O fado, tão caraterístico do nosso país, fala-nos de saudade, amor, desgosto, perdas, alegrias e melancolia. O fado é tipicamente nosso e nasceu no conhecido bairro da Mouraria, tendo-se mantido popular desde o seu nascimento, apresentando-nos nomes como o da primeira fadista conhecida em Portugal (a Severa), e a mais internacional fadista portuguesa, Mariza, por entre outros nomes de relevo, que ajudam a levar o fado mais além.
Ainda hoje, este símbolo português se carateriza pelo sentimento retratado, por um xaile que lembre Lisboa antiga, e por uma guitarra portuguesa a acompanhar uma voz forte, embalada pelo ambiente silencioso que o público proporciona.
O fado tem a sua origem na Lisboa oitocentista, estando associado a situações sociais expressas nas diferentes festas populares. Não demorou muito até se expandir para o teatro, mais precisamente no de revista.
Foi apenas no século XIX que a guitarra portuguesa começou a acompanhar o fado canção, marcando a partir daí a identidade deste símbolo nacional. Mas foi apenas no século seguinte que começou a existir uma maior partilha e divulgação do fado em todo o país, passando a integrar as mais variadas programações culturais.
É verdade que o fado ainda hoje mora nas ruas mais antigas dos bairros de Lisboa, como é o caso de Alfama, do Bairro Alto e da Mouraria. Mas o fado é muito mais do que um estilo e género musical: é a expressão da alma portuguesa, que aborda temas profundos, que justificam o seu tom lamentoso. O fado é um ícone que integra o património da humanidade português, falando-nos dos encontros e desencontros da vida, num registo que cativa o público e lhe aviva os sentimentos.
Podemos encontrar diversas casas de fado um pouco por todo o país, locais onde podemos sentir esta arte que é a de cantar e viver. Para além de um ambiente acolhedor, nelas podemos encontrar um ambiente calmo e imóvel, onde o fadista se lança e cativa todos aqueles que têm uma alma que sabe escutar.
Para os verdadeiros apreciadores de fado, este não é apenas um estilo musical; é também uma forma de viver e sentir tudo o que é transmitido em cada palavra, cada som e cada nota tocada na guitarra portuguesa.
Tal maravilha musical não podia ficar apenas no nosso país. Em meados do século XX, o fado começou a expandir-se além das fronteiras de Portugal muito rapidamente, começando a ser reconhecido pelo mundo inteiro.
O fado ganhou ainda mais popularidade junto das comunidades portuguesas no estrangeiro, permitindo a milhares de portugueses lá fora manter uma ligação às suas raízes e à sua comunidade.
É verdade que em Portugal a maioria dessas pessoas desconhecia o fado, e só ao chegar ao país de destino e ter acesso aos programas de rádio dedicados ao género musical é que o descobriram. Como o fado cantava Portugal enquanto pátria, tornou-se um hino da saudade e nostalgia por terras portuguesas que os emigrantes sentiam.
No fundo, os interesses musicais até podiam ser outros, mas assim que os portugueses migravam, e por forma a recordar a sua origem, incorporavam o fado como sendo um fator cultural português. Desta forma, este género musical tornou-se sinónimo de Portugal em todo o mundo.
Por entre os diferentes símbolos portugueses, o fado é uma relíquia que teve uma origem modesta nos bairros da nossa capital, tendo-se expandido rapidamente para outras regiões do país e até mesmo do mundo. Hoje, é reconhecido como um ícone português e apreciado por pessoas de todo o mundo.
Existem dois tipos principais de Fado em Portugal: o Fado de Lisboa e o Fado de Coimbra. O estilo que se ouve em Lisboa é o mais popular, enquanto que em Coimbra trata-se de um estilo mais clássico. Além desses dois tipos principais, existem cerca de 140 subtipos de Fado, todos com algo em comum: sua estrutura rítmica e melódica têm sempre sustentáculo nos Fados denominados primitivos, são eles fado à Capela, Corrido e Castiço.
O Fado de Lisboa e o Fado de Coimbra possuem temáticas distintas. O Fado de Lisboa é cantado especialmente nos bairros de Lisboa da Mouraria e Alfama e tem como base os sentimentos de saudade e amor, contando histórias de angústia e mágoas, mas pode também contar histórias divertidas com toque de ironia. É cantado e interpretado por um fadista e acompanhado de guitarra portuguesa e viola.
Já o Fado de Coimbra tem fortes raízes ligadas às tradições acadêmicas da Universidade de Coimbra, onde espelha sentimentos de romantismo e que retratam a vida dos estudantes da cidade de Coimbra. Este tipo de fado é tradicionalmente cantado por homens que usam fatos e capas negras e acompanhados pela guitarra portuguesa e guitarra clássica, com poemas que retratam sentimentos como amor e saudade quer pela cidade, pela Universidade ou por uma mulher.