O Porto é uma cidade repleta de cultura e história, com museus para todos os gostos. No entanto, há um que se destaca pela sua excentricidade e singularidade: a Casa Museu Fernando de Castro. Esta foi a residência de Fernando de Castro (1889-1946), um homem dedicado à poesia, à caricatura e à colecção de obras de arte.
Fernando de Castro transformou a sua casa num museu peculiar, decorando-a com talha dourada, pinturas, esculturas, cerâmicas e outros objetos que recolheu de igrejas, conventos e antiquários.
Aberta a todos os que a queiram explorar, esta casa impressiona pela sua riqueza e diversidade artística, bem como pela sua atmosfera cativante e excêntrica. É um verdadeiro tesouro escondido no Porto que merece ser descoberto.
Nascido no Porto em 1889, Fernando de Castro era filho de um comerciante da Rua das Flores. Desde cedo demonstrou interesse pela arte e pela literatura, escrevendo poemas e fazendo caricaturas. Preferiu dedicar-se às suas paixões, em vez de seguir o negócio do pai.
Com uma fortuna considerável, viajou pelo mundo e colecionou obras de arte. Adquiriu peças de igrejas e conventos em processo de demolição ou abandono, bem como de antiquários e leilões. Encomendou também trabalhos a artistas contemporâneos, como o pintor António Carneiro e o escultor Teixeira Lopes.
Na Rua Costa Cabral, Fernando de Castro decorou a sua casa com as peças que colecionou, criando um ambiente surpreendente. As paredes, tetos e mobiliário foram revestidos com talha dourada, contrastando o exterior discreto com um interior luxuoso.
As várias salas da casa exibem pinturas, esculturas e cerâmicas, misturando diferentes estilos e épocas. A biblioteca conta com milhares de livros, e a sala de baile destaca-se por um vitral no teto.
Fernando de Castro viveu nesta casa até à sua morte, em 1946. Sem herdeiros, a sua irmã doou toda a coleção ao Estado, criando a atual Casa Museu. Administrada pelo Museu Nacional de Soares dos Reis desde 1952, abriu ao público em 1963.
Visitar este recanto do Porto é uma experiência única, revelando a mente e o coração do seu antigo proprietário. Cada sala reflete a sua personalidade, gostos e emoções.
Com três pisos e cerca de 20 salas, algumas das mais emblemáticas incluem:
- Sala Minhota ou Sala Regional: Dedicada à região do Minho, com trajes regionais, tamancos, cestos e louça.
- Sala de Jantar: Impressionante pela talha dourada nas paredes e teto, exibe pinturas do século XVII ao XX, esculturas em madeira e marfim, e cerâmicas.
- Galeria do 1º Piso: Liga as salas deste piso, com inúmeras pinturas e estatuetas, mas menos decorada do que outras salas.
- Sala Amarela: Destaca-se pela sua cor e luminosidade, com pinturas de António Carneiro e outras obras de arte.
- Galeria do 2º Piso: Ocupa todo o comprimento do pavimento, com pinturas de vários autores e épocas, bem como esculturas em bronze e marfim.
- Quarto de Dormir: Onde Fernando de Castro dormia, com o seu retrato, cama, toucador, guarda-roupa e objetos pessoais como o relógio, chapéu e bengala.
Estas são apenas algumas das muitas salas a descobrir na Casa Museu Fernando de Castro, incluindo a Sala dos Espelhos, Sala dos Azulejos, Sala dos Cristais e Sala dos Livros.