Portugal é um país pequeno, mas a verdade é que não faltam atrações neste nosso cantinho, com diversas regiões e cidades com imensas qualidades e que são muito procuradas e visitadas. E também perto de Lisboa existem pequenos segredos para descobrir que poucos imaginam existem perto de uma grande capital.
Mas existem também locais ricos em património histórico e cultural, charmosos e intrigantes, que não são tão conhecidos e que correm o risco de desaparecerem. Um desses locais é Escaroupim, uma aldeia piscatória às portas de Lisboa.
Infelizmente, podemos encontrar, de Norte a Sul do país, imensas aldeias com pouquíssimos habitantes. Costumam situar-se em locais isolados, afastados de outras localidades e a grandes distâncias da cidade mais próxima.
Assim, a fuga dos habitantes da aldeia costuma surgir da necessidade de procurarem uma vida melhor noutros locais. Felizmente, alguns destes sítios, como Escaroupim, ganham uma segunda vida graças à presença de alguns turistas, que ficam rendidos aos seus encantos.
Escaroupim é uma aldeia histórica localizada no coração do Ribatejo, a cerca de 7km de Salvaterra de Magos, no distrito de Santarém, e a cerca de 1 hora de Lisboa. Nesta aldeia, entre as margens do Tejo e as terras do Ribatejo, tem uma rica história e cultura, que ainda hoje se mantém viva nas suas gentes.
Infelizmente, hoje apenas aqui vivem menos de uma centena de pessoas, todas de uma faixa etária mais envelhecida, mas que sabem receber bem os visitantes que aqui chegam ao fim-de-semana ou nos períodos de férias.
Esta é uma aldeia piscatória típica, formada em meados dos anos 30 por pescadores oriundos da Praia da Vieira (marinha Grande), que vinham sazonalmente ao Tejo pescar durante o inverno. O escritor Alves Redol definiu estes pescadores como “nómadas do rio”, pois eles representaram uma das mais interessantes migrações a que Portugal assistiu durante décadas.
Aqui apanhavam peixes como o sável e as enguias, regressando depois às suas casas no verão. Com o tempo, no entanto, foram-se criando povoações piscatórias ao longo do rio e as pessoas fixaram-se nestes locais.
A pesca era feita tanto por homens como por mulheres, um fenómeno raro em Portugal. Durante a noite, o homem lançava as redes ao rio à procura do peixe enquanto a mulher remava. De dia, eram também as mulheres que vendiam o peixe nas aldeias das redondezas. Um trabalho árduo que, infelizmente, sempre foi pouco reconhecido.
Escaroupim tem, no entanto, algumas caraterísticas especiais, que a distingue das demais aldeias piscatórias da região. As suas casas de madeira, de cores vivas e cativantes, encontram-se sobre estacas, de modo a protegê-las das cheias, que eram frequentes em tempos antigos.
Ver estas bonitas casas é uma experiência imperdível, que nos transporta no tempo e nos ajuda a conectar com um Portugal de tradições antigas e de engenho ancestral.
Caso pretenda visitar Escaroupim, saiba que, para além de observar as casas a partir do exterior, poderá também conhecer o interior de uma casa típica, a Casa Típica Avieira, criada pela Câmara Municipal para preservar e dar a conhecer as antigas habitações das gentes ribeirinhas.
Outro local de grande interesse é o museu “Escaroupim e o rio”, onde se preserva a memória das diversas comunidades ribeirinhas do Tejo. Aqui é possível conhecer a história da aldeia e ver de que forma as autoridades locais estão a tentar preservar a memória de quem aqui viveu.
Os visitantes podem igualmente fazer um passeio de barco, observar aves, visitar o parque de merendas e conhecer melhor a Mata Nacional do Escaroupim e o seu parque de campismo.
Como vê, esta belíssima aldeia, às portas de Lisboa, tem muito para oferecer aos visitantes. Portanto, não perca a oportunidade de visitar este pequeno mundo singular enquanto pode!