A Ginjinha de Óbidos é um dos licores mais emblemáticos de Portugal, conquistando cada vez mais apreciadores dentro e fora do país. A receita original permanece um segredo bem guardado, mas isso não impede que muitos tentem recriar este licor único, obtendo por vezes resultados surpreendentes.
A tradição de produzir licores a partir de frutos remonta a tempos antigos, sendo comum atribuir-lhes propriedades medicinais e curativas.
A origem da ginja, fruto essencial para a produção deste licor, não é fácil de determinar com precisão. Contudo, acredita-se que tenha surgido na Ásia Menor, junto às margens do Mar Cáspio, e que tenha chegado aos países mediterrânicos através das rotas comerciais.
Existem mesmo referências antigas que destacam a qualidade das ginjas na região da Lusitânia, o que deixa antever que este fruto já era apreciado em território português há séculos.
Com um clima particularmente favorável ao cultivo da ginja, a região Oeste de Portugal, especialmente Óbidos, tornou-se conhecida pela produção das ginjas mais saborosas do país. Naturalmente, foi neste cenário que a Ginjinha de Óbidos se afirmou como uma especialidade local, ganhando popularidade ao longo dos anos.
Este licor apresenta-se num tom vermelho-escuro intenso e pode ser encontrado em duas versões principais: simples ou com ginjas inteiras no interior da garrafa. Por vezes, é aromatizado com baunilha ou canela, acrescentando-lhe um toque distinto.
Diz-se que a sua origem remonta ao século XVII e que terá sido um frade a aperfeiçoar a receita, aproveitando a abundância do fruto na região.
Com o passar do tempo, o licor passou a ser produzido de forma artesanal pelas famílias de Óbidos, que o ofereciam como presente aos ilustres visitantes. O crescimento do turismo na vila, nas últimas décadas, impulsionou ainda mais a sua notoriedade.
Nos anos 80, um empresário visionário chamado Montez abriu o primeiro bar dedicado à ginja na vila, tornando-a num verdadeiro símbolo local. Rapidamente, surgiram novos estabelecimentos e uma competição saudável pela criação da melhor ginjinha, com variações na doçura, acidez e teor alcoólico.
A fama da Ginjinha de Óbidos não se deve apenas ao seu sabor, mas também ao encanto da própria vila medieval. Para muitos visitantes, saborear um copo de ginjinha no coração de Óbidos é uma experiência única, que combina história, tradição e gastronomia.
A título de curiosidade, há quem descreva o licor através de uma receita metafórica: “Misturam-se igrejas centenárias, casas brancas adornadas com cores vibrantes, ruelas empedradas e um castelo medieval. Agita-se bem e deixa-se repousar durante séculos. O resultado? Uma vila encantadora, perfeita para degustar uma ginjinha.”
Embora a receita original continue a ser um mistério, muitas pessoas tentam recriar este licor em casa, obtendo versões bastante fiéis ao original. Para quem quiser experimentar, aqui fica uma receita tradicional:
Ingredientes:
- 1 kg de ginjas maduras e intactas
- 1 litro de aguardente de uva (ou, em alternativa, vodka ou outro álcool neutro)
- 750 gramas de açúcar
Preparação:
- Lavar bem as ginjas e retirar-lhes os pés.
- Secá-las cuidadosamente com papel absorvente.
- Colocar as ginjas num frasco ou garrafa de boca larga.
- Misturar a aguardente com o açúcar e verter o líquido sobre as ginjas.
- Fechar bem o recipiente e armazená-lo num local escuro durante, pelo menos, três meses.
- Durante a primeira semana, agitar o frasco ocasionalmente para ajudar o açúcar a dissolver-se.
Algumas variações incluem deixar as ginjas a macerar no açúcar antes de adicionar a aguardente, ou juntar vinho tinto para reduzir a graduação alcoólica. Há também quem prefira esperar um ano antes de consumir a ginjinha, garantindo um sabor ainda mais apurado.
Independentemente da receita, uma coisa é certa: a Ginjinha de Óbidos é um verdadeiro ícone da tradição portuguesa, proporcionando momentos de convívio e celebração.
Seja num copo de chocolate ou numa versão clássica, é um licor que mantém viva a identidade da aldeia e faz as delícias de todos os que o provam.
Pensei que refericem a historia da ginginha de Óbidos de outra forma. Mas posso acrescentar que a receita da atual levou decadas a ser o que hoje é, e que a fabrica se situa na Amoreira d’óbidos, hoje com grandes e modernas instalações. A receita é toda elaborada com produtos naturais. Com a minha familia materna a viver nessa vila conheço toda essa magnifica história.
É uma delicia a ginginha de Óbidos em copo de chocolate.