Quando nasceu, D. Sancho I não estava destinado a ser rei, como prova o facto de lhe ter sido dado o nome de batismo de Martinho, nome sem tradição entre os reis hispânicos. Mais tarde (de seis meses a um ano depois) foi-lhe dado o nome de Sancho.
Porquê uma história tão atribulada, tendo como protagonista o sucessor de D. Afonso Henriques?
D. Sancho I era o segundo filho legítimo de D. Afonso Henriques, tendo nascido a 11 de novembro de 1154 (no dia de S. Martinho). Quem estava destinado a ser rei era o seu irmão Henrique, que contava na altura com sete anos. O primogénito tinha assim o nome do pai de D. Afonso Henriques, pensando-se que deu o nome de Martinho ao segundo filho para o destinar à carreira eclesiástica.
No ano seguinte, no entanto, morre o Infante D. Henrique, com 8 anos de idade, facto que deve ter desferido um duro golpe na família real portuguesa. Afinal, D. Afonso Henriques não teria assim um sucessor com o nome do seu pai, e, caso alguma coisa lhe sucedesse, seria uma criança de colo a tomar as rédeas do destino de Portugal.
Afinal. D. Afonso Henriques ia na altura a caminho dos cinquenta, numa época em que a esperança média de vida era muito baixa (ninguém adivinhava que este monarca passaria dos sessenta anos).
O nome Sancho era rico em tradição nas casas reais hispânicas. Assim, a partir da morte de D. Henrique, deixou de existir o Infante D. martinho, passando este a chamar-se Sancho.
Biografia de D. Sancho I
D. Sancho I, o quarto filho de D. Afonso Henriques (e segundo filho varão) sucedeu ao seu pai no trono aquando da morte deste, em 1185. Conquistou o cognome de “o Povoador” pela sua ação governativa, povoando locais remotos do reino (no que hoje corresponde aos territórios de Trás-os-Montes e da Beira Interior).
Chegou até a fundar a cidade da Guarda em 1199. O seu reinado foi também marcado pelo seu esforço em organizar o reino nas vertentes administrativa e financeira, criando indústrias e desenvolvendo a classe média, dos comerciantes e mercadores.
O tesouro acumulado durante o seu reinado permitiu que o jovem reino seguisse firme e se afirmasse num contexto europeu. Militarmente, as suas atenções concentraram-se nos mouros a sul da península, dando continuidade aos esforços do seu pai.
A partir de Coimbra, liderou o seu exército a vários sucessos, como a conquista de Silves, que na altura era uma cidade de grande importância, com mais de 20 mil habitantes. Fruto destas conquistas, passou a ter o título de Rei de Portugal e dos Algarves.
A verdade é que a conquista de Silves não duraria muito, já que esta foi novamente reconquistada pelos mouros, muito por culpa do constante assédio às fronteiras portuguesas por parte do Rei de Castela e Leão, que não aceitava a independência de Portugal. Isto obrigou D. Sancho I a dividir o seu exército em duas frentes, o que lhe limitou em muito os avanços territoriais que pretendia para o reino.
A nível pessoal, este rei ficou conhecido pelo gosto pela literatura e pelas artes, tendo deixado publicados vários livros de poemas da sua autoria e tendo patrocinado a ida de estudantes do reino para universidades no estrangeiro.
A 26 de março de 1211, morre D. Sancho I, tendo por sucessor o seu filho D. Afonso II. O seu túmulo encontra-se ao lado do túmulo do pai, Afonso Henriques, no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra.
Temos sempre muito tempo para aprender… Historia que desconhecia!