A Igreja de Cortegaça, também conhecida como Igreja Matriz de Santa Marinha de Cortegaça, destaca-se como uma das igrejas mais encantadoras de Portugal. Situada na vila e freguesia de Cortegaça, no concelho de Ovar, distrito de Aveiro, esta igreja é um exemplo notável de arte e arquitetura religiosa que atrai inúmeros visitantes. A construção atual data de 1910 a 1918, mas as suas origens remontam ao século XII.
A fachada da igreja é inteiramente revestida de azulejos azuis e brancos, com motivos decorativos e figurativos que ilustram santos e cenas bíblicas. No interior, destacam-se os quatro altares, os frescos no teto representando apóstolos e evangelistas, os painéis de azulejos da capela-mor e o impressionante órgão de tubos.
Em 2013, a igreja foi classificada como monumento de interesse público, juntamente com os jazigos do cemitério antigo. Além de ser um marco arquitetónico, a igreja é também um ponto de encontro crucial para a comunidade local, que celebra anualmente o dia da padroeira, Santa Marinha, a 18 de julho.
A história da Igreja de Cortegaça é rica e longa, entrelaçando-se com a própria história da freguesia. A primeira referência documental à igreja data de 1163, quando Garcia Gonçalves legou ao Mosteiro de Grijó o direito de padroado sobre a igreja.
No século XIII, o rei Sancho I concedeu bens à sua amante D. Maria Pais Ribeiro, também conhecida como “a Ribeirinha”, que posteriormente passaram para a sua filha D. Constança Sanches. Esta última doou o direito de padroado ao Mosteiro de Grijó, que o manteve até ao século XIX.
Originalmente, a igreja era provavelmente de estilo românico e possuía quatro altares, seis confrarias ou irmandades e uma torre sineira. No século XVIII, foi ampliada e remodelada em estilo barroco. Contudo, no início do século XX, encontrava-se em ruínas, levando à decisão de construir uma nova igreja no mesmo local.
A nova igreja começou a ser construída em 1910, graças à iniciativa do padre Manuel Pereira e de uma comissão paroquial. A obra foi financiada por subsídios governamentais, donativos dos fiéis e rendimentos das propriedades da igreja. Em 1918, a nova igreja foi inaugurada e consagrada em 1921.
Inspirada na arquitetura neoclássica e neorromânica, a nova igreja tem como elemento distintivo a sua fachada revestida de azulejos. Produzidos na Fábrica Aleluia, em Aveiro, os azulejos representam santos e cenas bíblicas.
No interior, frescos no teto retratam os apóstolos e evangelistas, enquanto a capela-mor está adornada com painéis de azulejos. Em 1993, foi instalado um órgão de tubos no coro alto, construído pela empresa Dinarte Machado, com dois teclados manuais, um pedaleiro e 22 registos sonoros.
Classificada como monumento de interesse público, a igreja é também apreciada pelos seus jazigos no cemitério antigo, exemplares únicos da arte funerária dos séculos XIX e XX, com esculturas em mármore e granito.
O exterior da Igreja de Cortegaça, com a sua fachada revestida de azulejos azuis e brancos, cria um contraste harmonioso com o céu e a paisagem verde envolvente.
Os azulejos incluem representações de santos como São Pedro, São Paulo, São João Bosco, São Francisco de Assis, o Coração de Jesus e o Coração de Maria. A fachada é ladeada por duas torres sineiras simétricas e apresenta três portas principais, cada uma com arcos distintos e vitrais coloridos.
No interior, a igreja tem uma nave única com seis capelas laterais intercomunicantes. O teto abobadado apresenta frescos com as figuras dos apóstolos e evangelistas.
A capela-mor, separada da nave por um arco triunfal, possui um retábulo neoclássico e painéis de azulejos representando “A Última Ceia do Senhor” e a “Pesca Milagrosa”, ambos restaurados em 2017. Outros painéis, como “A Anunciação” e a “Visitação”, adornam as paredes laterais.
Nos últimos anos, a igreja tem-se afirmado como um polo de atração turística, recebendo visitantes de todo o país e do estrangeiro que vêm admirar a sua beleza e história.