Em Bragança, podemos encontrar um edifício histórico que se destaca pela sua singular arquitetura e pela sua importância social e política. Falamos do Domus Municipalis, construção em pedra granítica, com uma forma pentagonal e dois pisos, que está datada do século XII ou XIII. O edifício encontra-se no interior dos limites do castelo, perto da antiga cisterna que abastecia a população com água.
O seu nome significa “casa do município”, o que nos indica que o edifício era a sede da administração local. Assim, no piso superior, faziam-se as reuniões do concelho, onde os representantes dos moradores decidiam sobre assuntos que tivessem a ver com a comunidade.
Por sua vez, o piso inferior funcionava como uma prisão para os infratores da lei. Este edifício conta com uma estrutura simples, mas harmoniosa e robusta. A sua fachada tem uma porta em arco de volta perfeita, ladeada por duas janelas em arco.
O piso superior tem 5 janelas de cada lado, de diferentes tamanhos e formas, e o telhado é em forma de pirâmide truncada, tendo uma abertura central para permitir a entrada de luz e ar.
A história deste monumento está envolta em mistério e controvérsia. Isto porque não se sabe ao certo quem construiu este edifício, nem se sabe quando foi realizada a construção e qual era, efetivamente, o seu propósito.
O que se sabe é que este é um exemplo único da arquitetura civil românica na Península Ibérica. Uma das hipóteses mais aceites entre os entendidos é que o Domus Municipalis foi erguido no século XII ou XIII, durante a Reconquista Cristã, altura em que os reis portugueses concediam forais aos povoados, de modo a estimular o repovoamento e defesa.
Nesse caso, o edifício poderia ter sido uma iniciativa da população de Bragança, que desejava ter um lugar próprio para discutir os seus assuntos, podendo a construção ser financiada por impostos cobrados aos moradores ou por doações de nobres e clérigos.
Outra hipótese diz-nos, no entanto, que o edifício foi construído no século XV, por altura da reconstrução do castelo de Bragança, que foi danificado por um incêndio em 1409. Assim, o edifício seria uma obra do conde de Barcelos, D. Afonso, filho bastardo do rei D. João I, e seria um símbolo do seu poder e lealdade à coroa.
Seja qual for a sua origem, o que sabemos é que o Domus Municipalis de Bragança serviu como cisterna de água e como sede das reuniões municipais. O local foi usado como paços do concelho até ao século XIX, e, desde então, tem sido alvo de inúmeros trabalhos de conservação e restauração, mantendo-se como Monumento Nacional e verdadeiro símbolo da identidade transmontana.
Este edifício é o único exemplar de arquitetura civil românica no nosso país, sendo um dos mais antigos edifícios públicos da Europa. Além disso, é um símbolo da autonomia local e um verdadeiro testemunho da cultura e identidade transmontanas.
Caso tenha ficado com curiosidade de conhecer o Domus Municipalis de Bragança, este está aberto ao público todos os dias, das 9h às 17h30 (durante o inverno) e das 9h às 19h (no verão). A entrada é gratuita. Para fazer a sua visita, deve subir uma escadaria no exterior, que lhe dá acesso ao piso superior.
Uma vez dentro, pode apreciar a beleza e simplicidade do espaço, no qual se destacam as colunas e capitéis esculpidos com motivos vegetais e geométricos.
Por sua vez, no piso inferior, verá a antiga prisão, onde se podem ver alguns grafitos nas paredes, feitos pelos prisioneiros. Também pode observar a cisterna de água adjacente ao edifício, que tem capacidade para cerca de 2000 litros de água.
Caso esteja por Bragança, não pode mesmo deixar de fazer uma visita ao Domus Municipalis e descobrir com calma as suas caraterísticas, que nos transportam no tempo e nos aproximam dos povos que pelo nosso território passaram ao longo dos séculos.