Lisboa, a capital portuguesa, é uma das cidades mais antigas da Europa, repleta de história e influências de diferentes civilizações. Ao longo dos séculos, o seu nome evoluiu, refletindo as culturas que por lá passaram e moldaram a sua identidade. Mas, afinal, qual é a verdadeira origem do nome Lisboa?
Uma das histórias mais populares sobre a fundação de Lisboa remonta à mitologia grega. Segundo a lenda, a cidade terá sido fundada pelo herói Ulisses durante as suas longas viagens após a Guerra de Tróia.
Terá dado o nome de “Olissipo” à cidade, derivado da expressão “Olissipona”. Apesar do fascínio que esta narrativa desperta, não existem evidências históricas que a confirmem.
Embora a lenda de Ulisses tenha resistido ao tempo, a teoria mais plausível aponta para os fenícios como os primeiros a dar um nome à cidade. Por volta de 1200 a.C., os Fenícios estabeleceram-se na região, chamando-lhe “Alis Ubbo”, que significa “enseada amena” ou “porto seguro”.
Este povo era conhecido pela sua habilidade no comércio e na navegação, e Lisboa, estrategicamente localizada na foz do rio Tejo, tornou-se um ponto importante para as suas rotas marítimas.
Com a chegada dos Romanos, em 218 a.C., Lisboa foi integrada no vasto Império Romano e passou a chamar-se “Olissipo”. Sob o domínio de Roma, a cidade prosperou, tornando-se um relevante centro comercial da província da Lusitânia.
Os habitantes receberam a cidadania romana, e a cidade ganhou o título de “Felicitas Julia”, concedido pelo imperador Augusto, em reconhecimento da sua lealdade ao império. Durante este período, Lisboa destacou-se pela produção e exportação de vinho, azeite e garum, um molho de peixe muito apreciado pelos romanos.
Com a queda do Império Romano, Lisboa passou por uma nova fase de transformações. Durante os séculos V e VI, foi ocupada por povos germânicos, como os Suevos e os Visigodos, que alteraram o nome da cidade para “Ulishbona”. Este período foi marcado pela instabilidade, e a cidade perdeu parte da sua importância económica.
Em 719, Lisboa foi conquistada pelos Mouros, que a integraram no Califado de Córdova. Durante os mais de quatro séculos de domínio islâmico, a cidade passou a chamar-se “Al-Ushbuna” ou “Al-Lishbuna”.
Os muçulmanos deixaram uma forte marca na cultura, arquitectura e organização urbana de Lisboa, construindo a cerca moura, promovendo o desenvolvimento agrícola e introduzindo novas técnicas de irrigação.
Em 1147, Lisboa foi reconquistada por D. Afonso Henriques, com o apoio de cruzados que se dirigiam para a Terra Santa. Após a conquista, o nome da cidade começou a sofrer novas adaptações, passando por formas como “Ulixbona”, “Lixbona” e “Lisbona”, até chegar à designação atual: Lisboa.
Com a reconquista cristã, a cidade ganhou um novo estatuto e cresceu em importância. Em 1255, tornou-se a capital do Reino de Portugal, devido à sua posição estratégica e ao seu dinamismo económico.
A história da origem do nome Lisboa reflete a riqueza cultural da cidade. Desde os Fenícios, passando pelos Romanos e Muçulmanos, até à reconquista cristã, Lisboa foi sempre um ponto de encontro de diferentes civilizações.
Esta herança multicultural continua presente nos seus monumentos, na sua gastronomia e na identidade dos seus habitantes.
Curiosamente, ainda hoje muitos portugueses pronunciam o nome da cidade como “Lixboa”, uma reminiscência das influências árabes. Além disso, a abreviatura “Lx” frequentemente utilizada para designar a cidade pode ter raízes na antiga designação mourisca “Al-Ushbuna”.
Lisboa, uma cidade com quase três mil anos de história, continua a encantar quem por lá passa, não só pela sua beleza e cultura, mas também pela fascinante viagem no tempo que as suas ruas e monumentos proporcionam.
O seu nome, tal como a sua essência, é o resultado de séculos de evolução e de intercâmbio entre diferentes povos e culturas.