Situada entre as cidades de Évora e Estremoz, encontra a pitoresca freguesia de Evoramonte, que teve, noutros tempos, uma elevada importância geográfica e militar, e cujas muralhas ainda hoje protegem os seus habitantes do topo. Este é um local com inúmeras histórias a contar, que cativa todos os visitantes pelo seu património e pela sua riqueza. Assim, neste artigo, vamos partir à descoberta de Evoramonte e do seu castelo.
Evoramonte encontra-se dividida em duas partes bem distintas, com a sua zona baixa e mais moderna a aliar-se à vila medieval, situada no alto da Serra d’Ossa. Embora sua história remonte aos tempos pré-históricos, esta vila alentejana tem o seu primeiro momento notório no século XII. Por volta da década de 1160, estava em curso a Reconquista de Portugal aos muçulmanos, e o Alentejo era uma das zonas mais difíceis para as tropas de D. Afonso Henriques.
Foi nessa altura que Geraldo Geraldes (conhecido como Geraldo Sem Pavor) ofereceu os seus serviços ao Rei, para o ajudar a retomar as terras alentejanas. Geraldo Sem Pavor revela-se uma figura fundamental na conquista aos mouros de Évora, Evoramonte e de localidades vizinhas, com a sua coragem e audácia a torná-lo numa lenda bem viva na região até aos dias de hoje.
O primeiro foral de Evoramonte foi dado em 1248, tendo mais tarde sido renovado por D. Afonso III em 1271. No entanto, havia alguma dificuldade em estabelecer uma população permanente, e, portanto, D. Dinis ordenou a fortificação da vila medieval em 1306, para que os habitantes de Evoramonte se sentissem protegidos. Apesar desta muralha ter sofrido algumas alterações ao longo dos séculos, ainda se mantém muito do projeto original.
É precisamente nesta muralha que pode conhecer as suas quatro portas dionisinas originais. A Porta do Freixo, com um arco gótico e ladeada por dois torreões cilíndricos, tem uma inscrição que se refere ao início da construção da muralha.
Depois, tem também a Porta do Sol, a Porta de São Brás e a Porta de São Sebastião. Subindo a Serra d’Ossa rumo à vila fortificada e ao seu castelo, irá notar a forma imponente como a muralha sem entrelaça com a encosta, formando um aglomerado militar muito eficaz. Quanto ao castelo em si (também chamado de Paço) é fruto da reconstrução do castelo original, após o terramoto de 1531.
Este Paço, de inspiração italiana, é uma das gemas da arquitetura militar portuguesa. Foi construído sob a orientação dos mestres Diogo e Francisco de Arruda, contando com o patronato de D. Jaime, Duque de Bragança.
O seu estilo limpo e pouco adornado remete-nos para a sua função principal de defesa da vila, com as caneleiras e frestas de tiro a encontrarem-se posicionadas estrategicamente. Por dentro, o Paço tem os tetos em abóbada, assentes em pilares de cantaria.
Com o passar do tempo, esta vila foi perdendo a sua importância militar e o seu poder administrativo. Teve o seu último lugar de destaque na nossa história a 26 de maio de 1834, uma vez que foi aqui que foi assinada a Convenção de Evoramonte, que colocou fim à Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), travada entre liberais e absolutistas (ou Miguelistas).
Isto porque D. Miguel, percebendo a sua derrota iminente, decide instalar-se neste concelho com os seus conselheiros, acabando depois por assinar a sua capitulação e abdicação do trono de Portugal a favor da sobrinha, D. Maria II.
Mesmo assim, Evoramonte mantém a força e fúria de outrora, com um apelo histórico e beleza natural que encantam todos os que por aqui passam. Esta vila é pequena, mas muito bonita e singular, com o seu tamanho a ser um bom motivo para percorrer as suas ruas com calma, prestando atenção aos pormenores.
Para onde quer que vá em Evoramonte, irá encontrar casas brancas, tradicionalmente pintadas com cal, e muitas vezes com os coloridos rodapés, contornos de portas e janelas e frisos amarelos ou azuis típicos do Alentejo.
Se percorrer a pé toda a zona entre muralhas, poderá conhecer a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, que se encontra bem perto do Cemitério dos Combatentes, ou conhecer a Rua da Misericórdia, que tem alguns bancos que convidam ao descanso e a apreciarmos o horizonte longínquo. Mais à frente, irá encontrar a pequena Igreja da Misericórdia e o adjacente Hospital da Misericórdia.
No entanto, o grande destaque desta vila é a Torre, o Paço Ducal, no ponto mais alto da colina. Vale muito a pena conhecer esta construção incrível, que parece que nos chama de longe e nos convida a entrar num mundo cheio de história, que nos faz viajar no tempo até ao passado medieval.