Devido a vários dissabores e fatores que ainda hoje não são totalmente claros, a Ordem do Templo (cujos cavaleiros ficaram conhecidos como os Templários) foi submetida a um trágico processo, que culminou na sua extinção e na morte de vários dos seus membros, incluindo o seu Grão-Mestre, Jacques de Molay, em 1314. Este processo foi encabeçado por Filipe, o Belo, rei de França, e com o apoio do Papa Clemente V, conseguindo-se a extinção da Ordem.
Tudo começou em 1308, com uma bula papal, enviada para esclarecer a situação dos Templários e declarar a necessidade da sua extinção. Em 1309, nova bula é enviada, desta vez para ordenar a prisão dos Freires de Cristo. Finalmente, em março de 1312, decretou-se a anexação dos bens desta Ordem (as suas riquezas, terras e navios) e a transferência da posse desses bens para a Ordem do Hospital.
Como existiam muitos cavaleiros Templários, apenas uma parte destes foi presa, sendo a maioria francesa. Noutros locais, os cavaleiros não foram aprisionados, o que lhes permitiu a fuga. Segundo alguns historiadores, alguns cavaleiros refugiaram-se na Escócia, Suíça, Portugal, e até em locais mais distantes. Muitos mudaram de nome e instalaram-se em diferentes países, para evitar a perseguição de que estavam a ser alvo.
Um dos grandes mistérios é o destino da esquadra da Ordem. No dia seguinte ao aprisionamento dos cavaleiros franceses, toda a esquadra zarpou de França durante a noite, desaparecendo sem deixar registos, e nunca mais foi vista. Nessa mesma data, por coincidência ou não, D. Dinis nomeava o primeiro almirante português de que existe memória, apesar de, na altura, Portugal não ter armada…
D. Dinis evitava entregar os cavaleiros Templários e os seus bens, tendo até conseguido criar uma nova ordem, a Ordem dos Cavaleiros de Cristo, em 1318, sendo estes os herdeiros de todos os bens dos Templários em Portugal. Os Cavaleiros de Cristo adotaram para seu símbolo uma adaptação da cruz orbicular Templária, sendo que se pensa que muitos dos membros da Ordem dos Templários ingressaram nesta nova ordem com a sua honra intacta, protegidos pelo rei.
Neste ponto, no entanto, não há consenso entre os historiadores: se para uns os cavaleiros da Ordem de Cristo eram antigos Templários, com nomes diferentes, para outros, eram pessoas diferentes. O que é sabido é que estes cavaleiros herdaram as propriedades e fortalezas da antecessora, bem como os votos de pobreza, castidade e obediência (neste caso, ao rei de Portugal).
Mais tarde, mudanças na estrutura da Ordem permitiram que os seus cavaleiros não estivessem já obrigados à castidade e pobreza, permitindo que personalidades como Pedro Álvares Cabral, Cristóvão Colombo e Vasco da Gama se tornassem parte da Ordem de Cristo. Aliás, os navios que primeiro aportaram ao Brasil tinham nas velas o emblema da Cruz da Ordem de Cristo, o que mostra a importância da Ordem e dos seus membros.
Ao longo dos séculos seguintes, os conhecimentos detidos pelos líderes da Ordem dos Cavaleiros Templários, passados para a de Cristo, permitiram a Portugal a expansão marítima, ganhando A Ordem de Cristo soberania sobre esses territórios descobertos e 5% do valor das mercadorias vindas da região.
A Ordem estabeleceu escolas náuticas, construiu estaleiros e navios e produziu mapas costeiros e náuticos. Aprimorou também os seus conhecimentos de navegação, sempre almejando lançar-se ao mar em busca de novas terras, que eles afinal saberiam que existiam pelos seus conhecimentos e mapas herdados.
Assim, entre 1200 a 1600, se pôs em prática um bem conseguido projeto de expansão marítima. Das ilhas da Madeira e Açores aos locais mais distantes, a presença portuguesa era sentida através de fortes e postos avançados para o comércio, bem como pela evangelização dos nativos. Através da liderança de um dos seus mais famosos Grão-Mestres, o Infante D. Henrique, Portugal foi o primeiro império global da humanidade, pioneiro na construção da globalização.
Ao longo do século XV, todo o processo de descobrimento de novos caminhos marítimos e territórios foi tutelado pela Ordem de Cristo. Depois da conquista de Ceuta, em 1415, o primeiro território oficialmente descoberto no Atlântico foi o Arquipélago da Madeira, em 1419/20, sucedendo-se depois as viagens que culminaram na navegação e toda a costa africana, a passagem do Cabo das Tormentas, a chegada à Índia por via marítima (1498) e a descoberta do Brasil em 1500.
E assim se criava a primeira rede imperial moderna, sob domínio português, em concorrência com o que Espanha igualmente pretendia, pois os novos territórios significavam riqueza. Acabaram por se dividir os novos territórios descobertos entre estes dois países, pelo Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494.
Já no que à Ordem de Cristo diz respeito, as riquezas não lhe desagradavam, mas mantinha o ideal da universalização do Cristianismo em todo o processo de expansão. Assim, construíam-se bases da Igreja Católica nos novos territórios, pelas mãos dos missionários de diversas ordens. Durante anos, a tutela deste processo de edificação de igrejas nos novos territórios esteve sob tutela da Ordem.
Em 1514, edificou-se a primeira diocese bem-sucedida em território ultramarino português: a Diocese do Funchal. Esta foi a maior diocese do mundo durante décadas, após a sua criação. Dependia da Ordem de Cristo e tinha jurisdição sobre todos os territórios descobertos e a descobrir, o que envolveria três continentes diferentes.
Infelizmente, a primeira imagem não parece representar embarcações portuguesas, mas sim, castelhanas. Aquela não é a Cruz de Cristo e o estandarte e bandeira são os do Reino de Leão e Castela.
La Nina, la Pinta e la Santa Maria -armada de Colon. a cruz é a da Ordem de Santiago.
” Nessa mesma data, por coincidência ou não, D. Dinis nomeava o primeiro almirante português de que existe memória, apesar de, na altura, Portugal não ter armada…” não está correcto, porque: “Fernão Gonçalves Churrichão, o Farroupim,[1][2] que passou à História como D. Fuas Roupinho, foi um guerreiro nobre português do século XII, um dos mais denodados companheiros de D. Afonso I de Portugal, talvez um cavaleiro da Ordem dos Templários, primeiro almirante da esquadra portuguesa,…” ou seja o 1º almirante português já tinha sido nomeado cerca de 200 anos, antes. E, já havia armada…. pequena, mas havia. Por isso é que D. Afonso III se mudou da capital Coimbra, para Lisboa.
Acho que o João Silva tem razão. O facto de ter sido D. Dinis a criar a Marinha do Reino como uma força com caráter permanente não contradiz o facto de existir anteriormente uma força naval, já no tempo do primeiro rei. Não sei é se, após a derrota de Fuas Roupinho, essa força continuou a existir permanentemente até ao reinado de D. Dinis, quando se julga que os templários, franceses e não só, se mudaram para Portugal, juntando-se aos portugueses. Foi nesta altura que o Graal foi transportado em segurança para o nosso País, vindo a inspirar, alguns anos depois, a grande saga dos Descobrimentos.