Lugar de ocupação antiga, a Cacela Velha é um local dotado de uma grande beleza, encontrando-se na reta final da belíssima Ria Formosa. Os seus atrativos naturais e a sua história rica têm atraído cada vez mais pessoas, que procuram um Algarve mais calmo, longe da confusão dos grandes centros turísticos.
Aqui não faltam vestígios de um passado longínquo. Em 713, passou para a mão dos muçulmanos, sendo conhecida então como Hisn-Kastala ou Qastallat Dararsh, de onde deriva o seu atual nome.
A povoação foi terra natal de diversos poetas, como Ibn Darraj Al-Ostalli e Abu Al-Abdari, nomes que ainda hoje são homenageados nas ruas de Cacela. A localidade foi conquistada pelos cristãos em 1240, sob o comando de D. Paio Peres Correia, mestre da Ordem de Santiago.
Foi sede de concelho e recebeu foral de D. Dinis em 1283. A dinâmica da ria em muito contribuiu para a importância de Cacela, apesar de as mudanças na linha costeira e os ataques de piratas irem repelindo a população para o interior.
Em 1755, o que restava do conjunto antigo foi abalado pelo terramoto e maremoto. 20 anos depois, o concelho foi abolido e uniu-se ao recém-criado concelho de Vila Real de Santo António.
O conjunto da Cacela Velha foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1996. Nos últimos anos, o local tem vindo a ser alvo de escavações arqueológicas, coordenadas por Maria João Valente, que têm ajudado a descobrir alguns pontos da história local.
Debruçada sobre a Ria Formosa, a Cacela Velha marca o fim deste sistema lagunar, classificado como Parque Natural. Aqui se cria uma espécie de cul-de-sac, onde as águas têm problemas a circular, o que levou a que as autoridades abrissem uma barra artificial no cordão dunar, em 2010.
Nas águas aos pés da fortaleza de Cacela, já não existem viveiros de ostras, tão comuns antigamente. Um temporal, cujas consequências foram agravadas graças à barra artificial, destruiu o trabalho de anos do viveirista Jorge Minhalma. Hoje, tudo o que resta são os vestígios dessas estruturas.
O forte é uma das grandes atrações da localidade, vestígio de um tempo áureo. No entanto, os temporais invernais, em que o mar galga a duna primária e entra pela barra, têm levado a que as ondas consigam escavar a base do monte onde se encontra esta fortaleza do século XVI, fazendo temer pelo seu futuro.
Outros locais a visitar são a igreja, o antigo cemitério (que é hoje um espaço cultural) e o jardim representativo da flora algarvia, criado nos últimos anos pelas mãos de Teresa Patrício e de outros voluntários.
Do miradouro, que se encontra junto à igreja e à fortaleza, pode apreciar a paisagem de forma desimpedida, podendo ver os prédios de Monte Gordo de um lado e o casario de Cabanas de Tavira do outro.
Olhando em frente, pode admirar o cordão dunar, que é hoje acessível a pé, mesmo durante a maré cheia. Respire fundo e aprecie o momento. Afinal, está em Cacela Velha, debruçada sobre a Ria Formosa e com muitas histórias para lhe contar.
Se quiser explorar as redondezas, existem vários locais dignos de uma visita, com especial destaque para as praias. Afinal de contas, Manta Rota, Monte Gordo e Tavira ficam apenas a alguns minutos de distância. A praia da Fábrica, mesmo em frente a Cacela Velha, já foi considerada como uma das mais bonitas do mundo e também merece um destaque especial.
A gastronomia é outro dos grandes atrativos. Os pratos à base de peixe e marisco são as grandes estrelas, obviamente. A qualidade dos mesmos é inegável, especialmente se forem feitos à boa maneira algarvia.