Já existem poucos locais assim: genuínos, autênticos, singelos e acolhedores. Mas a aldeia de Gimonde, em Trás-os-Montes, ainda consegue ser tudo isso e muito mais. Localizada no concelho de Bragança, às portas do Parque Natural de Montesinho, é uma típica aldeia transmontana que parece parada no tempo e que recebe como ninguém quem a visita.
A aldeia é pequena mas repleta de encanto. É um dos símbolos maiores da terra fria transmontana onde o calor das suas gentes sobressai e nos cativa. As paisagens são soberbas e o quotidiano rural e pitoresco servem de enquadramento perfeito para uma escapadinha de fim de semana.
A primeira coisa que salta à vista quando se chega a Gimonde é a sua ponte. Vulgarmente conhecida como Ponte Velha, a Ponte de Gimonde atravessa o rio Malara. Na origem desta travessia esteve uma estrutura primitiva construída pelos romanos e que integrava a ligação entre Braga e Astorga, passando ainda por Chaves. Seria, portanto, um ponto crucial de passagem em Trás-os-Montes.
A ponte servia também os habitantes do antigo “castro de Gimonde”, um pequeno povoado da época romana que existiu nos arredores da atual aldeia. Mais tarde, essa estrutura romana que atravessava o rio foi ampliada, utilizando para o efeito o material mais típico da região: o xisto.
O resultado é a ponte que vemos hoje: bela, singela e pitoresca. Um monumento do qual os habitantes de Gimonde muito se orgulham e que serve de enquadramento perfeito para um passeio à beira do rio, enquanto se aprecia as típicas casas transmontanas, com uma estrutura que evidencia bem a principal atividade deste local: a agricultura.
Gimonde teve alguma importância regional no passado. Por aqui passavam os peregrinos em direção a Santiago de Compostela por aquela que é uma variante do caminho português do interior. Esta passagem constante de pessoas trouxe à aldeia algum dinamismo que, com o tempo, se foi perdendo.
A melhor forma de explorar Gimonde é caminhando pelas suas ruas e apreciando cada pequeno detalhe. É uma típica aldeia da Terra Fria Transmontana e tudo gira em volta das atividades agrícolas. Os aldeões trabalham as suas terras, levam os seus animais para as pastagens verdes dos arredores e nos fornos da aldeia ainda se coze pão à moda antiga.
O pão de Gimonde é, aliás, famoso em toda a região. A receita é quase um segredo dos deuses mas, como não poderia deixar de ser, é ancestral e foi transmitida de geração em geração até aos nossos dias. Os fornos são aquecidos a lenha e quase todas as casas possuem um.
E por falar em pão… a gastronomia é um dos principais motivos pelos quais muitos turistas de Bragança e da vizinha Espanha se deslocam até estas paragens durante o fim de semana. O restaurante mais famoso é “O Abel”, uma verdadeira instituição local que apenas serve carnes da região de elevada qualidade.
Merecem também destaque outros produtos, como os licores, o mel, o fumeiro e, sobretudo, as excelentes compotas produzidas com frutas típicas desta região e seguindo receitas ancestrais. E como não poderia deixar de ser, tal como em todo Trás-os-Montes, também o azeite é de excelência e pode ser comprado em vários locais da aldeia.
Uma visita a Gimonde nunca ficará completa se não explorar os arredores. Existem vários locais dignos de destaque: Rio de Onor, Varge, Montesinho, Guadramil e Gondesende. Pode visitar estas aldeias de carro ou, se for adepto de caminhadas, existem diversos trilhos e percursos pedestres, com vários níveis de dificuldade, que o levarão até aos recantos mais genuínos do Parque Natural de Montesinho.
Se procura um local nos arredores de Gimonde com mais oferta cultural, Bragança é a escolha certa. O seu castelo e o seu património arquitetónico são dignos de registo, assim como alguns monumentos emblemáticos, como o Domus Municipalis ou o Mosteiro de Castro de Avelãs.
No final da sua visita, não vá embora sem antes comprar uma pequena lembrança ou um qualquer produto regional. Para além de estar a comprar um produto de qualidade, estará também a ajudar a economia local e a fazer com que os habitantes de Gimonde e dos arredores possam continuar a viver aqui e a recebê-lo como os transmontanos tão bem saber fazer.
Afinal de contas, Trás-os-Montes e as suas gentes são sempre capazes de nos encantar com a sua hospitalidade, gastronomia e tradições. E, em Gimonde, não faltam motivos para comprovar isso mesmo.