Quem visita o castelo de Lanhoso, irá conhecer não um monumento, mas sim cinco, até porque, mesmo ao lado, podemos encontrar o núcleo museológico, o santuário da Senhora do Pilar, o Castro de Lanhoso e a Laje Grande, para além da fortificação em si. Todo este complexo se encontra a norte da vila de Póvoa de Lanhoso e, apesar de se encontrar desabitado, tem, ainda hoje, um papel agregador na comunidade.
Tal como aconteceu noutras construções do género no nosso país, o castelo que hoje vemos foi construído em cima de outro mais antigo, sendo que este já tenha sido construído em cima de outro, e por aí fora. Segundo parece, já aqui existia um forte na fase inicial do Calcolítico, ou seja, há cerca de 5 mil anos.
Esta fortificação original terá servido de reduto às tribos que aqui viveram até à Idade do Ferro, sendo depois assimilado pela Cultura Castreja. Com a chegada dos romanos, foi readaptado a posto de vigia, de modo a controlar a via que ligava Bracara Augusta (a atual Braga) a Asturica Augusta (a atual Astorga).
Pensa-se que existiu um longo hiato durante a influência romana, que perdurou com a vigência sueva e visigótica. Foi necessária a invasão sarracena para se voltar a olhar para esta colina, e foi neste contexto que o bispado de Braga decidiu recorrer a velhos baluartes para proteger a cidade, sendo que um deles era o de Lanhoso, que foi recuperado para esse propósito. Assim, a versão medieval do castelo de Lanhoso foi fundada antes da nacionalidade, provavelmente no século XI.
O castelo acabou por se tornar poiso habitual de D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, que é considerada por muitos como a primeira monarca do nosso país. Teresa foi uma das primeiras vozes a clamar por um Portugal independente, a ponto de enfurecer a sua meia-irmã, a rainha de Leão e Castela.
Dessa posição resultou uma ofensiva sobre o Condado Portucalense, durante a qual houve um cerco ao castelo de Lanhoso, com a fortificação a ser sitiada durante meses. Apenas a intervenção diplomática pôs termo ao conflito. Passado este contratempo, Teresa volta ao trabalho como regente do condado que herdara, embora sem nunca desistir das suas ambições.
D. Teresa quis que o confronto com Castela acontecesse de braço dado com a Galiza, aliando estes dois territórios para que, juntos, enfrentassem a soberania castelhana. Para isso, juntou-se a Fernão Peres de Trava, fidalgo galego, embora tal junção não fosse do agrado de alguns barões e clérigos do condado, que temiam uma hegemonia galega.
Como D. Teresa e Fernão Peres de Trava se tinham tornado amantes, a preocupação sobre a incorporação do Condado Portucalense pela Galiza crescia. Assim, os nobres, descontentes com esta situação, reuniram-se em torno de D. Afonso Henriques. As duas forças chegaram a vias de facto em 1128, na Batalha de São Mamede, da qual D. Afonso saiu vitorioso. Quanto a D. Teresa, refugiou-se na Galiza, onde viria a falecer.
Ao longo do reinado de D. Dinis, no decorrer do século XIII, o castelo beneficiou de novas obras de requalificação, sendo que este rei concedeu à vila de Lanhoso o seu primeiro foral, em 1292. Foi nesta altura que se guarneceu o forte com uma torre de menagem, que foi construída sobre uma outra que ali tinha existido.
200 anos depois, o castelo de Lanhoso também não foi esquecido por D. Manuel I, que renovou o foral à vila. Mas, depois disso, a situação de guerra mudou, e Portugal tinha agora um Império a proteger. Assim, muitos castelos foram esquecidos e deixados à força dos elementos, incluindo esta fortificação.
Para piorar a degradação, na segunda metade do século XVII, um burguês resolve montar um santuário, juntamente com a sua igreja e capelas, dentro dos muros da fortificação. Para isso, usou as pedras da muralha parcialmente arruinada, perdendo-se assim o pouco que restava, e nascendo dessa forma o santuário da Senhora do Pilar.
Foi apenas durante o Portugal Republicano, com o local já a ter a condição de Monumento Nacional, que se voltou a olhar para a fortificação. O castelo que hoje vemos é produto das reconstruções efetuadas em 1938, 1958, 1973 e 1975.
Feita a visita ao castelo e aos restantes monumentos que se encontram no seu redor, não deixe de aproveitar para conhecer outros locais de interesse em Póvoa de Lanhoso, como o Centro Interpretativo Maria da Fonte, o pontão da Barragem de Andorinhas, a praia fluvial de Verim, o Pelourinho de Moure, o santuário da Senhora de Porto d’Ave e, caso viaje com crianças, o DiverLanhoso, um dos maiores parques de aventura no continente europeu.