Portugal viveu sob uma ditadura prolongada, desde o golpe militar de 28 de maio de 1926 até à Revolução dos Cravos a 25 de abril de 1974. Este período, especialmente marcado pelo Estado Novo sob a liderança de António de Oliveira Salazar e, mais tarde, Marcello Caetano, foi caracterizado por uma forte repressão política, social e cultural.
Compreender como era a vida em Portugal durante esses quase 50 anos de regime autoritário é crucial para reconhecer a importância da democracia no país.
Controlo e Censura
Uma das marcas mais significativas da ditadura em Portugal foi a censura. Todos os meios de comunicação social, desde jornais a livros, passando pelo cinema e pela rádio, eram rigorosamente controlados pelo governo.
Qualquer conteúdo considerado subversivo ou contra os ideais do Estado Novo era proibido. Esta censura limitava severamente a liberdade de expressão e mantinha a população na ignorância de muitos acontecimentos mundiais e nacionais.
Educação e Propaganda
A educação durante o Estado Novo servia como um veículo de propaganda do regime. O ensino estava imbuído de valores nacionalistas e conservadores, glorificando a história portuguesa, especialmente os Descobrimentos, e promovendo a ideologia do regime.
A Mocidade Portuguesa, organização juvenil obrigatória, era um exemplo claro de como o Estado procurava moldar as mentes desde cedo para assegurar a lealdade ao governo.
Economia e Sociedade
A vida quotidiana era marcada por dificuldades económicas para a grande maioria da população. A economia estava focada em uma política de autarquia, procurando a autossuficiência nacional e limitando as importações. Isso resultou em escassez de bens e tecnologia.
A agricultura era a base da economia, mantendo-se tradicional e pouco produtiva. A emigração foi uma válvula de escape para muitos portugueses que procuravam melhores condições de vida no estrangeiro.
Repressão Política
A PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado), mais tarde DGS (Direção-Geral de Segurança), era a polícia política do regime, infame pela sua brutalidade e métodos de tortura.
Qualquer suspeita de oposição ao Estado podia resultar em detenção, tortura e, por vezes, morte. Muitos opositores foram forçados ao exílio para escapar à perseguição política.
Resistência e Oposição
Apesar da repressão, existia resistência ao regime. Movimentos estudantis, greves operárias e atividades de partidos políticos clandestinos, como o Partido Comunista Português, desafiavam o Estado Novo. Estes atos de coragem, embora muitas vezes reprimidos com violência, mantinham viva a esperança de mudança.
A Guerra Colonial
Outra realidade marcante deste período foi a Guerra Colonial, ou Guerra do Ultramar, que durou de 1961 a 1974. Portugal lutava para manter as suas colónias em África, num conflito que custou milhares de vidas e exacerbou as dificuldades económicas em casa. A guerra foi um fator crucial no descontentamento que levou à Revolução dos Cravos.
Conclusão
Viver em Portugal durante a ditadura era enfrentar um quotidiano de restrições e medo. A liberdade era um conceito limitado, subjugado pela censura, pela educação propagandística e pela repressão política. No entanto, a resistência ao regime e o desejo de liberdade nunca foram totalmente suprimidos.
A Revolução dos Cravos em 1974, que derrubou a ditadura, marcou o início de uma nova era para Portugal, abrindo caminho para a democracia e para as liberdades que hoje são dadas como garantidas. Este período da história portuguesa é um lembrete poderoso da importância da vigilância e da valorização dos direitos e liberdades fundamentais.
Excelente matéria, sobre um Portugal que não queremos mais!
Sou portuguesa, viemos para o Brasil em 1956 fugindo de uma Ditadura implacável.
Saudades de um país que ficou na lembrança.
uma ditadura implacavel? Coitadinha…havia de ter ido passar umas ferias a URSS para ver o que era bom para a tosse ou mesmo para a vzinha Espanha….
Ó João… passe cá no Brasil e veja a quantidade de portugueses que emigraram na época da ditadura. Ditaduras de Portugal, Espanha, URSS e outras são iguais.. matam
Se foi um Portugal que mais não quer, se foi para o Brasil em fuga de tão “implacável que era”, como pode sentir saudades…?
Sou filho, orgulhoso, de um patrício que deixou esta terra e cá no Brasil, buscou viver (apesar de ter saído de uma ditadura para ser apanhado em outra, vindo para cá em 1967, tempos de triste memória para os nossos).
E deixou aqui minha memória, tributo e carinho à todos que, de seu modo, lutaram por liberdade e paz à esta “nação valente, imortal” que também tenho como minha.
Viva a liberdade!
A maior parte deste artigo e um exagero disparatado. Eu sempre disse o que pensava, mesmo na tropa em Portugal e na Africa e nunca ninguem me chateou. E nunca fui de direita.
Ou foi um sortudo – talvez o achassem o bobo da corte e por isso nunca nada lhe aconteceu, ou não foi no Portugal reflectido no artigo ou nem sequer foi em Portugal ou o Sr. está a inventar, vá lá saber-se porquê… Porque pelo que eu me lembro (e há 45 anos tinha apenas 12, a caminho de 13 anos) e por muitas coisas que a minha mãe me contou (teria 103 anos se ainda fosse viva) o artigo não exagera em nada.
Claro que o artigo e um exagero! Fui sempre pobre, mas de uma maneira geral fui muito feliz! Era feliz quando a partir dos anos sesenta e quatro lutava contra o que se disia uma ditadura, correndo a frente e tambem atraz da policia, era feliz quando provocava a policia, era feliz quando chegava a casa e comia couves com azeite e alguma batata, eramos nove irmaos e todos nos suportavamos e apoiavamos. Sempre fasiamos reunioes ainda na primaria e tambem na secundaria sem que viesse a pide… fui feliz quando fui defender o nosso Portugal em Angola 1973, fui feliz ate que tive de emigrar em 1978! Nao comunguei nunca com os principios que comecaram a aparecer logo apos o 25 abril! Sempre me orgulhei dos principios que existiam naquele tempo antes da “liberdade”, que todos eramos pontuais, todos eramos cumpridores dos acordos que fasiamos, jogavamos em liberdade e sem o medo de ter que ir para os sicologos, exitiam os sicologos antes do 25 abril? Nas nossas excursoes da escola ou ainda dos finalistas nunca destruiamos a paisagem nem tinhamos problemas com os hoteis …por certo, na EICA escola industrial e comercial de Aveiro pertenci a turmas mistas tanto no primeiro como no segundo ano! Exagerado e fora de contexto e esse artigo na minha opiniao. Se a sua opiniao e distinta a minha, respeite-a tambem! Obrigados. Ah nasci em 1951 em Aveiro.
Concordo. Eu nasci em 1954 no distrito de Coimbra. Nunca usei farda. Na primária eram turmas mistas. No liceu eram turmas separadas inicialmente, mas muitas escolas já tinham turmas mistas antes de 1974. Nunca vi problemas com pessoas juntarem-se para discutir fosse o que fosse. Não se discutia muito porque as pessoas estavam mal informadas. Nunca conheci ninguém preso pela PIDE. Isso não quer dizer que não fossem, claro, mas não era tão prevalente como muitas vezes se representa. O pior dessa época, a meu entender, era a falta de educação/ensino e de abertura para o resto do mundo. E a pobreza.
Antes de 1974 já haviam escolas (liceus) com turmas mistas. Andei no Liceu Garcia de Orta, no Porto, a partir de 1969 e já no 1º ano do ciclo preparatório haviam meninos e meninas na mesma turma. Acho que foi a 1ª escola mista do Porto.