Futura Rainha de Portugal, a princesa Estefânia Frederica Guilhermina Antónia de Hohenzollern-Sigmaringen nasceu em Sigmaringen, na Alemanha, a 15 de julho de 1837, e faleceu em Portugal em 1859, escassos meses após casar com o Rei D. Pedro V. Filha de Carlos António de Hohenzollern-Sigmaringen e de Josefina de Baden, casou com o rei português a conselho da sua parente, a rainha Vitória de Inglaterra.
O casamento foi feito por procuração, a 29 de abril de 1858, na catedral de Santa Hedwige, em Berlim, estando o rei português representado nas negociações pelo conde de Lavradio. A 3 de maio desse mesmo ano, D. Estefânia partiu de Düsseldorf, chegando de comboio a Ostende. Aí, embarcou no vapor Mindelo até Plymouth, na Inglaterra. A parte final da viagem, até ao seu novo país, foi feita na corveta Bartolomeu Dias.
Finalmente, a 17 de maio de 1858, D. Estefânia chegou a Portugal, tendo no mesmo dia sido realizada uma cerimónia de casamento. Se quer conhecer o aspeto de D. Estefânia, o pintor João Pedroso retratou a chegada da rainha a Portugal, estando o quadro exposto no Palácio Nacional da Ajuda.
A noite de núpcias, ao que parece, foi difícil para o rei, que não demonstrou interesse na sua rainha. D. Pedro V era um puritano, que se queixava com frequência da futilidade das raparigas da corte. Mas depois de conhecer D. Estefânia, tudo mudou. O casal parecia apaixonado, passeando de mãos dadas pelos jardins de Benfica e de Sintra.
Além de bela, D. Estefânia era instruída, escrevendo cartas íntimas para a mãe em francês, onde criticava por vezes a alta sociedade portuguesa: “Os portugueses têm o sentido do luxo e da pompa, mas não o da dignidade”. Apesar de sentir saudades do Reno e de não gostar do calor e da aridez de Lisboa, gostava de Sintra de Mafra. A companhia do sogro (D. Fernando II), também não seria do seu agrado, segundo as cartas.
Apesar de o casal real se mostrar apaixonado, faltava a rainha engravidar. Mas apenas um ano após o casamento, D. Estefânia ficou doente, tendo sido internada. A rainha tinha contraído uma angina diftérica numa visita a Vendas Novas, acabando por não resistir à doença. Faleceu com apenas 22 anos. Diz-se que o rei ficou à cabeceira da sua cama dois dias inteiros, sem dormir, enquanto a rainha agonizava.
Após a morte da rainha, os médicos da corte fizeram uma autópsia, mas os resultados apenas vieram a público 50 anos mais tarde, num artigo do conhecido médico Ricardo Jorge. A rainha tinha morrido virgem, sendo essa a razão de não existir um herdeiro de D. Pedro V.
Conhecida como devota e instruída, a perda da rainha foi trágica para D. Pedro V. Cumprindo o desejo da rainha, fundou um hospital com o seu nome, em Lisboa. Com um caráter propenso à angústia e à depressão, o rei refugiou-se no trabalho e no estudo, sendo que apenas a caça o distraía.
E foi pela caça que o rei encontrou a morte, poucos anos depois. Estando D. pedro V em Vila Viçosa, com três dos seus irmãos, numa caçada, todos acabaram por beber água estagnada e conspurcada de um poço ou charca por onde passaram. Pouco depois do regresso, morreu o Infante D. Fernando, seguido do Rei D. Pedro e do Infante D. João.
D. Luís, que iria assim suceder ao irmão, encontrava-se fora, embarcado na corveta Bartolomeu Dias (da qual era comandante), tendo aí recebido a notícia de que era Rei de Portugal.