No Centro de Portugal é possível encontrar locais incríveis que parecem quase saídos de um filme ou de um conto de fadas, de tão belos que são. O arquipélago das Berlengas é um bom exemplo disso mesmo, tendo sido recentemente destacado em diversos artigos internacionais pelas suas maravilhas naturais. Afinal, a Reserva Natural das Berlengas é um autêntico paraíso, de águas cristalinas e falésias deslumbrantes, que lhe assegura uma tranquilidade fantástica para relaxar, seja em que altura do ano for.
Este arquipélago consiste num possante bloco granítico, território que pertence à freguesia de São Pedro, no concelho de Peniche. As ilhas encontram-se a cerca de 10 km da costa, no meio das águas do Atlântico, que aqui apresentam um azul intenso, tão opaco que não permite ver o fundo.
A forma como a água se apresenta varia muito consoante o estado do tempo, com o oceano a bater de forma afetuosa nas rochas nos dias bons, e a mostrar-se raivoso e impraticável em dias de tempestade. Não é por acaso que as Berlengas são consideradas um paraíso selvagem.
A Reserva Natural das Berlengas constitui-se por 3 grupos de ilhéus, sendo que o arquipélago é formado por um conjunto de pequenas ilhas e recifes costeiros, distribuídos por 3 grupos: a Ilha da Berlenga, as Estelas e os Farilhões-Forcadas. O património biológico que aqui podemos encontrar é riquíssimo, sendo essa a razão pela qual o local se encontra classificado como Reserva Natural desde 1981.
O valor desta área foi também reconhecido a nível europeu, estando o local classificado como Zona de Proteção Especial para Aves Selvagens. Faz parte também da Rede Natura 2000 e, em 2011, a UNESCO atribuiu-lhe a classificação de Reserva Mundial da Biosfera.
No arquipélago, podemos encontrar espaços de vegetação exuberante, nos quais poderá encontrar espécies únicas, como a Armeria berlegensis e a Herniaria berlengiana. São também várias as aves que encontram nestas águas o sítio perfeito para nidificar ou fazer uma pausa nas suas viagens migratórias. Uma dessas aves é o airo (Uria aalge), símbolo da Reserva Natural, e que encontra o seu único local de nidificação no nosso país na Ilha da Berlenga.
Como esta é uma Reserva Natural, não poderá visitar a sua totalidade, mas pode sempre conhecer uma das ilhas, a Berlenga Grande, que é a maior ilha do arquipélago e a única visitável. Esta ilha apenas pode ser alcançada ao realizar-se uma excursão de barco, de cerca de 30 minutos, partindo do porto de Peniche.
Curiosamente, as Berlengas apenas podem ser acedidas por 550 pessoas em simultâneo, e, por isso, os interessados em visitar a ilha precisam de fazer uma inscrição com a devida antecedência, sendo que a visita tem o custo de 3 euros.
Para além de realizar a viagem para a ilha, uma vez lá chegado poderá fazer diversas atividades, como passeios pedestres, observação da natureza, passeios de barco e visitas às grutas.
Assim que se chega à ilha, destacam-se as suas falésias imponentes e, após chegar ao porto, o grande destaque vai para as casas brancas, que surgem empoleiradas na encosta. Esta é uma zona de pescadores, que são proprietários das pequenas construções, que têm apenas o básico para se viver.
Se é um apreciador de percursos pedestres, a Berlenga grande tem duas opções imperdíveis. A primeira é o Percurso da Ilha Velha, nome dado à parte Noroeste da ilha, que quase se encontra separada do resto devido a uma falha geológica.
Ao longo do percurso, irá encontrar muitas plantas e alguns dos animais que habitam a ilha, especialmente aves. Procure manter-se sempre no caminho sinalizado para não causar dano à vegetação.
O segundo percurso a não perder é o Percurso da Berlenga, que tem cerca de 3,3 km de extensão e começa no cais. O caminho vai-lhe permitir chegar ao topo da ilha e a uma das suas atrações, o forte de São João Batista, contando sempre com vistas incríveis.
Outra atração que poderá ver ao longo do caminho é o farol do Duque de Bragança. Aliás, tanto o forte como o farol merecem uma visita demorada, quer faça ou não estes percursos pedestres.
O farol do Duque de Bragança foi construído em 1841, e começou a trabalhar com energia solar depois de 2001. A partir daqui, é possível avistar as Estelas e Farilhões, que fazem parte do arquipélago, e, em dias claros, é possível avistar a Serra de Sintra, a Serra de Montejunto e o promontório da Nazaré.
Quanto ao forte de São João Batista, foi construído no reinado de D. João IV, tendo sido palco de diversas contendas. O local sofreu algumas obras na década de 30 do século XX, e, em 1938, foi classificado como Monumento Nacional. Na década de 50 do século passado, foi totalmente recuperado e convertido em casa de hóspedes.
Portanto, como pode ver, não faltam motivos para visitar o magnífico arquipélago das Berlengas. Se o fizer, no entanto, lembre-se sempre de respeitar a natureza e as indicações que lhe são dadas, de modo a deixar este paraíso tal como o encontrou.