Conhecidos também como canastros, em função dos materiais usados na sua construção, os espigueiros são celeiros onde os lavradores guardam as espigas de milho. Podendo ser particulares ou comunitários, a dimensão de um espigueiro reflete a grandeza da produção e colheita efetuada. A sua ornamentação depende já da fantasia do construtor e dos recursos do proprietário. Estas estruturas são muito comuns no Parque Nacional da Peneda Gerês.
Normalmente, podemos encontrar os espigueiros em zonas de terreno mais elevado, de forma a permitir a secagem do milho. Por perto, existirá uma eira, num solo mais plano e lajeado, onde se malha o centeio, desfolha o milho e se dá lugar às alegres descamisadas, onde muitos namoricos se arranjavam. Os mais famosos do Parque Nacional da Peneda Gerês são os de Lindoso e os de Soajo, mas existem mais.
Este género de construção está muito relacionado com a introdução do milho na Península Ibérica, de onde irradiou para outros pontos do mundo. Chamado de “trigo índio”, o milho ter-se-á originado no México há cerca de quinhentos anos, tendo sido trazido para a Europa pelas naus de Cristóvão Colombo. Descubra os melhores locais para ver espigueiros no Parque Nacional da Peneda Gerês.
1. Lindoso
Um dos maiores tesouros do Lindoso são os seus emblemáticos espigueiros. Só a eira que se espraia junto ao castelo tem uns impressionantes 60 espigueiros, e a freguesia tem 120 ao todo. Estes pequenos celeiros são os testemunhos de vida comunitária, com alguns a irem a caminho dos 3 séculos de idade. Não é de admirar, por isso, que este seja dos locais mais fotogénicos do Gerês.
2. Soajo
Se está a planear visitar Soajo, não pode perder certas atrações. Uma delas são os espigueiros, símbolo da aldeia, que tem 24 no total. Encontram-se no Eido do Penedo, em cima de uma enorme laje granítica, e refletem a vida comunitária da aldeia. Foram construídos para armazenar o milho e protegê-lo assim dos roedores. Ainda são utilizados hoje em dia pela população.
3. Germil
Tal como outras aldeias da região, possui um conjunto de espigueiros, estruturas seculares para abrigar o milho dos roedores, mas não tão imponentes como os do Soajo ou de Lindoso, por exemplo. Existe ainda um Fojo do Lobo, destinado a caçar este animal e as antigas silhas dos ursos, vestígios da presença destes últimos no Parque Nacional da Peneda Gerês.
4. Cidadelhe
Os espigueiros de Cidadelhe localizam-se no interior da aldeia e foram construídos nos séculos XVIII e XIX. Enquadram-se harmoniosamente na paisagem e são notáveis pela sua execução arquitetónica, sendo que um deles possui mesmo 2 andares, algo raro em todo o Parque Nacional da Peneda Gerês. A planta é retangular, de granito e paredes aprumadas.
5. Eira do Tapado
Este magnífico conjunto de 21 espigueiros localiza-se no lugar de Parada, mas precisamente na Eira do Tapado, uma antiga eira comunitária. Foram construídos nos séculos XVIII e XIX e dispõem-se em redor da eira central. Uma eira era um terreno liso ou empedrado onde se secavam legumes e cereais e onde de degranava o milho.
Os espigueiros da Eira do Tapado são semelhantes aos do Lindoso: de granito e com planta retangular, encontrando-se bem conservados e localizados numa zona arejada e soalheira.
6. Portela da Leija
Tal como os anteriores, localizam-se perto da aldeia de Parada e foram construídos nos séculos XVIII e XIX. São estreitos e inteiramente em granito. A planta é retangular com fendas verticais. No entanto, um deles possui fendas horizontais, sendo um dos raros exemplares desta tipologia existentes em Portugal.