Se gosta de história e de aventura, então não pode perder a oportunidade de visitar a Citânia de Briteiros, um antigo povoado fortificado da Idade do Ferro, situado no alto do monte de São Romão, em Guimarães. A Citânia de Briteiros é um dos mais expressivos exemplos da cultura celta em Portugal, que se desenvolveu entre os séculos II a.C. e II d.C., antes e depois da conquista romana.
Os celtas foram um conjunto de povos que se espalharam pela Europa e pela Ásia Menor entre o final do segundo milénio a.C. e o início do primeiro milénio d.C. Eles partilhavam uma origem linguística comum, mas tinham diferentes formas de organização política, social e religiosa. Eram conhecidos pela sua bravura na guerra, pela sua arte original e pela sua espiritualidade ligada à natureza.
Em Portugal, instalaram-se principalmente no norte e no noroeste do país, onde formaram a região da Gallaecia, que abrangia também parte da atual Galiza. Os celtas da Gallaecia eram chamados de galaicos ou calaicos, e viviam em povoados fortificados chamados castros.
Os castros eram construídos em locais elevados e estratégicos, rodeados por muralhas de pedra e com várias habitações circulares ou retangulares no seu interior. Os galaicos dedicavam-se à agricultura, à pecuária, à metalurgia e ao comércio com outros povos.
A cultura celta em Portugal foi influenciada por outros povos que entraram em contacto com os galaicos, como os fenícios, os cartagineses, os romanos e os suevos. Alguns destes povos deixaram marcas na língua, na religião, na arte e nos costumes dos celtas portugueses. No entanto, os galaicos mantiveram a sua identidade até ao século VI d.C., quando foram integrados no reino suevo.
A Citânia de Briteiros: história e características
A Citânia de Briteiros é um dos mais importantes castros da cultura celta em Portugal. Ocupa uma área de cerca de 24 hectares no topo do monte de São Romão, a 336 metros de altitude. A Citânia tem uma vista privilegiada sobre o vale do rio Ave e sobre as serras circundantes.
O local foi habitado desde o Neolítico ou o Calcolítico, como provam as gravuras rupestres que se encontram na encosta nascente do monte. No entanto, o castro em si é muito mais recente, tendo atingido o seu apogeu entre os séculos II a.C. e I d.C., quando tinha cerca de 1500 habitantes.
Entrou em declínio após a conquista romana, que trouxe novas formas de organização urbana e rural. Deixou de ser habitada permanentemente no século II d.C., mas ainda teve alguma ocupação esporádica até ao século IV d.C. No século X, uma pequena ermida cristã foi edificada na acrópole do castro.
A Citânia de Briteiros é um exemplo notável da organização urbana dos celtas portugueses. Apresenta um conjunto de muralhas que defendiam o povoado dos ataques inimigos, e que tinham várias portas e torres.
Dentro das muralhas, havia uma rede de ruas que delimitavam as áreas públicas e privadas. As habitações eram de planta circular ou retangular, e tinham um pátio interior onde se guardava o gado. Algumas casas tinham também uma cisterna para armazenar água. As casas eram construídas com pedra e barro, e cobertas com colmo ou telha.
A Citânia de Briteiros tinha também vários edifícios de caráter público ou religioso, como o edifício central de reuniões, onde se tomavam as decisões coletivas, ou os dois balneários, onde se realizavam rituais de purificação.
Um dos balneários é famoso por ter a chamada Pedra Formosa, uma laje decorada com motivos geométricos e zoomórficos, que servia de entrada para a sauna. Tinha ainda um santuário dedicado a uma divindade local, provavelmente relacionada com a água e a fertilidade.
A Citânia de Briteiros revela também a riqueza e a diversidade da arte celta em Portugal. Além da Pedra Formosa, destacam-se os vários objetos de cerâmica, metal, vidro e osso que foram encontrados nas escavações arqueológicas. Estes objetos mostram a habilidade dos artesãos galaicos, bem como as suas influências culturais e os seus contactos comerciais com outros povos.
A descoberta, o estudo e a preservação da Citânia de Briteiros
A Citânia de Briteiros foi descoberta no século XVI por um cronista chamado Duarte Nunes de Leão, que a mencionou na sua obra Descrição do Reino de Portugal. No entanto, só no século XIX é que a Citânia começou a ser estudada cientificamente por um arqueólogo chamado Francisco Martins Sarmento.
Sarmento iniciou as escavações na Citânia em 1874, e continuou os seus trabalhos até à sua morte em 1899. Sarmento foi o responsável pela identificação da Citânia como um castro celta, pela recuperação de grande parte dos objetos encontrados e pela divulgação do seu valor histórico e cultural.
Após a morte de Sarmento, o local continuou a ser alvo de várias campanhas arqueológicas ao longo do século XX e XXI, por parte de diferentes instituições e investigadores. Estes trabalhos permitiram ampliar o conhecimento sobre o povoado, bem como realizar intervenções de conservação e restauro das ruínas.
A Citânia foi classificada como Monumento Nacional em 1910, e é atualmente gerida pela Sociedade Martins Sarmento, uma instituição cultural fundada pelo próprio Sarmento.
A Sociedade Martins Sarmento é também responsável pelo Museu da Cultura Castreja, situado no Solar da Ponte, em Briteiros. Neste museu, é possível ver uma exposição permanente dos objetos recolhidos na Citânia de Briteiros, bem como outras informações sobre a cultura celta em Portugal. O museu tem ainda uma biblioteca especializada em arqueologia e história.
Fui lá em criança…
Obrigado.
Passei por lá perto durante anos e nunca tive oportunidade de fazer uma visita a esta importante zona arqueológica,agora e uma vez reformado lá irei breve se Deus quiser.