No coração da Serra da Arrábida, cenário de rara beleza natural a poucos quilómetros de Setúbal, podemos encontrar um maravilhoso tesouro escondido. Falamos do Convento da Arrábida, erguido no século XVI, e que é um exemplo impressionante da arquitetura religiosa e testemunho vivo de muitos séculos de história e devoção. O Convento da Arrábida encontra-se num cenário idílico, entre vegetação exuberante e penhascos íngremes, e é um local que encanta todos os que o visitam.
A construção deste convento foi uma tarefa árdua, uma vez que está numa localização remota e acidentada. Apesar disso, a perseverança dos frades franciscanos acabou por dar frutos, resultando num edifício impressionante, que se destaca pela sua arquitetura renascentista e por estar integrado de forma perfeita na paisagem circundante.
O local foi fundado por Frei Martinho de Santa Maria, frade castelhano que fazia parte da Ordem dos Frades Menores, que seguia os ideais de pobreza, humildade e simplicidade de São Francisco de Assis.
Frei Martinho chegou ao nosso país em 1539, depois de uma viagem por diversos países da Europa e do Oriente. Uma vez aqui chegado, conheceu D. João de Lencastre, primeiro duque de Aveiro, que ficou impressionado pela sua santidade e sabedoria. Assim, o duque ofereceu-lhe as terras da encosta da Serra da Arrábida, local onde já existia uma pequena ermida, dedicada a Nossa Senhora da Memória.
Frei Martinho aceitou o seu convite e acabou por se instalar na ermida juntamente com outros três frades: Francisco Pedraita, São Pedro de Alcântara e Diogo de Lisboa, que foram os primeiros arrábidos, ou seja, os primeiros franciscanos que viveram na Arrábida.
Os primeiros anos foram duros, vivendo os frades numa grande austeridade e isolamento, em celas escavadas nas rochas, no alto da Serra, onde praticavam a oração e a contemplação. Aos poucos, construíram algumas capelas e guaritas ao longo da encosta, formando o chamado Convento Velho, que foi crescendo graças ao apoio dos duques de Aveiro, seus patronos e protetores.
Estes financiaram a construção do Convento Novo, onde se encontravam o refeitório, biblioteca, enfermaria e outras dependências. Mandaram edificar também o Santuário do Bom Jesus, no sopé da Serra, de modo a venerar uma imagem milagrosa de Cristo crucificado. Além disso, os duques acabaram por construir uma hospedaria para si próprios e casas para os peregrinos que visitavam o local.
Os arrábidos eram muito dedicados à vida espiritual e à natureza, seguindo uma regra rigorosa que incluía jejum, silêncio, penitência e caridade. Dedicavam-se também ao estudo e à cultura, contando com uma biblioteca rica em livros antigos e raros.
Tinham um jardim botânico de plantas medicinais e ornamentais, e respeitavam os animais e plantas da Serra, considerando-os criaturas de Deus. Recebiam também com hospitalidades os peregrinos e visitantes que acorriam ao convento.
Este convento viveu diversos momentos de glória e de crise ao longo dos séculos. No século XVII, tinha mais de 100 frades; no século XVIII, sofreu muito com os terramotos que abalaram a região; e por fim, no século XIX, foi extinto pelo governo liberal, que acabou por expulsar os frades e confiscar os seus bens. O local acabou por ficar abandonado e foi saqueado, sofrendo graves danos.
Foi comprado pela Casa de Palmela em 1863, que iniciou um processo de recuperação e conservação, e, em 1990, foi vendido à Fundação Oriente, que continuou este trabalho. Em 1996, o local foi considerado Monumento Nacional.
Os visitantes poderão aqui encontrar um local de grande beleza arquitetónica e vistas panorâmicas deslumbrantes sobre o Oceano Atlântico e a Serra da Arrábida. Este cenário natural ajuda a criar um ambiente de tranquilidade e contemplação, tornando-o num local único para relaxar e recarregar energias.
E, claro, uma visita ao convento não estaria completa sem explorar a deslumbrante região que o circunda, e que conta com maravilhas como a Praia dos Coelhos e a Praia da Figueirinha, os magníficos trilhos da Serra da Arrábida e a vila de Azeitão, famosa pelos seus vinhos e queijos deliciosos.
Assim, faça do Convento da Arrábida o ponto de partida para explorar todas as maravilhas naturais, históricas e culturais desta região do nosso país, fazendo a sua visita com calma de modo a melhor poder apreciar a sua beleza. Vai ser uma daquelas experiências que vai querer repetir mais vezes!