Portugal tem um riquíssimo conjunto de monumentos que nos recordam a nossa história e os nossos feitos. Mas alguns destes monumentos têm um natural destaque, pela sua beleza e passado. Um desses casos é o do Convento de Cristo, em Tomar, conhecida como a “cidade templária”. Neste artigo, damos-lhe a conhecer melhor as caraterísticas deste monumento único. Que se encontra classificado como Património da Humanidade da UNESCO desde 1983.
As origens do Convento de Cristo são remotas, sendo este edifício quase tão antigo como o nosso país, até porque foi no reinado de D. Afonso Henriques que se estabelece uma importante ligação aos templários, com o rei a permitir que os Cavaleiros da Ordem do Templo se instalem em Tomar, na região situada entre o Mondego e o Tejo.
O convento foi então construído num local com uma enorme carga mítica, existindo vestígios de que no espaço existiu um antigo local de culto romano e encontrando-se vestígios da presença muçulmana.
O castelo de Cristo existe desde 1160, embora tenha sido alterado e ampliado ao longo dos tempos. Nasceu devido ao esforço de Gualdim Pais, ordenado Grão-Mestre dos Templários em Portugal em 1157, num momento em que a ordem estava sediada no castelo de Soure (desde 1128). Com a construção do castelo em Tomar, a ordem mudou a sua sede para lá, tendo sido dado foral à vila em 1162.
Neste espaço, está incluída uma charola octogonal (datada de finais do século XII) e um santuário românico. O convento em si foi construído mais tarde, durante o século XIV. Todo o conjunto monumental é um dos maiores do país, ocupando mais de 54000 m2 .
Visitar o Convento de Cristo é percorrer as páginas do livro da história da arte em território nacional, até porque o monumento conta com diferentes estilos arquitetónicos. Na igreja templária, podemos encontrar o estilo românico. Nos claustros, contemporâneos ao infante D. Henrique, podemos apreciar o estilo gótico.
Na famosa “Janela do Capítulo”, encontramos um exemplo clássico do estilo manuelino. Com as ampliações do século XVIII, o edifício recebeu influências do renascimento; e por fim, no Claustro Principal e no Claustro da Hospedaria, temos presentes o maneirismo e o barroco.
Este monumento tem também uma grande singularidade: é um dos edifícios em todo o mundo com mais claustros. Dois deles foram edificados no tempo do infante D. henrique, e os sete restantes foram construídos mais tarde.
O conjunto monumental engloba também um aqueduto, com 6km de extensão, que foi construído com o propósito de abastecer o convento e terras circundantes, durante a dinastia filipina.
Um dos pontos mais conhecidos do convento é a janela do capítulo, com 4 metros de altura e construída ao estilo manuelino. A janela encontra-se cheia de símbolos, assim como as armas dos reis portugueses. Inicialmente, existiam três janelas: uma a ocidente da que agora podemos ver, e duas a sul (uma das quais foi entaipada).
Uma das janelas encontra-se junto da charola, outro ponto de interesse no monumento, até porque tem características curiosas. Na charola, surgem-nos representados os instrumentos da paixão e, na nave manuelina, é representada a ressurreição. Nas pinturas, podemos ver cenas relacionadas com a vida de Cristo e, no tambor central, uma coroa de espinhos esculpida, a rodear o anagrama de Cristo.
E porque a história do local está tão ligada à dessa Ordem, não podemos deixar de dar um remate final e contar o fim dos Templários. Tudo começou em 1291, com a queda de Jerusalém.
Depois desse momento, a Ordem foi perseguida por Filipe IV de França. O processo de perseguição iniciou-se em 1307 e terminou em 1312, com a morte do último mestre templário a acontecer em 1314.
No entanto, em Portugal, o processo de extinção não foi respeitado, tendo D. Dinis protegido os membros da Ordem. Conseguiu-o criando uma nova ordem de cavalaria, que mantinha os bens templários e ficava circunscrita ao Reino.
Foi assim que surgiu a Ordem de Cristo, que tinha frades em vez de cavaleiros. Quanto ao conjunto de Tomar, esse, continuou ligado a esta nova Ordem, que tão fundamental se revelou na nossa história.