Com a chegada do inverno, muitos portugueses recorrem a lareiras, salamandras ou salamandras a lenha para aquecer as suas casas. Estes sistemas, para além de proporcionarem um ambiente acolhedor, são uma alternativa económica e ecológica face a outras formas de aquecimento.
No entanto, a eficácia do sistema de aquecimento depende, em grande parte, da qualidade da lenha utilizada. Mas qual é a melhor escolha? Carvalho, azinho, faia ou outra madeira?
Analisamos as características das diferentes madeiras utilizadas como lenha, as suas vantagens e desvantagens, e ajudamos a escolher a opção mais adequada às suas necessidades.
O que torna uma madeira adequada para lenha?
A escolha da lenha ideal deve considerar três fatores principais:
- Densidade da madeira: As madeiras densas, como o carvalho ou o azinho, ardem mais lentamente e produzem maior quantidade de calor. Já as madeiras menos densas, como o pinho, ardem mais rapidamente e geram menos calor.
- Conteúdo de humidade: A lenha deve ser bem seca (com humidade inferior a 20%) para uma queima eficiente. A lenha verde ou húmida produz menos calor e mais fumo, além de deixar resíduos como o creosoto na chaminé.
- Facilidade de obtenção: A disponibilidade da lenha na sua região pode influenciar o preço e a comodidade. As madeiras locais são geralmente mais económicas e têm um menor impacto ambiental devido à redução dos transportes.
As principais opções de lenha em Portugal
1. Carvalho
O carvalho é uma das opções mais procuradas para o aquecimento. Esta madeira densa e dura queima lentamente, produzindo um calor constante e duradouro.
Vantagens:
- Elevada densidade, oferecendo um excelente poder calorífico.
- Queima lenta, ideal para aquecer a casa durante várias horas.
Desvantagens:
- Pode ser mais cara, devido à sua elevada procura.
- Requer um tempo de secagem prolongado (pelo menos dois anos) para atingir a humidade ideal.
2. Azinho
O azinho, uma das espécies de carvalhos ibéricos, é muito utilizado no sul de Portugal. É uma madeira extremamente densa e eficiente para o aquecimento.
Vantagens:
- Elevado poder calorífico, semelhante ao carvalho.
- Produz pouca cinza e é ideal para lareiras e salamandras.
Desvantagens:
- Poderá ser difícil de encontrar noutras regiões do país, fora do Alentejo.
3. Faia
A faia é uma madeira de densidade média, mas muito popular para lareiras devido à sua queima relativamente limpa.
Vantagens:
- Boa capacidade de gerar calor.
- Queima com menos fumo e odores, sendo adequada para ambientes fechados.
Desvantagens:
- Queima mais rapidamente do que o carvalho ou o azinho, necessitando de reposição frequente.
4. Sobreiro
O sobreiro, semelhante ao azinho, é uma excelente opção para quem vive em regiões onde esta árvore é abundante.
Vantagens:
- Madeira densa, com grande poder calorífico.
- Produz calor constante e duradouro.
Desvantagens:
- A disponibilidade pode ser limitada devido à legislação que regula o abate de sobreiros.
5. Pinho
O pinheiro é uma madeira de conífera muito abundante em Portugal. Embora seja frequentemente utilizado, não é a melhor opção para aquecimento prolongado.
Vantagens:
- Fácil de encontrar e geralmente mais económico.
- Acende-se rapidamente, sendo útil para iniciar o fogo.
Desvantagens:
- Queima rapidamente e produz menos calor.
- Liberta resinas que podem deixar depósitos na chaminé, exigindo limpezas mais frequentes.
Como garantir a melhor eficiência na queima da lenha
Independentemente do tipo de lenha escolhido, existem medidas importantes para maximizar a sua eficiência:
- Armazenamento adequado: A lenha deve ser armazenada em local seco, ventilado e protegido da chuva. Uma boa prática é empilhá-la de forma organizada, permitindo a circulação do ar entre os troncos.
- Preparação e corte: Certifique-se de que os troncos estão cortados em tamanhos adequados ao seu sistema de aquecimento.
- Mistura de lenhas: A combinação de lenhas de alta densidade (como o carvalho ou o azinho) com madeiras leves (como o pinho) pode facilitar o acendimento e garantir um calor constante.
Impacto ambiental da utilização de lenha
A utilização de lenha é considerada uma forma de aquecimento mais sustentável do que os combustíveis fósseis, desde que seja feita de forma responsável. A lenha proveniente de florestas geridas de forma sustentável ou de restos de podas evita a desflorestação e reduz o impacto ambiental.
De acordo com a Agência para a Energia (ADENE), a lenha é uma das formas de energia mais acessíveis em Portugal, contribuindo para a redução da dependência de fontes energéticas não renováveis, desde que a queima seja eficiente e controlada.
Como escolher a melhor lenha para si
A escolha da melhor lenha depende de vários fatores:
- Disponibilidade local: Opte por lenha produzida na sua região para reduzir custos e impacto ambiental.
- Sistema de aquecimento: As salamandras e os recuperadores de calor a lenha são mais adequadas para madeiras densas como o carvalho ou o azinho, enquanto as lareiras abertas podem utilizar uma combinação de madeiras.
- Orçamento: As madeiras de alta densidade, como o carvalho, podem ser mais caras. No entanto, o seu rendimento compensa o investimento a longo prazo.
Carvalho, azinho, faia ou outra madeira? A resposta depende das suas necessidades e condições específicas. Se procura uma lenha com elevada eficiência e longa duração, o carvalho ou o azinho são excelentes escolhas.
Para uma opção mais económica, o pinho pode ser utilizado como complemento. Independentemente da sua escolha, garantir que a lenha está seca e armazenada corretamente é fundamental para obter os melhores resultados.
Ao escolher a lenha ideal, está não só a melhorar o conforto da sua casa, como também a contribuir para uma utilização responsável dos recursos naturais. Que o calor da sua lareira seja sinónimo de um inverno acolhedor e sustentável!