O nome Leonor surge por diversas vezes na vida e percurso do nosso rei D. Fernando I, que integrou a dinastia afonsina e foi o seu último rei. Mas em que contextos terá surgido esse nome na sua vida? Pois bem, a verdade é que este monarca esteve comprometido, ao longo da sua vida, com três mulheres de nome Leonor, tendo eventualmente casado com uma delas. Mas já lá vamos.
Dom Fernando nasceu a 31 de outubro de 1345, em Lisboa, e era filho de D. Pedro I e de D. Constança de Castela. O monarca, que assumiu a coroa aos 22 anos, ficou conhecido pelo cognome de “O Formoso” e reinou durante vários anos, entre 1367 e 1383.
Acabou por falecer na mesma cidade onde nasceu, no dia 22 de outubro de 1383, deixando para trás uma controversa questão de sucessão, uma vez que a sua herdeira, D. Beatriz, estava casada com o rei de Castela.
Voltamos à questão das mulheres com nome Leonor, mas, para isso, precisamos de algum contexto. A monarquia castelhana vivia tempos conturbados, num contexto de lutas fratricidas, em que se disputava a coroa entre D. Pedro e o seu meio-irmão, D. Henrique de Trastâmara.
O primeiro era filho legítimo de D. Afonso X, e o segundo era um dos muitos filhos bastardos deste rei com D. Leonor de Gusmão. D. Fernando, ao assumir a coroa, manteve uma posição inicialmente neutra, mas, após o assassínio de D. Pedro, modificou a posição portuguesa de forma radical.
Como era bisneto de Sancho IV, o nosso rei D. Fernando chegou a ser reconhecido como rei de Castela em algumas localidades. O monarca entrou também na guerra devido à rivalidade comercial e marítima entre Lisboa e Sevilha, o que levou a que Portugal entrasse num contexto de períodos sucessivos de guerra e paz.
De modo a cimentar a sua posição e obter auxílio, o nosso rei propôs a D. Pedro IV de Aragão um casamento com a filha deste, D. Leonor. Mas esse casamento não se viria a realizar, já que o rei voltou atrás com a sua palavra.
Em 1369, D. Fernando invadiu a Galiza, mas D. Henrique II de Castela retaliou e atravessou o Minho, apoderou-se do Braga, aproximou-se Guimarães e acabou por sair por Trás-os-Montes, deixando um rasto de destruição para trás.
Por fim, em 1371, o Papa Gregório Xi interveio e levou a que os monarcas assinassem a Paz de Alcoutim, no dia 31 de março de 1371. Neste acordo, D. Fernando compromete-se a casar com uma das filhas de D. Henrique, D. Leonor de Castela, rompendo assim a palavra dada ao rei de Aragão.
Mas não foi esta a Leonor com quem o nosso rei se casou, tendo este optado por desposar D. Leonor Teles. Por sorte, não existiram graves consequências vindas de Castela, mas a verdade é que a nossa nação não ficou agradada com este casamento, até porque D. Leonor Teles era já casada com João Lourenço da Cunha, filha do Morgado do Pombeiro, e era já mãe.
O casal conheceu-se numa das visitas de D. Leonor à sua irmã D. Maria Teles, que era uma aia da infanta D. Beatriz. Terá sido numa dessas alturas que Leonor seduziu o nosso rei, que não olhou a meios para tentar dissolver o casamento desta com o seu marido, que acabou por fugir do reino.
Havia quem defendesse que tinha havido um casamento secreto entre os dois em 1371, mas o casamento oficial realizou-se no Mosteiro de Leça do Balio, no dia 15 de maio de 1372, após uma revolta da população de Lisboa, que levou o monarca a sair da cidade. De notar que, dias antes do casamento, D. Fernando negou à população da capital que se fosse casar com D. Leonor Teles.
No ano seguinte, em meados de fevereiro, nasce a única filha do casal, D. Beatriz, que será também alvo de diversos tratados de casamento consoante os ventos da história, que o seu pai e mãe realizavam para ela.