Pouco conhecida, mas com grande significado, já que marca o início de Portugal, a aldeia de Cevide encontra-se no concelho de Melgaço e tem menos de meia dúzia de habitantes, hoje em dia. Tem como vizinha a Galiza e a sua paisagem é marcada pelo rio Trancoso, que nasce na Portelinha e se estende por 13,6km, definindo de forma natural a fronteira entre Portugal e Espanha. Toda a região é hoje pouco povoada, estando bem preservadas a ribeira e as suas margens graças à pouca presença humana.
Pelo estado de conservação da região, Portugal e Espanha pretendem classificar conjuntamente a zona como Reserva Natural Fluvial Internacional. No município espanhol de Padrencia, criaram já uma ecovia de poucos quilómetros que acompanha o percurso do rio.
Na aldeia mais a norte do país, pode encontrar paisagens de cortar o fôlego. Aqui pode encontrar uma pedra de grande cariz histórico, seguindo por um caminho estreito que era usado no passado para aceder ao Porto de Bregote, onde se podia fazer a travessia da fronteira.
Esse caminho é hoje conhecido como caneja, e era usado não só pela população em geral como por contrabandistas. Seguindo o caminho, encontrará uma placa que indica a freguesia de Cristoval, em Melgaço, como o lugar mais a norte de Portugal.
A construção da aldeia em si está envolta em misticismo, apesar das escassas edificações. Poderá aqui visitar uma capela dedicada a Santo António, que terá sido construída no séc. XVIII (se não antes), embora o ano indicado no exterior da capela se refira ao ano da reconstrução, 1937. O interior da capela é simples, constituído por um altar de madeira pintada e alguns ornamentos.
A localidade, apesar de em tempos ser movimentada, é hoje muito pacata e convida os visitantes ao descanso e à contemplação da natureza. Se visitar Cevide, aproveite e visite também o marco nº1 em Espanha, atravessando para isso a ponte internacional para Acivido, em Ourense. Neste marco espanhol, encontrará também um painel solar e uma caixa de distribuição que pertence a um sistema de informação meteorológica, existindo também uma praia e vestígios de uma estrada romana que leva às primeiras casas da aldeia galega.
Poderá regressar a Portugal por uma outra ponte, que termina junto a um edifício que antes abrigou o posto nº451 da Guarda Fiscal, que hoje é propriedade privada. O caminho de volta leva-o a Cevide e à Quinta da Netinha, casa destinada para alojamento de turismo rural.
Cevide integra a Rede Municipal de Percursos Pedestres e Cicláveis de Melgaço, num percurso que liga Cevide a Lamas de Mouro, já no Parque Nacional da Peneda-Gerês. Existem também planos para a construção de uma ciclovia a ligar Cevide a Melgaço, o que mostra a importância da aldeia numa rota de viagem pelo Minho.
Por isso se está à procura de uns dias de descanso, onde pode apreciar das melhores paisagens que a natureza tem para lhe oferecer e onde pode absorver ao mesmo tempo a história do nosso país, uma visita a Cevide e seus arredores recomenda-se vivamente.
A melhor forma de conhecer esta aldeia e as suas redondezas é aventurando-se pelos seus passadiços, construídos recentemente. Irão conduzi-los até ao marco nº1 em Portugal. A partir daí, pode dar o salto para Espanha, onde existe uma ecovia. Enquanto percorre estes caminhos tente imaginar como, há apenas algumas décadas, se aventuravam os contrabandistas destas bandas.
A aldeia em si é pequena, tem apenas 3 habitantes, e o mais digno de visitar é a sua pequena capela. Modesta mas bonita e acolhedora, vale a pena entrar nela e apreciar os seus detalhes. E acima de tudo, converse com os moradores locais: terão com certeza muitas histórias para lhe contar, a maioria ligada às aventuras do contrabando.
Fotos: osmeustrilhos.pt