Portugal conta com uma riqueza patrimonial que nem sempre é valorizada. Ao longo da nossa história, foram construídos diversos monumentos de relevo, com especial destaque para as construções religiosas, que podemos encontrar de norte a sul do país e que ainda hoje cumprem a usa função de templo religioso.
Algumas destas construções destacam-se pela sua monumentalidade ou pela sua fachada, outras pela riqueza do seu interior. Mas o que é certo é que todas merecem uma visita. São monumentos que passam despercebidos à maioria dos turistas mas que, na realidade, possuem uma beleza inegável e muitas histórias para contar.
No entanto, em Marco de Canaveses, poderá conhecer uma construção religiosa, com grande importância para o município: a igreja de São Martinho de Soalhães, que é, certamente, uma das igrejas mais bonitas do Norte de Portugal.
Esta igreja encontra-se na freguesia de Soalhães e revela-se uma construção religiosa com uma incrível beleza, destacando-se das demais construções do género. O templo encontra-se datado do século XII e foi elevado à categoria de paróquia no século XIII.
A talha parietal da nave desta igreja é de estilo barroco e deve ter sido concebida na década de 30 do século XVIII. Quanto aos apainelados do templo, estes são compostos por 9 painéis figurativos em relevo, separados por elementos em talha dourada, que forram também os paramentos interiores. Do lado do Evangelho, poderá encontrar um arco, também ele com talha dourada, que encima a passagem para a capela de São Miguel.
Dos dois lados da nave da igreja, poderá encontrar um púlpito e, ao fundo, um coro alto, suportado por quatro atlantes. Neste coro alto, existe um varandim, feito por painéis rendilhados em talha e, no subcoro, a talha existente vai encimar os nichos laterais, onde se podem encontrar as esculturas dos atlantes que suportam o coro. Toda a talha presente na igreja está muito bem elaborada, com a visão de conjunto a ter como cores dominantes o dourado e o vermelho.
Os elementos entalhados presentes são típicos de uma temática joanina, podendo observar-se elementos como corações, flores, conchas, anjos e pássaros, para além de elementos vegetalistas e cabeças de serafins. De destacar também a aplicação de uma folha metálica sobre a têmpera original, em muitos casos contornada a preto.
Os painéis figurativos da nave da igreja são dedicados a santos e episódios da Bíblia, como a “Agonia no Horto”, “Nossa Senhora das Dores”, a “Coração de Jesus” e “São Martinho com capa”. Estes painéis apresentam muitas semelhanças entre si, destacando-se pela profusão de personagens e pelas suas vestes ricamente decoradas, com padrões invulgares e coloridos.
A igreja de São Martinho de Soalhães teve como origem um mosteiro do século XII, que foi sede do poder religioso num território de grande importância. Dessa época, apenas persistem o portal principal e o túmulo na capela-mor.
No século XVIII, toda a igreja sofreu uma profunda transformação, tendo adquirido o seu interior ricamente decorado ao estilo barroco, onde reinam a talha dourada e os painéis de azulejo, que hoje podemos admirar. Aliás, não é por acaso que este templo se encontra classificado como Monumento Nacional desde 1977.
A igreja faz também parte da Rota do Românico do Vale do Tâmega, sendo um dos seus mais belos monumentos. Portanto, é um local que merece bem a sua visita, graças à sua beleza incomum e ao seu interior profusamente decorado.
É verdade que pode apreciar belíssimas fotografias deste monumento, mas nada bate a experiência de o conhecer de perto e apreciar com calma todos os seus detalhes!
E já que está em Soalhães, pode aproveitar para conhecer outros pontos de interesse nos arredores. O grande destaque vai para os muitos monumentos românicos da região, com especial relevo para as igrejas e pequenas capelas. Aliás, a Igreja de São Martinho de Soalhães também faz parte desta rota.
Prossiga o seu passeio até às ruínas romanas de Tongóbriga, um dos maiores espaços arqueológicos de Portugal. De seguida, passe por Canaveses, uma aldeia típica repleta de encanto e história.
Um pouco mais longe encontra a belíssima cidade de Amarante, banhada pelo Tâmega. Mas se virar a sul, irá encontrar o rio Douro, já sem os seus socalcos e vinhedos mas sempre a transbordar magia.
UAU! Que bonita!