Guimarães é das cidades históricas mais importantes de Portugal, local onde se deram diversos acontecimentos de grande importância na formação do país, como a Batalha de São Mamede. Aliás, não é por acaso que, numa das muralhas da antiga cidade, se encontre a inscrição “Aqui nasceu Portugal”. E com um local com uma história tão rica, é natural que existam algumas curiosidades associadas a Guimarães.
Tratam-se de histórias que fizeram parte da história de Portugal, de lendas que ninguém sabe se são verdadeiras ou não ou de festas populares que mobilizam milhares de pessoas todos os anos. A cultura de Guimarães e do seu povo está repleta de episódios que os enchem de orgulho (e que nos deveriam orgulhar a todos nós).
Conhecer as histórias curiosas da Cidade Berço, aquelas que não aparecem nos livros de história, é descobrir um pouco mais sobre os seus habitantes e o modo como estes mostram o orgulho que sentem pela sua localidade. Descubra 5 fantásticas curiosidades da cidade de Guimarães.
1. O Rei que derrotou a própria mãe
D. Teresa governava o Condado Portucalense desde o ano da morte do marido, em 1112, contando com o apoio de alguns fidalgos castelhanos, como Fernão Peres de Trava. Afonso Henriques, seu filho, tinha algumas discórdias com a mãe e, incitado pelo apoio dos fidalgos do condado, entrou em conflito com esta, tentando apoderar-se do governo.
As tropas de Afonso Henriques e dos barões portucalenses enfrentaram as forças de D. Teresa a 24 de junho de 1128, na batalha de São Mamede, que se deu nos arredores da atual Guimarães. Da batalha, saiu vitorioso Afonso Henriques, o que resultou na expulsão de D. Teresa, que foi para a Galiza. É desta batalha que advém a associação entre Guimarães e as origens do nosso país, e é por isso que esta é a cidade-berço.
2. A reconstrução de uma Praça de Touros em 5 dias
Na madrugada do dia 28 de julho de 1947, um violento fogo destruiu a Praça de Touros de Guimarães, que tinha sido construída nesse ano e que ia ser inaugurada nesse mesmo dia. Apesar dos esforços da população e dos bombeiros, o incêndio consumiu a nova e elegante praça, restando apenas os alicerces de pedra, a trincheira e um monte de cinzas. Não se sabem quais foram as causas do incêndio, mas sabe-se que a população ficou desanimada, já que as Festas da Cidade aconteciam uns dias depois.
Os populares rapidamente começaram a reagir, crendo que, se tivessem os materiais e a mão-de-obra necessárias, conseguiriam voltar a erguer a estrutura, mesmo que apenas faltassem cinco dias para a Festa. E a ajuda surgiu de todos os cantos da cidade, e todos trabalharam dia e noite. E acabaram por concluir a obra a tempo da realização da Corrida das “Gualterianas”. O gesto emocionou todo o país, que se orgulhou do espírito de sacrifício e garra das gentes de Guimarães.
3. O primeiro teleférico de Portugal
Aquele que é o único teleférico a Norte do Douro, e o primeiro de Portugal, foi inaugurado a 11 de março de 1995. A viagem de 1700 metros liga Guimarães à Montanha da Pena, situada a uma altitude de 400 metros, num trajeto que demora 10 minutos. Atrai visitantes nacionais e internacionais todo o ano, já que proporciona vistas incríveis que se estendem até ao mar, e conduzem as pessoas até ao extraordinário Santuário de Nossa Senhora do Carmo da Penha.
No topo, encontra um diverso património natural de destaque, como um monumental conjunto de rochas e uma grande diversidade de espécies arbóreas. O espaço tem ainda restaurantes, hotel, minigolfe, bares, rotas pedonais, circuitos de ciclocrosse e um parque de campismo de montanha. É um dos santuários mais bonitos de Portugal.
4. Nicolinas, as Festas dos Estudantes
As Festas Nicolinas têm a sua origem na devoção a São Nicolau, protetor das raparigas pobres, dos perseguidos, dos comerciantes, das crianças, dos presos, dos infelizes, dos abandonados pela sorte e dos doentes, sendo também patrono dos estudantes. Diz a lenda que três crianças em idade escolar foram esquartejadas por um estalajadeiro e, quando São Nicolau se aproximou delas, devolveu-lhes a vida.
Inicialmente, as festas em honra a São Nicolau em Guimarães eram estritamente religiosas, mas foram apropriadas por estudantes, que construíram uma capela em sua honra e aí sediaram a sua irmandade.
As festas decorrem hoje anualmente, entre o 29 de novembro e o 7 de dezembro, com vários eventos como o Enterro do Pinheiro e as Ceias Nicolinas, altura em que estudantes e antigos estudantes se reúnem e jantam no centro da cidade, desfrutando dos rojões com grelos, das papas de sarrabulho e, claro, do vinho verde.
No final do jantar, começa o Cortejo do Pinheiro pelas ruas, ao somo dos característicos “Toques Nicolinos”. Não são só os estudantes que se juntam à festa, mas também populares. Outro dos eventos com grande simbolismo são as Maçãzinhas, a 6 de dezembro, em que as raparigas enchem as varandas e janelas da praça de S. Tiago, a assistir ao cortejo alegórico dos rapazes.
Cada rapaz tem uma lança, que eleva até às raparigas, para que estas coloquem fitas coloridas com pistas e lhes sejam oferecidas maçãs em troca. A lança é para ser oferecida à rapariga a quem o rapaz vai declarar o seu amor.
5. Guimarães 2012: Capital Europeia da Cultura
Guimarães foi a terceira cidade portuguesa a ser Capital Europeia da Cultura, depois de Lisboa, em 1994, e do Porto, em 2001. A cerimónia de abertura oficial ocorreu a 21 de janeiro de 2012, contando com quatro mil pessoas no pavilhão Multiusos, incluindo várias personalidades políticas da altura. O arranque foi dado por duas horas de música e dança, bem como através de performances e projeções multimédia que encantaram as 60 mil pessoas presentes.
Até ao final desse ano, Guimarães foi promotora da diversidade cultural europeia, através de uma programação variada de música, cinema, literatura, fotografia, artes plásticas, teatro, dança e artes de rua, o que trouxe à cidade novos edifícios e reconstruções que deram a Guimarães um novo fôlego, dos quais destacamos a Plataforma das Artes e Criatividade, o Instituto do Design e a Casa da Memória.