Já se perguntou como era a vida dos navegadores portugueses que se aventuraram pelos mares do mundo nos séculos XV e XVI? Como se alimentavam, se divertiam e enfrentavam os perigos e desafios de uma viagem tão longa e arriscada? As naus portuguesas eram navios de madeira com dois, três ou quatro mastros, equipados com velas redondas ou latinas.
Tinham castelos de proa e de popa, onde ficavam os oficiais e os nobres, e um porão onde se amontoavam os marinheiros, os soldados, as cargas e os animais. As naus podiam transportar até 200 pessoas e pesar até 500 toneladas. Foram desenvolvidas para navegar em mar alto, enfrentando as tempestades, as correntes e os ventos do Atlântico e do Índico.
As naus portuguesas foram utilizadas em importantes feitos históricos, como a descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama em 1498, a chegada ao Brasil por Pedro Álvares Cabral em 1500, a circum-navegação do globo por Fernão de Magalhães entre 1519 e 1522 e a abertura de rotas comerciais com a China e o Japão no século XVI.
Também foram usadas para fins militares, combatendo contra os inimigos dos portugueses no mar, como os árabes, os turcos e os holandeses. Mas como era a vida dentro desses navios? Quais eram as dificuldades, os perigos e as diversões dos tripulantes?
A alimentação
A alimentação dos tripulantes era muito precária e insuficiente. Eles recebiam diariamente cerca de 400 gramas de biscoito duro e salgado, que muitas vezes estava bolorento ou infestado de ratos e baratas.
Recebiam também duas pequenas doses de água e vinho, que eram armazenadas em condições más e causavam infecções e diarreias. A cada mês, tinham direito a 15 kg de carne salgada, cebola, vinagre e azeite.
Os capitães e os oficiais podiam levar outros alimentos, como açúcar, mel, farinha e frutas. Podiam também transportar galinhas e ovelhas para completar a sua alimentação, enquanto os tripulantes comuns tinham que se contentar com carne salgada e biscoito. Os animais eram guardados nos porões dos navios, junto com as cargas e os marinheiros.
Cada tripulante cozinhava para si mesmo, mas nem sempre havia lume disponível. A fome era um problema constante e às vezes levava os tripulantes a comerem coisas impróprias ou até mesmo carne humana.
O entretenimento
O entretenimento dos tripulantes era escasso e limitado. Alguns marinheiros gostavam de jogar às cartas, o que era proibido. Se fossem apanhados em flagrante por algum frei, os baralhos eram confiscados e atirados ao mar.
Outra forma de diversão eram as apresentações de teatro, sempre com temas religiosos. Os tripulantes encenavam histórias bíblicas ou de santos, usando roupas e adereços improvisados. Essas peças serviam para distrair, educar e moralizar os navegantes.
Além disso, os tripulantes também podiam divertir-se observando o mar e os animais marinhos, como golfinhos, baleias e tubarões. Podiam também admirar as estrelas e os fenómenos celestes, como o arco-íris e a aurora boreal. Às vezes, também encontravam ilhas, terras ou povos desconhecidos, o que despertava a sua curiosidade e o seu espírito de aventura.
Os perigos
Os perigos que os tripulantes das naus portuguesas enfrentavam eram muitos e variados. Podiam ser atacados por piratas, corsários ou navios inimigos, que queriam roubar as suas mercadorias ou impedir as suas viagens.
Podiam também sofrer com as tempestades, os ventos contrários, as correntes marítimas e os bancos de areia, que podiam danificar ou afundar os navios. Podiam ainda perder-se ou desviar-se da rota, por falta de conhecimento geográfico ou de instrumentos náuticos precisos.
Além disso, os tripulantes sofriam com as doenças, as pragas e a fome. Podiam contrair escorbuto, malária, tifo, disenteria e outras enfermidades causadas pela falta de higiene, de vitaminas e de água potável.
Podiam também ser infestados por ratos, baratas, piolhos e vermes, que transmitiam doenças e estragavam os alimentos. Podiam ainda morrer de fome ou de sede, se os mantimentos acabassem ou se estragassem.
As recompensas
Apesar de todos os sofrimentos e riscos que os tripulantes das naus enfrentavam, eles também tinham algumas recompensas e benefícios. Podiam receber uma parte dos lucros obtidos com o comércio das especiarias, das sedas, do ouro e de outros produtos valiosos que traziam do Oriente.
Podiam também receber uma indemnização financeira do governo português em caso de morte ou invalidez. Podiam ainda receber honras e títulos nobiliárquicos pelos seus feitos heroicos ou descobertas importantes.
Além disso, tinham a oportunidade de conhecer novas terras, novos povos e novas culturas. Podiam aprender novas línguas, novas religiões e novas artes. Podiam também contribuir para o avanço da ciência, da geografia e da história.
Conclusão
A vida a bordo das naus portuguesas era uma mistura de dificuldades e aventuras. Os navegadores portugueses enfrentaram desafios enormes para explorar o mundo desconhecido e abrir novos caminhos para o comércio e a evangelização. Eles também deixaram um legado cultural e histórico que marcou a identidade portuguesa e influenciou outros povos.
isto demonstra a coragem dos navegadores portugues que sem certeza de regressar enfrentavam todos os desafios