A aldeia de Broas está totalmente abandonada há mais de 40 anos e, segundo alguns, não foi modificada após o seu abandono. Esta aldeia desabitada situa-se maioritariamente na freguesia de Cheleiros, concelho de Mafra, e a sua restante área na freguesia de Terrugem, já no concelho de Sintra. O acesso ao local é difícil, mas, apesar disso, a aldeia encontra-se próxima de importantes vias de circulação, como a N9, a N247, IC16 e a A21.
Broas está rodeada de um vasto património cultural natural, de um ponto de vista do coberto vegetal, dos afloramentos rochosos e de alguma fauna endémica da zona. A topografia do terreno desta aldeia tem várias elevações cónicas, ou broas, daí o seu nome. Desenvolveu-se numa encosta orientada para o vale de Cheleiros, onde confluem a ribeira da Cabrela e o rio Lizandro.
Esta aldeia, com características saloias, é composta por cerca de 9 habitações, 4 lagares, vários armazéns e currais, um pombal e várias eiras. Grande parte dos terrenos em redor, ainda hoje delimitados por muros de pedra, eram usados para fins agrícolas. Em Broas, não existe qualquer tipo de edifício religioso, administrativa ou comercial, tendo sido a aldeia sempre dependente dos serviços de outras aldeias.
As casas aqui são compostas por casas de fora, quartos e cozinhas, sendo que nesta última divisão existe sempre um forno. As habitações possuem 2 pisos e os outros edifícios têm apenas piso térreo. A casa mais recente data de 1888.
A marca distintiva da aldeia é um grande freixo rodeado por bancos de pedra, bem no centro do povoado, onde era frequente a população reunir-se para conviver e debater assuntos. Broas chegou a ter cerca de 25 habitantes, com os dias destes a basear-se no ritmo das culturas e da pastorícia. Hoje, a aldeia é apenas um esqueleto de pedra.
Desde que o último habitante saiu da aldeia, esta não sofreu alterações a nível arquitetónico, sendo por isso uma das poucas aldeias medievais portuguesas já abandonadas, em bom estado de conservação. Nos últimos anos, Broas tem sido mencionada em vários artigos de jornais locais e sido objeto de estudo por parte de vários investigadores.
Aparece inclusive categorizado como imóvel não classificado de interesse patrimonial na revisão do plano diretor municipal da Câmara Municipal de Mafra de 2009. Hoje, a aldeia está integrada em alguns roteiros culturais desportivos, sendo bastante procurada por praticantes de atividades ao ar livre.
A povoação mais próxima a Broas, Almorquim, dista cerca de 600 metros, sendo que as 2 aldeias estão separadas por um caminho que apenas é transitável a pé, por bicicleta ou por pequenos veículos motorizados. Um dos acessos originais era uma estrada de origem romana, da qual ainda se podem encontrar vestígios.
Tem-se descoberto indícios da ocupação humana na margem esquerda da ribeira de Cheleiros, onde se situa Broas, datadas do período Paleolítico. Vários achados arqueológicos permitem sustentar que, na época romana, toda a zona de Faião, bem próxima da aldeia, existia grande ocupação. No entanto, o primeiro registo desta data do censo populacional de 1527, sendo que neste documento a aldeia aparece denominado como “Aldea das Boroas”, com termo da Vila de Chilheiros.
Em 1805 sabe-se que Boras já pertencia à freguesia de Cheleiros, concelho de Mafra, como revela o marco geodésico que por ali se encontra. Em 1834, define-se a divisão administrativa entre os concelhos de Mafra e Sintra, tendo a aldeia sido delimitada por 2 concelhos.
Em 1936 Broas é mencionada como sendo parte integrante da freguesia de Cheleiros. Em 1950, viviam na aldeia cerca de 25 pessoas, ou seja, 6 a 7 famílias. A partir daí, a quantidade de habitantes decresceu, sabendo-se que a última habitante de Broas foi a Ti Joaquina, segundo uma antiga moradora da aldeia.
Não se sabe exatamente a data exata do abandono da aldeia, mas todas as datas recolhidas inserem-se num período que vai desde 1969, altura em que sucedeu um terramoto que abalou a zona de Lisboa, até 1982. Desde essa data que a aldeia nunca mais foi habitada, o que permitiu que mantivesse a sua forma original.
Tal como aconteceu com muitas aldeias de Portugal, Broas foi perdendo população devido a vários fatores. A agricultura praticada na aldeia tornou-se pouco rentável e deixou de garantir oportunidades de emprego, o que teve um grande peso negativo sobre a economia local. Assim, alguns dos habitantes viram-se obrigados a abandonar as suas casas em busca de rendimentos mais atrativos.
Tal como aconteceu noutros casos de desertificação, a população tornou-se envelhecida e quem explora as atividades económicas da região possui baixa qualificação académica. A falta de inovação, de equipamentos e infraestruturas de apoio, bem como de outros meios de progresso, complementaram as razões para o declínio da aldeia.
Broas não foi capaz de acompanhar a evolução dos tempos, não havendo o investimento necessário para manter o conforto dos seus habitantes. Com o tempo, os acessos à aldeia foram-se degradando, o que dificultava cada vez mais a passagem de veículos automóveis. Broas nunca chegou a ser dotada de infraestruturas básicas, como água canalizada, eletricidade, telefone ou saneamento, o que fez com que a população, sobretudo a mais jovem, partisse à procura de melhor qualidade de vida e estatuto social.
Outro fator que contribuiu para o abandono da aldeia foi a divisão entre concelhos a que Broas está submetida, já que nem a Câmara de Sintra nem a de Mafra assumiram o papel essencial para o seu apoio. Assim, muitos dos habitantes que daqui saíram acabaram por se fixar em aldeias vizinhas como Faião, Cabrela, Cheleiros ou Almorquim, enquanto outros foram para Lisboa e alguns até emigraram para França.