Em Portugal é possível encontrar um vasto conjunto de atrações imperdíveis, com uma grande parte a ajudar a contar a história do país, como os castelos. No entanto, existem também uma série de atrações que nos ajudam a compreender a longa história que antecede a fundação do Reino de Portugal, como a maravilhosa Conímbriga, um dos sítios arqueológicos mais importantes do nosso país, e que atrai diversos curiosos às suas ruínas.
Este sítio arqueológico encontra-se na região centro, mais precisamente na freguesia de Condeixa-a-Velha. Situa-se a cerca de 2 km de Condeixa-a-Nova e a 16 km de Coimbra, encontrando-se a pouco mais de 1 hora de viagem do Porto e a pouco menos de 2 horas de viagem de Lisboa.
É, portanto, um local bastante central de Portugal, o que, aliado à riqueza e importância das ruínas em si, ajuda a explicar porque é que este local é tão popular e visitado por tantas pessoas (é visitado anualmente por cerca de 100 mil pessoas).
As ruínas de Conímbriga são Monumento Nacional e mostram-nos vestígios de uma povoação romana. Mas esta não era uma qualquer povoação: Conímbriga foi a principal cidade na época romana da Península Ibérica.
O território em que se situa foi povoado desde tempos pré-históricos, mas o sítio foi ocupado pelas tropas romanas em 139 a.C. e transformou-se na então próspera capital da província da Lusitânia.
Conímbriga encontrava-se entre duas cidades romanas importantes, Olisipo (Lisboa) e Bracara Augusta (Braga), e, portanto, não é de admirar que a cidade tenha crescido urbanisticamente, especialmente quando se encontrava sob o governo do imperador César Augusto.
Mesmo assim, no reinado do imperador Augusto, foram aqui realizadas diversas obras de urbanização, como a construção de estruturas fundamentais como o fórum, o anfiteatro e as termas.
Mas muito do encanto de Conímbriga reside na arquitetura doméstica, marcada pela edificação de insulae e de sumptuosas domus, que guardam as memórias de esplendor de outros tempos nas suas pedras.
O território acabou por sofrer danos devido às invasões bárbaras que ocorreram em 464, com os Suevos a tomarem a cidade de assalto e a destruírem parte da sua muralha.
Isto levou ao declínio de Conímbriga, que ficou deserta, já que os habitantes que restaram fugiram. Estes habitantes tiveram na sua origem a fundação de Condeixa-a-Velha.
Quando os Visigodos venceram os Suevos, Conímbriga perdeu o seu estatuto episcopal para a cidade de Emínio (Coimbra), que tinha melhores condições de defesa.
Os primeiros contactos com estas ruínas começaram no século XVI, mas foi só no século XIX que começaram as primeiras escavações, mais especificamente em 1898. Foi aqui encontrado um património arqueológico inigualável, que nos revela muito do que foi a vida deste povo, com as ruínas a serem abertas ao público em 1930.
De forma surpreendente, a maior parte desta cidade permanece por escavar, estando apenas a descoberto cerca de 20%. Contudo, essa pequena parte permite-nos testemunhar parte do que a cidade terá sido nessa época, mostrando-nos os hábitos de vida dos seus habitantes.
Estas escavações permitiram que se obtivessem conhecimentos relevantes, que levaram a diversas conclusões sobre a cidade, o fórum, os templos, as casas nobres, as termas e a sua distribuição de água, e demais edifícios.
Dessa forma os arqueólogos, conseguiram perceber que Conímbriga foi habitada entre pelo menos os séculos IX a.C. e VII-VIII d.C., e que a cidade teve origem num castro celta da tribo dos Conii, ainda na fase derradeira da Idade do Ferro.
Apenas uma parte de Conímbriga pode ser visitada pelo público em geral, sendo esta uma área extensa e que compreende diversos locais, como o anfiteatro, o fórum, as grandes termas do sul, as termas do aqueduto, as termas da muralha, as casas, os edifícios e as ínsulas.
Poderá também visitar o Museu de Conímbriga, criado em 1962, que tutela as ruínas desta cidade e que apresenta uma coleção bastante diversificada, na qual poderá ver inúmeros artefactos encontrados nas escavações.
Os materiais apresentados neste museu representam a evolução histórica da cidade, sendo que, ao todo, são explorados 31 temas, que nos permitem conhecer melhor a vida em Conímbriga, existindo diversos itens, como moedas ou objetos cirúrgicos. O espaço é constituído por 4 salas no total, cada uma com um foco diferente.
Assim, na primeira sala, pretende-se divulgar os aspetos da vida quotidiana nesta cidade. Na segunda sala, o museu dedica a sua atenção ao fórum, com o destaque a ir para a maqueta que se encontra no centro, e que retrata um santuário de culto imperial construído no último quartel do século I.
Na terceira sala, vamos encontrar estátuas, mosaicos e fragmentos de estuque e frescos que retratam os lares das famílias abastadas. Por fim, na quarta sala, são apresentados alguns objetos religiosos, com origem pagã e cristã, que revelam as superstições e o culto aos mortos na cidade.