Era parte de uma densa floresta com outros carvalhos autóctones, embora sempre tivesse reunido um afeto especial da população, pelo seu porte, pela sua idade, pela sua sombra e pela cratera funda que recorta o seu tronco principal. O Carvalho de Calvos tem uma longa história e acompanhou a vida dos locais ao longo de séculos, acabando por fazer parte da comunidade de uma forma única. Afinal, quantos piqueniques comunitários não terá visto? E quantas juras de amor presenciou?
Hoje, este carvalho-alvarinho encontra-se num parque, onde apenas existe vegetação rasteira e uma ou outra árvore que sobreviveu à limpeza florestal que o município efetuou, de modo que o palco fosse todo desta centenária árvore.
O Carvalho de Calvos tem tal dimensão que precisa de ter esteios nos troncos mais pesados, para que cresçam sem risco de quebrar. Em termos de altura, chegará perto dos 30 metros e, em largura, a sua copa deve chegar aos 100 metros.
No que toca ao tronco, o perímetro não deve estar abaixo dos 10 metros. Apesar de todo este peso bruto, o conjunto vem acompanhado de graciosidade, devido à aparente aleatoriedade dos ramos, orientados com sabedoria.
Vendo o seu tamanho massivo, não podemos deixar de nos indagar sobre a sua idade. Inicialmente, acreditava-se que esta árvore superava os 500 anos, mas estudos mais recentes deram-lhe uma idade mais próxima dos 700 anos de vida, o que é uma enormidade para esta espécie. Estas estimativas levaram a que o Carvalho de Calvos fosse considerado o mais antigo carvalho da Península Ibérica, assim como o segundo mais antigo da Europa.
É claro que existe sempre a possibilidade de existirem carvalhos mais antigos, que não são conhecidos ou foram alvo de avaliação, mas, mesmo assim, o título assenta muito bem ao Carvalho de Calvos, até porque, se por acaso não for exatamente assim, a verdade não anda muito longe disso.
Junto ao parque que a Câmara Municipal renovou, foi construído um edifício, que procura dar alguma informação aos curiosos sobre esta árvore, garantindo também uma função pedagógica com o público mais jovem.
O Centro Interpretativo do Carvalho de Calvos é também palco de diversas atividades e eventos, por entre apresentações de livros, exposições de artesanato, workshops dedicados ao reaproveitamento e passatempos lúdicos para as crianças.
O local tem também uma horta biológica, que pode ser trabalhada por quem se comprometer a isso. Recentemente, foi criado também um centro de BTT, para todos os que pretendem percorrer o concelho em bicicleta. Portanto, agora o Carvalho de Calvos é o objeto principal de um complexo didático e turístico.
Em termos de importância nacional, o Carvalho de Calvos divide as atenções com outro exemplar famoso localizado em Trás-os-Montes. O Carvalho negral de Rio de Onor tem 23 metros de altura, diâmetro de copa de 20 metros e 6,05 metros de diâmetro na base, tendo sido classificado como “árvore de interesse público” em 2012. Localiza-se em Rio de Onor e não se sabe ao certo a sua idade, mas pensa-se que tenha cerca de 500 anos.
Na placa informativa, colocada pelo Parque Natural de Montesinho, encontra mais explicações sobre este “exemplar centenário, de porte notável para a espécie, de fuste grosso e copa ampla, que dá abrigo e sombra ao gado, pastores e a viandantes”.
Feita a visita ao Carvalho de Calvos, não pode deixar de descobrir outros encantos de Póvoa de Lanhoso. Não podemos deixar de destacar o castelo de Lanhoso, que foi especialmente querido a D. Teresa, mãe de Afonso Henriques, que alguns consideram como sendo a verdadeira primeira monarca de Portugal. Logo ao lado, vai encontrar o Castro de Lanhoso e o santuário de Nossa Senhora do Pilar.
De destacar também o Centro Interpretativo Maria da Fonte, o pontão da Barragem de Andorinhas, a praia fluvial de Verim, o pelourinho de Moure, e o santuário da Senhora de Porto d’Ave. Se viaja com crianças, não pode perder a visita ao DiverLanhoso, um dos maiores parques de aventura no continente europeu.