Muito mais que uma área classificada, este é um lugar mágico no Norte de Portugal, que nos remete para um cenário de floresta encantada. A Paisagem Protegida do Corno do Bico foi criada em 1999 e tem cerca de 2.200 hectares, que se encontram distribuídos por cinco freguesias: Bico, Castanheira, Cristelo, Parada e Vascões, no município de Paredes de Coura, parte do Maciço Ibérico.
Este local, de relevo acentuado, é o resultado de levantamentos tectónicos sucessivos e de dobras e falhas transversais, que originaram o afloramento granítico chamado caos de blocos.
Ao longo do tempo, o ser humano procurou domar e transformar esta caótica paisagem granítica, construindo-se asas, calçadas, moinhos, espigueiros e fontanários, num ciclo frenético em que a força da água impera.
Este mesmo vigor transformador acompanha-nos ao longo da visita, presente tanto nas construções mais recentes como nas mais antigas, testemunho de uma ocupação de longa data.
Primeiro, o homem ocupou os topos montanhosos mais elevados, onde construiu monumentos como a Antela da Cruz Vermelha, o complexo de mamoas de Chã de Lamas e o Castro de Cristelo.
Depois, com o tempo, o ser humano foi descendo para as zonas ribeirinhas, que converteu em áreas agrícolas, lameiros extensos e um extenso escadório verdejante por entre os socalcos e muretes. Surgiram também as levadas, escavadas a partir de riachos e ribeiros, que ajudavam a levar a água das montanhas para o longínquo vale.
Assim, a Paisagem Protegida do Corno do Bico é uma prova viva da resiliência humana e da sua coexistência com o mundo natural, autêntico testemunho da humanização de uma montanha, transformada num jardim verde pela força.
Não podemos deixar de destacar a Colónia Agrícola de Chã de Lamas, que foi implantada na década de 1960, e o Centro de Educação e Interpretação Ambiental do Corno do Bico.
É neste último equipamento, perfeitamente inserido na paisagem, que podemos encontrar valência de educação, interpretação ambiental, alojamento, oficinas e laboratórios. A este Centro estão também associadas a Casa do Cogumelo e o Centro de Cycling do Corno do Bico, de onde partem mais de 200 km de percursos sinalizados.
Aliás, o BTT é hoje uma das formas mais populares de conhecer o local, a par do pedestrianismo. A pé, poderá conhecer toda a maravilhosa diversidade biológica do Trilho do Corno do Bico.
É também a pé que pode alcançar o miradouro do Corno do Bico, a 883 metros de altitude, seguindo pelo Trilho do Sistema Solar. A partir do miradouro, poderá ver os três principais cursos de água minhotos: o Coura, o Labruja e o Vez, num ambiente de grande serenidade.
A floresta do Corno do Bico constitui-se de uma mata extensa de castanheiros, carvalhos, faias e ciprestes, plantados na década de 1940, e que ficaram magicamente esquecidos por 80 anos.
Aqui se cruzam diversos elementos que parecem saídos de um conto de fadas, como líquenes, diversas espécies de cogumelos (mais de 200), árvores frondosas e jogos de luz e de sombra.
Portanto, não é de estranhar que a floresta seja a casa de diversos animais, como o lobo ibérico, a salamandra-lusitânica, a toupeira-da-água e a víbora-de-seoane. No total, estão identificadas mais de 188 espécies de vertebrados e 439 espécies de flora.
Se ficou com curiosidade, comece a planear a sua visita a este local encantador e com uma aura mágica, autêntico encanto para os sentidos graças às cores exuberantes, à intensidade dos cheiros da natureza e a profundidade do silêncio que por aqui se sente. Verá que é um daqueles locais que lhe vai ficar na memória durante muito tempo.