Apesar de Portugal ser um país pequeno, não faltam vestígios arqueológicos de grande importância no nosso território. Numa freguesia do concelho de Évora, no Alentejo, encontramos um desses exemplos, o Cromeleque dos Almendres. O local encontra-se envolto em mistério e fascínio. Para uns, foi obra de extraterrestres ou de outro poder superior. O que é certo é que esta estação arqueológica está ligada às nossas origens enquanto Humanidade.
O Cromeleque dos Almendres é o maior círculo de menires alguma vez encontrado na Península Ibérica. Constitui-se por 95 monólitos, remonta ao milénio VII a.C. e é um dos monumentos megalíticos mais importantes e mais antigos da Europa. A sua importância deve-se não só ao seu tamanho, mas também ao excelente estado de conservação.
O local encontra-se inserido no Circuito Megalítico de Évora, juntamente com antas, cromeleques de menores dimensões e povoados pré-históricos. Este cromeleque é Imóvel de Interesse Público desde 1974 e Monumento Nacional desde 2015.
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Esta estação arqueológica foi descoberta em 1964 por Henrique Leonor de Pina, que trabalhava no levantamento da Carta Geológica de Portugal. Ao que parece, um trabalhador da zona falou-lhe das “pedras” e, após a limpeza da vegetação, o investigador descobriu não só o cromeleque, como peças de cerâmica, um machado de pedra polida, e o Menir dos Almendres.
A partir de então, a história do local foi sendo estudada, tendo-se chegado a uma possível cronologia da formação do conjunto megalítico, que se ergueu em três etapas.
Na primeira fase, de finais do Neolítico a final do milénio VI a.C., ergue-se um conjunto de monólitos com um menor tamanho, formando-se três círculos concêntricos. Durante o quinto e quarto milénios a.C., acrescentou-se um novo recinto de construção a Oeste, que forma duas elipses concêntricas.
Por fim, no milénio III a.C., alteraram-se as disposições relativamente regulares dos monólitos, para que o recinto menor se tornasse num átrio maior. Pensa-se que foi nesta fase final que se adicionaram os monólitos com gravuras.
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As comparações com o famoso Stonehenge são inevitáveis. No entanto, o “nosso” cromeleque é cerca de 2.000 anos mais antigo que o britânico. Portanto, quando se iniciou a construção de Stonehenge, já o cromeleque dos Almendres estava a ser abandonado.
Apesar de tudo, os dois monumentos têm coisas em comum, como o facto de estarem alinhados de modo a que os eixos imaginários coincidam com os pontos cardeais, os solstícios e os equinócios. Além disso, o propósito e uso original de ambos permanece ainda um mistério.
O cromeleque dos Almendres encontra-se na Herdade dos Almendres, que cedeu a zona do monumento à Câmara Municipal, para uso público. E, depois da visita, procure conhecer outros monumentos megalíticos da região.
Afinal, no distrito de Évora existem mais de oitocentas antas, cem menires e dezenas de recintos e povoações megalíticas, assim como cem misteriosas pedras com covinhas que se encontram espalhadas por toda a Évora.
Aliás, a construção deste tipo de estruturas era muito comum no Alentejo. A grande maioria delas não sobreviveu até aos dias de hoje ou, pelo menos, não se encontra tão bem preservada como o Cromeleque dos Almendres. Mas é possível visitá-los, destacando-se o Cromeleque do Xerez, o Cromeleque da Portela de Mogos e o Cromeleque de Vale Maria do Meio.
A abundância deste tipo de monumentos no Alentejo é um mistério mas poderá explicar-se por 2 motivos: a cultura relativamente avançada dos povos que aqui habitaram nesta época e o facto de a morfologia do solo permitir que eles sejam menos sujeitos a erosões ou intempéries que os possam destruir.
Boa tarde meus queridos amigos, antes de mais, muito obrigado por este documento.
Sou Geobiologo e desde há muito que estou com vontade de ir conhecer estes lugares
sagrados e de grande importância para a nossa história arqueológica.
Obrigados mais uma vez.
José Cariano