Perfeito exemplo de um Portugal rural, a aldeia de Covas do Monte, em São Pedro do Sul, transporta-nos para um tempo que para muitos parece longínquo, mas que tem o seu encanto. Nesta pequena aldeia de montanha, os habitantes dedicam-se à agricultura e à pastorícia, como em muitos outros locais do nosso país. Mas em Covas do Monte, há a particularidade de existirem mais cabras que habitantes humanos.
Uma aldeia com mais cabras do que pessoas. Um pequeno recanto, perdido no tempo, onde os seus habitantes e as cabras percorrem as ruas de xisto e aqui vivem como viveriam há algumas décadas atrás: com o mesmo ritmo e os mesmos hábitos de antigamente.
Aqui vivem pouco mais de meia centena de pessoas, e 2500 cabras. A aldeia rodeia-se de um cenário único de montanhas com 1000 metros e nascentes que ao longo do ano trazem mais vida à paisagem. As casas em xisto, típicas da região, enquadram-se perfeitamente nesta paisagem, estando dispostas em ruas sinuosas, no sopé da montanha.
Na aldeia existem bovinos, ovinos e caprinos, sendo estes últimos os que mais marcam o quotidiano da aldeia. Diariamente, este gado sobe ao monte, guardado pelo pobreiro, cargo que calha a todos de forma rotativa. Aqui se vive segundo saberes e tradições que o tempo se encarregou de inculcar na população.
Para visitar a aldeia, precisa de percorrer um caminho sinuoso, mas de grande beleza, que atravessa a serra da Freita e lhe permite vislumbrar as de Montemuro e da Gralheira, O passeio vale a pena a viagem, mas o melhor ainda está por vir.
O caminho para chegar a Covas do Monte é sinuoso e de rara beleza. Atravessa a Serra de São Macário e chega à Serra da Freita, onde está a aldeia, que pertence ao município de São Pedro do Sul. Mas as vistas, o ar puro e o cheiro a tradição fazem compensar a viagem.
Covas do Monte está localizada a 450 metros de altitude e aqui se respira um ar puríssimo. A paisagem verdejante não deixa ninguém indiferente, estando marcada por rebanhos. Por aqui corre água de nascentes, que é encaminhada para a aldeia e distribuída pelos campos por um regadio tradicional.
A aldeia em si convida também ao passeio e descoberta, com ruas estreitas e sinuosas e um aglomerado de casas, quase todas construídas em xisto e com telhados de lousa, que se enquadram na paisagem de forma perfeita. Veja como animais e pessoas convivem lado a lado na povoação, já que, para além das cabras, também as ovelhas e vacas saem diariamente para os montes, voltando ao fim da tarde cada uma para sua casa, num ritual que se repete diariamente e a que vale a pena assistir.
Existe um restaurante no local, que se recomenda. É o restaurante da Associação dos Amigos de Covas do Monte, local de romaria no fim-de-semana. Localizado numa antiga escola primária, daqui tem vistas para a serra e uma ementa de pratos típicos da região, como o cabrito da Gralheira e a vaca Arouquesa, raças autóctones e certificadas.
Aqui chegado, caminhe pela aldeia e desfrute do cenário bucólico. Converse com os habitantes locais, conheça suas tradições e prove a gastronomia da região. Se tiver energia para mais, descubra a Serra da Freita e alguns dos seus segredos: Drave, Pena e Janarde. Toda esta região merece uma visita longa e demorada. São muitas as pequenas aldeias que povoam a serra, muitas delas de xisto e bem conservadas. Existem ainda rios de águas puras e cristalinas, cascatas e praias fluviais para descobrir.
Mas o mais importante é mesmo sentir que as tradições e os costumes de antigamente continuam vivos e de boa saúde. Toda a região perdeu muitos habitantes nos últimos anos, especialmente os mais jovens, mas o turismo veio trazer uma lufada de ar fresco. Se puder, aproveite para visitar Covas do Monte e a Serra da Freita. No final, irá voltar para casa com muito mais energia, de certeza.
Bem-hajam, por esta reportagem.
São estas pequenas maravilhas, que fazem de Portugal um PAIS único.
Continuem a divulgar este maravilhoso cantinho.
Um abraço de LUZ.
José Cariano