Os azulejos de padrão, produzidos na segunda metade do século XIX, cobrem milhares de edifícios um pouco por todo em Lisboa, tendo-se tornado parte da sua identidade, graças à variedade de cores e desenhos que alegram as suas ruas. Encontram-se exemplares impressionantes dentro de palacetes e igrejas, mas mesmo em fachadas se conseguem ver painéis deslumbrantes, autênticas obras-primas que merecem ser contempladas.
A ideia de revestir a fachada exterior das casas com azulejos surgiu da necessidade de ter um revestimento que conseguisse ser resistente ao desgaste natural causado pelo passar do tempo e pelo clima. Mas o engenho dos portugueses acabou por transformar um simples revestimento numa forma de arte que merece ser apreciada.
Vale a pena passear pelas ruas de Lisboa e prestar atenção aos muitos edifícios revestidos a azulejos. Mas existem alguns que, pela sua espetacularidade, merecem destaque em relação aos demais. Descubra algumas das fachas de azulejos mais bonitas de Lisboa.
1. Campo de Santa Clara, 124-126 (Alfama)
É provavelmente a mais bela fachada de azulejos de Lisboa. Está situada perto do Panteão Nacional e data de 1860. Foi criada ao gosto romântico da época, tendo inspiração barroca, e usa o amarelo, branco e azul para representar bustos e molduras a imitar mármore. O interior deste edifício é hoje ocupado pelo alojamento turístico Casa dell’Arte Club House.
2. Largo Rafael Bordalo Pinheiro (Chiado)
É certamente um dos edifícios mais fotografados da cidade, já que se encontra mesmo no centro do Chiado. Data de 1869 e está forrado com azulejos amarelos e laranja, que retratam imagens mitológicas que representam a Terra, a Água, a Ciência, a Agricultura, o Comércio e a Indústria. No topo, encontra-se uma estrela com o olho da Providência.
3. Fábrica Viúva Lamego (Intendente)
O edifício, situado no Largo do Intendente, foi revestido de azulejos em 1865. Inicialmente, era uma residência privada, mas ficou mais tarde nas mãos da fábrica de cerâmica Viúva Lamego, que o ocupou até 2021. As imagens da fachada incluem vasos de plantas e figuras de inspiração asiática, que relembram o comércio entre Portugal e o Oriente.
4. Fábrica Viúva Lamego (Almirante Reis)
Esta fachada está virada para a Avenida Almirante Reis, por trás da fachada acima mencionada. Este lado do edifício é todo em azul e branco, sendo composto por painéis de azulejo espetaculares. Faz parte da Fábrica Viúva Lamego e foi aqui que se produziu cerâmica por muitos anos, incluindo muitos dos azulejos que hoje decoram as estações de metro da capital.
5. Rua do Sacramento à Lapa (Lapa)
Aqui encontra um palacete que se situa entre grandes embaixadas, que foi construído em finais do século XIX como residência nobre. As janelas neo-manuelinas estão cobertas com azulejos e peças de cerâmica, numa decoração meia barroca, meia Arte Nova, muito significativa do período romântico.
6. Rua do Possolo, 76 (Lapa)
O Palacete dos Condes de Sabrosa foi construído no século XVIII, mas é hoje ocupado pelas embaixadas da Finlândia e de Andorra. Os seus azulejos cobrem metade da fachada, podendo ser vislumbrados motivos clássicos, naturalistas e até marítimos nestes painéis.
7. Rua de São Domingos à Lapa, 43-45 (Lapa)
Apesar de se passar por este edifício no elétrico 25, poucos dão por ele, já que é um pouco mais ofuscado pelo palacete ao seu lado. Mas a fachada deste edifício, revestida com azulejos em motivos florais, merece ser contemplada e apreciada.
8. Rua do Milagre de Santo António, 14 (Alfama)
O edifício é muito fotografado por turistas, já que chama a atenção. Por aqui perto viveu Santo António, e os painéis de azulejos do século XX representam por isso o “Milagre dos Peixes”, o “Milagre da Bilha” e o “Milagre da Mula”.
9. Rua das Cruzes da Sé, 13-15 (Alfama)
Esta fachada, ao lado da Sé, encontra-se coberta com azulejos criados em 1918. Aqui se situava uma antiga fábrica de balanças, e por isso os painéis são alusivos a esse ofício.
10. Rua das Janelas Verdes, 70-78 (Santos)
Este edifício, que se encontra perto do Museu Nacional de Arte Antiga, encontra-se coberto com azulejos relevados com elementos ao estilo Arte Nova, resultado de um gosto mais “moderno”, de princípios do século XX, que contrastava com as opções mais barrocas e românticas de outras fachadas grandiosas da cidade.