Uma das grandes figuras da nossa história, D. Dinis era, na sua época, um dos monarcas mais respeitados do mundo. Ficou conhecido como “Rei-Poeta”, pela sua extensa obra de poemas em Galaico-português e como “Rei-Lavrador”, pela sua aposta nos campos. Foi o 6º monarca de Portugal e reinou durante 46 anos, sendo descrito como culto, justo, por vezes cruel, piedoso, decidido e inteligente. Era filho de D. Afonso III e D. Beatriz de Castela, tendo nascido a 9 de outubro, dia de São Dinis, em Lisboa. Esteve para se chamar Sancho, mas um conflito com o seu tio-avô Sancho desfez essa ideia.
Pouco se sabe da sua infância. Apenas se conhece que, aos 10 anos, passou umas férias na corte do seu avô Afonso X, rei de Castela, onde se suspeita que terá adquirido a sua veia artística, já que o avô era igualmente conhecido pelos seus poemas e amor à cultura. Aos 17 anos, em 1279, D. Dinis sobe ao trono, num país que vivia tempos instáveis. Entre 1279-1287, a sua mãe, Beatriz de Castela, queria ser rainha consorte, algo que D. Dinis não aceitou.
Em 1281, o seu irmão D. Afonso colocou em causa a sua competência enquanto rei, tendo D. Dinis imposto a sua vontade e continuando a segurar o trono. Entre 1280-1287, negoceia com a Santa Sé para restabelecer a paz em Portugal, já que a relação com a igreja estava deteriorada há muitos anos, tendo inclusive D. Afonso III sido excomungado. No seguimento, implementou inquirições e leis de desamortização, apesar da contestação dos concelhos e da nobreza.
D. Dinis pensara já no seu casamento no início do seu reinado, tendo encontrado a esposa ideal em Isabel de Aragão, conhecida hoje como “Rainha Santa”. O casamento seria realizado dois anos depois, por procuração, em Barcelona, sendo que na altura Isabel tinha 10 anos. A cerimónia em Portugal foi realizada em Trancoso, vivendo depois os noivos em Coimbra. Tiveram dois filhos: D. Constança e D. Afonso, futuro Afonso IV. No entanto, sabe-se que o rei teve vários filhos de relações extraconjugais, que acabaram por ser educados pela rainha.
Depois destes anos conturbados, D. Dinis tomou várias medidas, como a criação de um sistema de leis, a criação de feiras, a aposta na pesca e em outras atividades marítimas, e a cedência de terrenos para cultivar a quem não tinha posses. Foi, no entanto, a agricultura que mais o interessou, procurando interessar toda a população na exploração das terras, e facilitando a sua distribuição.
No Entre Douro e Minho, dividiu as terras em casais, sendo que cada casal veio mais tarde a dar origem a uma povoação. Em Trás-os-Montes, o rei adotou um regime coletivista: as terras eram entregues a um grupo que repartia entre si os encargos, determinados serviços e edifícios comunitários, tais como o forno do pão, o moinho e a guarda do rebanho. Na Estremadura, a forma de povoamento dominante foi a que teve por base o imposto da jugada; outros tipos de divisão foram também utilizados, como, por exemplo, a parceria.
No ano de 1290, D. Dinis fundou a primeira universidade do país, que inicialmente se situava em Lisboa e mais tarde passou para Coimbra. Ajudou a desenvolver o pinhal de Leiria (sendo que, ao contrário do que se pensa, não terá sido ele a criá-lo). Em agosto de 1297, juntamente com Fernando IV de Castela, assinou o Tratado de Alcanizes, que reconhecia oficialmente as fronteiras de Portugal.
Foi no ano da assinatura do tratado que D. Dinis decretou que a “língua vulgar” (o galaico-português) fosse usado em vez do latim na corte, e nomeada de português. Assim, o rei adotava uma língua própria para o reino. Em 1296, o português foi adaptado pela chancelaria régia e passou a ser usado na poesia, em notários e na redação de leis. Nasceu assim a Língua Portuguesa.
D. Dinis teve um reinado extraordinário, conseguindo grande prestígio internacional com a mediação do conflito entre Aragão e Castela. Os últimos anos do seu reinado foram, no entanto, conturbados, entrando em guerra com o filho D. Afonso entre 1319 e 1324, tendo acabado por fazer as pazes. Diz-se, no entanto, que a relação com a sua mulher nunca mais foi saudável após o conflito.
D. Dinis falece em Santarém a 7 de janeiro de 1325, com 63 anos (idade avançada para a altura). Foi sepultado no Mosteiro de Odivelas, criado por si. Análises ao seu túmulo revelaram que o rei foi muito saudável, tendo falecido com todos os dentes, media cerca de 1,65 metros de altura e tinha cabelo e barba ruiva.