Se quer conhecer um dos mais especiais castelos de Trás-os-Montes, então o Castelo de Algoso é a escolha certa. Localiza-se no topo de um rochedo e quase se confunde com ele. Apesar de modesto e isolado, foi um dos mais importantes castelos do leste transmontano na defesa do Reino contra as tropas de Leão.
Terá sido construído no século XII e foi doado posteriormente à Ordem dos Hospitalários de Malta, que fizeram obras de remodelação. As vistas a partir do Castelo de Algoso são deslumbrantes e merecem, por si só, o passeio. Toda esta região de Trás-os-Montes tem muito para visitar e para saborear.
Pela sua localização, o Castelo de Algoso é um dos mais bonitos e peculiares de Portugal. É difícil encontrar outro castelo que se situe num penhasco rochoso com quase 700 metros de altitude. Daqui era possível controlar uma vasta área de Trás-os-Montes e o castelo foi crucial nos tempos em que as guerras na fronteira eram constantes.
Aliás, a sua importância era tal que existe um pormenor curioso que o atesta na perfeição: existem 6 castelos visitáveis em Trás-os-Montes e, num dia limpo de sol, todos eles se avistam a partir de cada um. São eles: Algoso, Bragança, Miranda do Douro, Mogadouro, Penas Roias e Vinhais. Assim, era possível comunicar entre castelos em caso de ataque do inimigo.
Terá sido fundado por D. Mendo Rufino no início do século XII, amigo de D. Henrique e de D. Teresa mas que terá apoiado o jovem D. Afonso Henriques na sua luta contra a própria mãe. A sua importância era tal que, mais tarde, D. Sancho I acabou por adquiri-lo, trocando-o pelo vizinho castelo de Vimioso.
No castelo de Algoso viveram, durante muito tempo, os coletores de impostos de toda a região das Terras de Miranda. Mais tarde, D. Sancho II acabaria por doá-lo à Ordem de São João do Hospital e depois à Ordem de Malta, que aqui estabeleceu a sua sede até ao século XVIII.
Mas a evolução da história acabaria por retirar muita da importância estratégica ao castelo de Algoso. Com a pacificação da fronteira, o castelo principal da região passou a ser novamente o de Vimioso, que tinha as condições ideais para controlar o comércio da região. Em 1710 ainda viviam 20 soldados no castelo que, apesar de poucos, eram os suficientes para o manter ativo.
O abandono da aldeia por parte da população acabaria por contribuir para a sua decadência final. Agora que as guerras tinham deixado de ser frequentes e existia mais segurança, mudaram-se para o vale para ter mais acesso à água, um bem que escasseava no penhasco onde se situa o castelo.
No entanto, conta a lenda que a verdadeira razão do abandono da aldeia teria sido uma forte praga de formigas, que abundavam por estes lados, e que destruíam os mantimentos guardados pela população. Qualquer que tenha sido o motivo, o certo é que o castelo ficou totalmente abandonado no século XVIII.
Lá em baixo, passam os rios Angueira e Maçãs. Existe ainda uma ponte romana a cruzar o rio Angueira, testemunho dos vários povos que por aqui passaram ao longo dos séculos. A pequena aldeia de Algoso tem um património humilde, mas interessante, destacando-se as suas igrejas, capelas e o pelourinho.
Se quiser explorar mais esta região, pode fazer de Algoso o seu centro e partir à descoberta pelos recantos mais genuínos de Trás-os-Montes. A poucos quilómetros de distância está Vimioso, a sede do concelho. Viajando pouco mais de 30 minutos, chega até Miranda do Douro, com as suas imponentes arribas que acolhem o Douro Internacional, a parte mais selvagem do rio.
Mais a sul, encontra Mogadouro e outra pérola das fortificações transmontanas: o castelo de Penas Roias, que pertenceu aos templários. Se optar por seguir para leste, chega até Alfandega da Fé e aos domínios das exuberantes amendoeiras em flor (se quer vê-las, deve fazê-lo nos inícios de Março).
No final da sua visita ao castelo de Algoso, não vá embora sem antes comprar uma pequena lembrança ou um produto regional. Para além de comprar um produto de qualidade, irá também contribuir para que a população local possa continuar a viver aqui e a recebê-lo sempre de braços abertos.