Ao passar na estrada que liga Vila Nova de Paiva a Sernancelhe, encontrará na aldeia de Lamosa um edifício que em tudo parece um castelo. Este edifício está a ser construído graças aos esforços de um só homem, que pedra a pedra o está a erguer, para deleite dos moradores e visitantes que por ali passam.
Este é um velho sonho de Adriano dos Santos, nascido em Leomil. no vizinho concelho de Moimenta da Beira, e que se fixou no Carregal por lá ter casado. Sustenta a família graças ao seu conjunto musical, que financia também a construção do seu castelo.
A edificação do castelo em si começou há mais de doze anos, estando já edificadas as torres e os pináculos. Existe também uma muralha, que cerca o castelo, os jardins e a residência de Adriano e da família.
“Sempre gostei de castelos e dessas coisas assim do tempo medieval”, explica Adriano dos Santos que “sempre quis fazer uma coisa diferente” no terreno.”
Desde sempre que era fascinado por castelos, palácios e casas senhoriais. Colecionava livros e figuras de construções amuralhadas. Daí até construir o castelo dos seus sonhos, foi um pequeno passo.
Hoje, Adriano vive com a família numa casa rodeada de ameias, torreões e uma muralha, num castelo que já se tornou atração turística. Todo o complexo tem o nome de “Retiro do Sossego”, mas o castelo em si terá o nome de “Castelo do Adriano”. “Há ‘Castelo Rodrigo’, também pode haver ‘Castelo de Adriano’”, explica o proprietário.
As primeiras estruturas foram erigidas há vinte anos, altura em que todos os dias Adriano tinha uma nova ideia. Desenhou-as em papel e escolheu as melhores. Pouco depois, começava a estrutura. O muro com as ameias, torreões e o próprio castelo só foram legalizados quando já estavam de pé. “Se fosse mostrar o projeto à Câmara, aquilo era logo tudo chumbado”, recorda Adriano, que mesmo assim viu várias vezes a obra embargada pelos fiscais municipais. “Não me saíam aqui da porta. Um dia fui à Câmara e falei com um dos vereadores. Nunca mais cá voltaram”, lembra.
O castelo deverá ser transformado em restaurante, segundo os planos do dono. “É uma coisa diferente, pode ser que dê resultado”, vaticina Adriano Santos, que está a equacionar candidatar o projeto a fundos estruturais. “Ainda vai ser preciso muito dinheiro para acabar e montar tudo”, refere.
No rés-do-chão, deverá existir um espaço mais virado para os jovens, com som ambiente e ecrã plasma. O primeiro andar albergará a sala do restaurante, num ambiente mais formal. O piso de cima, junto à torre de menagem, servirá de esplanada.
Todo o complexo tem sido construído por Adriano Santos e pelos dois filhos, um dos quais se casou lá, num banquete que dizem ter sido inesquecível. Até agora, Adriano terá gasto mais de 350 000 euros na construção, valor que inclui o custo do seu trabalho e dos seus filhos.
O castelo é alvo dos olhares de curiosos, especialmente desde que tomou a ganhar forma. “Às vezes, é uma romaria à porta. Há dias em que digo que o dono não está e lá se vão embora. Só assim é que consigo ter paz para acabar a obra”.
Ao longo destes 20 anos, houve ocasiões de ânimo e de desânimo, segundo Adriano. “Isto tem ido aos poucos. Umas vezes depressa de mais, outras devagar. Às vezes, desanimo, mas é sempre por pouco tempo”, lembra.
O complexo encontra-se a 4 quilómetros do Santuário da Lapa, sendo o castelo visível da estrada de acesso à Lapa. Assim, “Nos dias de romaria, muita gente faz um desvio e passa por aqui para o admirar”, conta Adriano.