela de Santa Bárbara e o Santuário de Santa Maria do Sabroso.
Tal como acontece em várias outras aldeias do Douro Vinhateiro, Barcos tem como presença constante os antigos solares e casas senhoriais, que testemunham o passado glorioso da localidade e que pertencem a famílias ligadas à produção e exploração do vinho do Porto, como o Solar dos Cunhas, o Solar dos Magalhães Coutinho ou a Casa dos Aguiar.
Se quiser visitar a aldeia numa altura mais animada, poderá fazê-lo durante a Festa das Vindimas, um ponto alto da vida cultural da localidade. Mas pode também encontrar muita animação no Carnaval, uma altura em que se cumprem tradições como o “Casamento dos Jovens”, o “Enterro do Entrudo”, a “Queima de Judas” e diversos jogos populares.
Claro está que visitar Barcos é muito mais do que percorrer as suas ruas e vivenciar as suas tradições e, uma vez que se encontra em pleno Douro, é inevitável desejar descobrir a paisagem circundante de socalcos e vinhas, percorrida por estradas sinuosas e com o rio em destaque.
Para o fazer, poderá seguir um dos diversos trilhos e percursos pedestres que passam pela aldeia e que conduzem ao Douro. Destacamos o percurso “Socalcos do Douro”, que liga Tabuaço, Barcos e Adorigo, que é circular e tem opções de 9,6 ou 17 km. O trilho “História e Natureza”, que atravessa Barcos e Santa Leocádia, é também circular e tem 7,8 km, sendo outra boa escolha.
Qualquer um destes trilhos possibilita a descoberta não só da aldeia, mas igualmente do seu património arquitetónico e da paisagem vinhateira que a rodeia e que mudou a sua história e tradições. Os dois percursos têm dificuldade moderada. Nos arredores, poderá também descobrir locais como o Miradouro de São Leonardo da Galafura.
Outro dos grandes destaques de Barcos é a sua gastronomia, sendo famosos o arroz de forno, o cabrito assado, os milhos e os enchidos, que podem ser provados no mais famoso restaurante da aldeia, a Quinta dos Magusteiros, que conta também com alojamento para turistas. Outras opções de alojamento são a Quinta do Monte Travesso, a Quinta da Padrela ou, no centro da aldeia, o Refúgio d’Anita.
No final da visita, não se esqueça de levar consigo alguma peça de artesanato típico da região, com destaque para os trabalhos em linho, lã e algodão, peças simples feitas por artesãs locais que aprenderam a arte com os seus antepassados, e que não só lhe dão uma recordação de Barcos e do Douro, como lhe permitem ajudar a economia local.